Enquanto nas passarelas, o público se deslumbra com os modelos da temporada de Alta-Costura parisiense de primavera-verão, apresentados por grifes como Chanel, Dior e Giambattista Valli; nos bastidores, as marcas aproveitam o burburinho provocado pela semana de moda para exibir novidades do mercado de luxo.
Na noite do último domingo, a Hermès lançou sua coleção de porcelanas, "Voyage en Ikat" (viagem em ikat), durante um evento no museu Palais de Tokyo. No centro de uma instalação criada pela artista plástica norte-americana Sheila Hicks, foram dispostos pratos, xícaras, tigelas, sopeiras, bules, vasos e talheres que mesclam referências francesas e asiáticas, compondo um serviço completo.
Os desenhos sobre as peças, feitos pelos artesãos da Hermès, são inspirados no processo de tingimento de tecidos conhecido como ikat (palavra que, na Indonésia, significa nó). Nesse método, os fios são tingidos antes de serem tecidos. Ao serem colocados no tear, eles formam imagens fluídas, ao mesmo tempo naturais e abstratas, que ganham características diferentes a depender do país na qual são desenvolvidas.
Transferida para a porcelana, a técnica ikat cria um efeito tridimensional, em cores que aludem às pedras preciosas esmeralda, sáfira e rubi, entre outras, tornando os objetos únicos, verdadeiras joias na cristaleira. Por sorte, eles serão lançados também no Brasil ainda neste ano.
Se de um lado a Hermès elabora belezas para por à mesa, do outro, mais uma tradicional grife francesa conhecida por seus exclusivos produtos de luxo, a Chanel, faz as mulheres brilharem com sua nova linha de alta joalheria.
No showroom na place Vendôme, endereço em Paris conhecido pela farta oferta de pedras preciosas nas vitrines, a marca de Coco Chanel transferiu suas referências para anéis, brincos, pulseiras, colares e relógios confeccionados em ouro, diamantes e materiais como ônix e opala.
Mademoiselle Chanel já era uma estilista conceituada quando assinou suas primeiras joias, em 1932 e, como em outros momentos de sua trajetória, causou polêmica. Primeiro, porque era uma "grande couturière" atuando numa área que não era a sua. Para completar, ela teve a ousadia de apresentá-las em seu apartamento, na rue Saint-Honoré, ao invés de ocupar um espaço na place Vendôme.
Não há exemplares dessa estreia, mas símbolos de sua história aparecem em todos os objetos desenhados pela equipe de designers da Chanel. O laço, por exemplo, é coberto por diamantes em anéis, brincos e numa gargantilha em ouro branco e 519 brilhantes, com vocação para hit fashion. As camélias unem-se às pérolas em brincos e colares. Estrelas formam delicadas constelações em brincos, braceletes, relógios e colares. Por fim, impressionam os leões, em anéis tridimensionais ou como pingentes - o colar em ouro amarelo 18 quilates tem 64 gramas do metal, com 20,58 quilates de diamantes incrustados.
Para ter uma dessas belezas, no entanto, só mesmo indo a Paris, pois elas não chegarão às lojas brasileiras.