Natalie Atkinson, de 24 anos, ainda está terminando o curso na Universidade de Cumbria para ser uma especialista em Investigação e Criminalogia, mas a jovem inglesa tem mais experiência no crime do que muitos de seus futuros colegas de corporação. Natalie foi uma adolescente problemática e sua ficha policial reúne mais de 100 crimes e 50 condenações por assaltos.
A partir dos 13 anos, ela entrou e saiu de incontáveis unidades de assistências a jovens, que não resolviam seus problemas de disciplina: "Hoje me sinto muito culpada pelo meu jeito antigo, mas não havia como controlar. Tinha muitos problemas de raiva e todas as vezes que tinha que lidar com a polícia, pensava que não deixaria que eles me controlassem de jeito nenhum", disse Natalie para a reportagem do site da BBC. A jovem contou também que a maioria dos crimes foram cometidos sob a influência de álcool: "Era um ciclo repetitivo, sempre queria voltar para as unidades de assistância, pois lá era o único lugar em que me sentia segura, sem precisar me preocupar com a vida", falou.
Depois de completar 18 anos, Natalie morou em mais de 25 endereços diferentes. Até que foi pega mais uma vez e levada para uma prisão para mulheres adultas. O histórico de agressões colocou a inglesa na mesma ala de criminosos perigosos, como estupradores e assassinos. Ela perdeu a conta de quantas situações violentas viveu e assistiu na cadeia: "Fiquei deprimida, solitária e com medo. Comecei a me cortar e me tornei uma viciada em um substituto da heroína, chamada Subutex".
A vida de Natalie começou a mudar quando, após cumprir pena, receber o apoio de uma equipe de aconselhamento para jovens infratores. "Saí com as roupas do corpo e nenhuma ajuda para encontrar uma nova casa. Tive a sorte de ainda ter alguns amigos. Os tutores me ajudaram a acreditar que poderia usar minhas experiências de vida para beneficiar outras pessoas. Foi aí que decidi ir para a faculdade".
Conseguir um emprego com um registro criminal não foi fácil. Natalie começou a fazer trabalho voluntário e hoje ajuda sem-tetos e jovens infratores em um albergue. "Quero usar meu passado para ajudar aqueles que estão experimentando as mesmas coisas que eu fiz. Vou me concentrar na justiça restaurativa, em que o infrator é encorajado a assumir a responsabilidade por suas ações, e também proporcionar mais apoio para adultos com problemas para ajudá-los a melhorar, não apenas colocá-los na prisão, liberá-los e esperar que eles voltem normalmente para suas vidas. Precisamos de um sistema de justiça completamente diferente para jpvens de 18 a 25 anos, com os mentores que sejam, de preferência, ex-reclusos", explicou Natalie para a reportagem. "Acho que todo mundo pode usar a sua própria experiência de vida para fazer algo positivo. Quero ser um exemplo para outros jovens infratores".