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Ex-de Sabrina, João Vicente de Castro diz não ser "muito a favor" de fidelidade e que perdoaria traição

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O ator, roteirista e agora apresentador: "Não sou muito a favor de traição porque não sou muito a favor de fidelidade" (Foto: Daryan Dorneles)

Ele é sócio de uma das maiores empresas da internet, com faturamento estimado em R$ 350 milhões. Só namora mulheres bonitas e começa a trilhar uma carreira à frente das câmeras. O que ninguém sabe sobre o carioca João Vicente de Castro, de 32 anos, é que o homem que faz o país rir com o "Porta dos Fundos" tem uma história nada cômica: perdeu o pai aos 8 anos, não tinha amigos na infância e foi deixado pela mãe em Nova York aos 13 anos.

"Eu era um gordinho chato e complexado", diz sobre a difícil adolescência. Há dois anos, ele deixou o anonimato e a carreira de redator publicitário para fundar com quatro amigos o coletivo "Porta dos Fundos", maior fenômeno da internet brasileira da última década. O canal de vídeos acumula, hoje, 1,3 bilhão de cliques, 10 milhões de assinantes cadastrados e especula-se que vá faturar R$ 350 milhões em 2015.

No mês passado, João deu outro passo importante em sua carreira artística: estreou como apresentador no "Papo de Segunda" (GNT), um programa em que debate, ao vivo, temas que interessam às mulheres com outros três comentaristas: o apresentador Marcelo Tas, o jornalista Xico Sá e o cantor Leo Jaime.

Filho de intelectuais, João, em suas palavras, estava prestes a sucumbir ao “carioquismo, à vida de bar no Baixo Gávea”, bairro boêmio do Rio, quando decidiu mudar para São Paulo, aos 20 anos. Foi a convite do publicitário Washington Olivetto, para estagiar em sua agência. Mas se desiludiu com o mundo das agências. “Não era o que amava.”

O antigo sonho de ser ator falou mais alto, e ele decidiu seguir o conselho de um amigo: “João, na vida, a gente tem que trabalhar com aquilo que faria de graça”. Começou a namorar Cleo Pires, voltou para o Rio e foi trabalhar no "Caldeirão do Huck" como roteirista. Lá, conheceu Antonio Pedro Tabet, o Kibe Loco, com quem fundou o "Porta". O resto da história você já sabe.

Em uma longa conversa com Marie Claire, João contou os detalhes pouco conhecidos de sua história, do fim da relação com a apresentadora Sabrina Sato, com quem diz ainda "falar todos os dias" e revela não ser "muito a favor" de fidelidade, nem de traição. "Nos meus últimos relacionamentos, já mais maduro, fui fiel no sentido moralista, porque era o combinado. Mas penso diferente. Não entendo uma pessoa não deixar a outra ficar com quem queira", explica.

Leia abaixo alguns dos principais trechos da conversa. A íntegra da entrevista está na edição de julho da Marie Claire, que chega às bancas neste sexta (26).

MARIE CLAIRE - O Papo de Segunda é um programa de debate. Que oportunidade ele oferece para um comediante?
JOÃO VICENTE DE CASTRO - O programa é sobretudo um espaço para afirmar o que acredito: um mundo mais democrático, sem preconceito. Sempre emiti opiniões pelo Facebook e pelo Twitter, às vezes crio polêmica. Também quero aprender a fazer algo que nunca fiz: ser comentarista de televisão.

MC - Você está deixando o Porta dos Fundos para trás?
JVC
- Não. O Porta ocupa 90% do meu tempo, é o projeto que mais me dá tesão, meu filho. Além dos vídeos, estou fazendo uma peça [Portátil, de improvisação], séries [as webséries Viral e Refém] e vamos fazer um filme, tudo do Porta.

MC - Como o Porta se tornou uma das maiores produtoras de conteúdo do país?
JVC -
Muita gente pergunta: “Como tiveram essa ideia genial?”. Muita gente pensou o mesmo. A diferença é que a gente investiu. Pegamos um dinheiro que não estava sobrando, pedi demissão da Globo [era roteirista do Caldeirão do Huck]. Logo o primeiro vídeo estourou. Superamos as expectativas, que eram boas, de longe.

MC - Em entrevista, Ian, seu sócio, disse que ganhou 1 milhão de reais no primeiro ano do Porta. Hoje, estima-se que a empresa vá faturar 350 milhões. Quanto você ganha?
JVC -
Não falo quanto ganho. É o tipo de assunto com o qual ninguém tem a ganhar. E os valores divulgados são sempre fictícios.

MC - Você trabalhou como publicitário. Chegou a estudar?
JVC -
Nunca fiz faculdade, detestava o estudo formal. Eu tinha uma coluna na Revista da MTV, o Washington Olivetto leu uma crônica, conhecia minha mãe, encontrou com ela e falou: “O menino não quer ir para São Paulo?”. Estava prestes a virar um carioca de bar, tinha um caminho sem nenhuma pedra ao “carioquismo”, ia virar um ator frustrado do Baixo Gávea [bairro boêmio do Rio]. Senti isso e fui embora. Comecei como estagiário, virei redator, em um ano estava insatisfeito. Embora o ambiente fosse rico, não era para mim. Não amava. Não acreditava naquilo como os bem-sucedidos acreditavam.

MC - Aí você decidiu ser ator?
JVC -
Fiz um curso aos 17 anos, no Rio. Sou amigo do João Emanuel Carneiro [autor de novelas] e lembro dele falando: “Para cada Fábio Assunção tem 3 mil fracassados”. Desisti na época porque sempre quis ganhar dinheiro e ter minha liberdade rápido. Só que quando estava na agência, o ator começou a bater na porta, dizendo: “Você vai ficar frustrado lá na frente”. Era quase uma voz mesmo. Até que um amigo disse: “João, na vida, a gente tem que trabalhar com aquilo que faria de graça”.

MC - E voltou para o Rio?
JVC -
Comecei a namorar a Cleo [Pires], que morava no Rio, falávamos em casar. Me mudei e fomos morar juntos. Um amigo me ligou dizendo que o Luciano Huck estava precisando de gente criativa para o programa. Topei.

MC - Como foi esse começo de namoro com a Cleo?
JVC -
Pensávamos em casar e construir uma família. Mas, como a maioria dos casais, entendemos, em um momento, que não dava mais para ficar junto.

MC - Você é vaidoso?
JVC -
Gosto de roupas.

MC - De moda?
JVC -
Quando você fala em moda, vem uma imagem minha com bolsas Louis Vouitton em Paris. Não é isso. Não gasto dinheiro em roupa. Cresci com uma estilista. Minha mãe me mostrou moda como arte. Quando eu tinha 15 anos, ela disse: “João, chegou a hora”. Perguntei do quê. Ela respondeu: “De você ter a sua primeira jaqueta perfecto”. Eu me visto muito basicamente, mas gosto de botas bonitas, relógios, acessórios. Meu apelido já foi “Terreirinho”, porque usava muitas guias, terços, pulseiras...

MC - Frequentou o candomblé?
JVC
- Despretensiosamente. Fui algumas vezes com amigos.

MC - Você quer ter uma família?
JVC -
Sem dúvida. Quando me perguntavam o que eu queria ser na escola, respondia: “Pai”.

MC - Como encarou as separações de relacionamentos longos?
JVC  -
Costumo sofrer antes de as relações terminarem, quando percebo que  não está dando certo. E sempre tento de tudo. Claro que tem a dor da frustração, mas no geral, quando termino, não sofro muito porque tenho a certeza de que fiz tudo aquilo que pude.

MC - Foi assim com a Sabrina?
JVC -
Sim. Tenho meu momento de sofrer, na hora de dormir e acordar. Mas somos bem amigos. O que não pode é perder o respeito, cagar na saída. Foi difícil, pensei muito, conversamos muito. A Sabrina trabalha muito, eu também. A gente estava sem tempo um para o outro. Dizem que quem quer arruma tempo. Pode ser. Em qualquer lugar que eu encontrar a Sabrina, a gente vai se abraçar longamente.

MC - Já perdoou uma traição?
JVC -
Nunca soube, mas perdoaria.

MC - Já foi perdoado?
JVC -
Já. Mas não sou muito a favor de traição porque não sou muito a favor de fidelidade, tá?

MC - Como assim?
JVC -
Nos meus últimos relacionamentos, já mais maduro, fui fiel no sentido moralista, porque era o combinado. Mas penso diferente. Não entendo uma pessoa não deixar a outra ficar com quem queira. Acredito que, se escolhi alguém para estar comigo, é porque confio que ela não vai me expor, vai ser honesta com seu corpo. Vamos supor que tenho uma namorada, ela vá para a Austrália e conheça o Kevin, use camisinha, tenha uma noite incrível e volte para mim feliz. O que tenho a ver com isso? E a possibilidade de ela se apaixonar pelo Kevin não tem nada a ver com o fato de ficar com ele ou não. E, se ela se apaixonar, que viva a vida. Mas na minha teoria não cabe caso. Muito difícil levar dois relacionamentos ao mesmo tempo. É um ideal, uma utopia, mas tenho pensado cada vez mais nisso.

MC - Tanto a Cleo quanto a Sabrina, além de bonitas, são muito sexy. A sensualidade é fundamental?
JVC -
Não. É muito importante eu olhar aquela mulher e desejá-la mais que tudo na minha vida, sou muito passional. Mas busco uma curadoria, procuro aquelas das quais eu gostaria de ser amigo. Por isso todas as minhas ex são amigas de verdade até hoje. A Cleo é minha brother. Falo com a Sabrina todos os dias. Mas claro que fico louco pela beleza, tenho uma questão com o sexo, gosto da sedução, da inteligência, do jogo.

MC - Você é ciumento?
JVC -
Zero.

MC - O que te deixa inseguro?
JVC -
Esse não é muito meu problema, na verdade.

MC - Como um gordinho sem muitos amigos se tornou um cara autoconfiante que conquista Cleo e Sabrina?
JVC -
Quando vi que não era um pré-adolescente bonito, entendi que precisava desenvolver outras  faculdades, a conversa, para atrair amigos e mulheres. Depois emagreci e uma coisa somada à outra fez com que conseguisse me aproximar das mulheres que desejava.

MC - Você se acha bonito?
JVC -
Não, mas gosto da cara que eu tenho, de parecer com meus pais. Não trocaria por nenhum outro estereótipo de beleza de hoje.

 


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