
Alunos e professores de uma das universidades de maior prestígio dos Estados Unidos, a Stanford University, criticaram a sentença de seis meses dada a um estudante acusado de estuprar sua colega de faculdade durante uma festa enquanto ela estava inconsciente. Críticos dizem que o juiz do caso foi leniente com Brock Turner por não dar a pena de seis anos pedida pelos promotores.
A sentença controversa ganhou repercussão nos Estados Unidos após a carta escrita pela vítima endereçada ao acusado, e lida durante o julgamento, ser divulgada nas redes sociais. Nela, a jovem de 23 anos que teve a identidade protegida, descreve como teve sua vida paralisada pelo abuso sexual provocado pelo rapaz.
"Naquela manhã, me contaram que fui encontrada atrás de um lixo, inconsciente, com o cabelo desgrenhado, o sutiã para fora, o vestido para cima da cintura, nua, com as pernas abertas. Fui penetrada por alguém que não conheço", escreveu. "Fiquei sabendo que você contratou um advogado poderoso, um especialista em testemunhas e detetives particulares para tentar encontrar detalhes de minha vida pessoal para usá-los contra mim e mostrar que este abuso sexual foi um mal entendido".
Como resposta, de acordo com a CNN, o pai do suspeito escreveu outra carta minimizando o crime do filho ao classificá-lo como uma "ação de 20 minutos".

Turner, 20, foi condenado em março a seis meses de prisão por tentativa de estupro de uma pessoa inconsciente, mas sua pena foi divulgada somente nesta segunda-feira (6).
O juiz Aaron Persky, da Suprema Corte do Condado de Santa Clara, afirmou que a idade do acusado e sua a falta de antecedentes criminais o fez sentir que a imposição de uma pena de prisão de seis meses com liberdade condicional é apropriada. Turner também foi registrado como criminoso sexual. "A sentença de prisão teria um impacto severo sobre ele", disse o juiz. "Acredito que ele não será um perigo aos outros".
Sua declaração desencadeou uma série de protestos e manifestações contrárias à pena do suspeito. Mais de 190 mil pessoas assinaram uma petição para retirar o juiz do cargo, pois no estado da Califórnia, o cargo é preenchido por eleições.
Michele Landis Dauber, uma professora da universidade lidera a campanha. "Ele deixou as mulheres de Stanford e na Califórnia menos seguras. A mensagem para mulheres e estudantes é a de que 'você está sozinha', e a mensagem para potenciais criminosos é: 'estou na retaguarda'", disse ao jornal "The Guardian.