Desde que estourou com "Cidade de Deus", em 2002, Alice Braga vem mantendo uma sólida carreira no cinema no Brasil e no exterior, onde já atuou ao lado de nomes conhecidos como Will Smith (“Eu Sou a Lenda”), Anthony Hopkins (“O Ritual”) e Matt Damon (“Elysium”). Com mais de 20 longas no currículo e prestes a gravar a primeira série de TV nos EUA, a atriz diz que ainda tem vontade de fazer uma novela.
“Tenho muita vontade de fazer novela, não fiz por data mesmo. É um tempo grande e tinha outros projetos envolvidos quando me chamaram. Faz parte da cultura brasileira, muitos autores e atores que admiro estão nas novelas”, disse à Marie Claire durante uma breve passagem por São Paulo para promover “Muitos Homens num Só”, primeiro longa da diretora carioca Mini Kerti que chega nesta quinta (25) aos cinemas.
No filme, Alice é Eva, uma artista frustrada no casamento que se apaixona por um vigarista famoso na capital brasileira do início do século XX, vivido por Vladimir Brichta –de quem a atriz diz ser fã desde que o viu na peça “A Máquina”, que também revelou Wagner Moura e Lázaro Ramos. “O Vlad é ator muito completo, que vai do drama à comédia de uma forma muito linda. Já era fã e agora quero trabalhar de novo”, elogia.
Inspirado no livro “Memórias de um rato de hotel” (1912), de João do Rio (1881-1921), a trama segue a história de Arthur Antunes Maciel (papel de Brichta), um ladrão de hotéis que usa vários pseudônimos para aplicar seus golpes. Eva, personagem que valeu a Alice o prêmio de melhor atriz no Cine PE em 2014, deixa a vocação artística de lado para se casar com um homem rico, que a proíbe de trabalhar, e acaba se envolvendo com o pilantra. Assista ao trailer:
Para a atriz, que vem de uma sequência de filmes americanos de ação, a personagem apareceu como um desafio. “É bem diferente de tudo que eu já fiz. O primeiro projeto de época que fui chamada para fazer. A postura é diferente, o linguajar. Me encantou o fato de ser uma personagem à frente do tempo dela”, conta Alice, que garante não ter restrições na hora de escolher um novo roteiro.
“Quero fazer tudo, sempre, mas é impossível, então tento conhecer o diretor e me conectar com o roteiro e com a personagem”, diz. Em agosto, a atriz volta aos EUA para filmar “Queen of the South”, sua primeira série para a TV americana. Produzida pela Fox, a atração conta a história de Teresa Mendonza, a “rainha do sul” do romance homônimo do espanhol Arturo Perez-Reverte, uma mulher que deixa o México para escapar da violência do tráfico e torna-se traficante em território americano.
Com um pé lá e outro cá, Alice ainda volta aos cinemas brasileiros e americanos ainda este ano com outros dois títulos: “Tudo Bem Quando Acaba Bem”, ao lado de Ingrid Guimarães, Fábio Assunção e o filho do ator, João, e “By way of Helena”, thriller sobre uma série de assassinatos que estrela ao lado de Woody Harrison e Liam Hemsworth ("Jogos Vorazes").
Com tantos projetos simultâneos, Alice garante que ainda arrumará tempo para continuar filmando no Brasil. “O cinema brasileiro é da onde eu venho, sou muito felizarda de fazer parte do cinema independente.” E mesmo escolhendo projetos de diretores fora dos grandes estúdios, a atriz diz não ter preconceito quanto às onipresentes comédias nacionais que dominam as bilheterias.
“Acho que todo tipo de história é válida. Os blockbusters trouxeram o público brasileiro de volta aos cinemas e isso é muito valioso. Só que não pode faltar investimento no cinema independente também. Não pode ficar tudo só focado no blockbuster porque dá dinheiro. Todos os filmes tem que ter direito a uma boa distribuição, a salas de cinema e a investimento mais que tudo”, diz.