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Diretor de “Azul é a cor mais quente” comenta o filme sobre o amor entre mulheres e a polêmica em torno das cenas de sexo

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Longa venceu o prêmio máximo do Festival de Cannes  (Foto: Divulgação)

Abdellatif Kechiche já foi acusado de muitas coisas desde que lançou “O Azul é a Cor Mais Quente”, que estreia nesta sexta-feira (6) no Brasil. Maltratou as atrizes, Léa Seydoux e Adèle Exarchopoulos, levando-as ao limite num set rígido e exaustivo; Exagerou no sexo explícito, com várias e longas cenas; foi machista no olhar sobre o amor homossexual. Etc. Etc. Etc.

A verdade é que Léa e Adèle já declararam que Kechiche foi duro, mas não cruel. A própria Adèle, atriz revelação do longa, agradece a chance de ter perdido o exame final do ensino médio para encarnar a protagonista – e ser catapultada, aos 20 anos, ao posto de musa suprema do cinema francês, mesmo ao lado de Léa Seydoux. O filme de Kechiche é bonito, o rosto de Adèle superexpressivo e sua fama instantânea, merecida.

A seguir, os comentários do diretor sobre os pontos mais polêmicos do longa que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 2013. Ao lado de Adèle e dos atores Salim Kechiouche e Mona Walravens, Kechiche esteve em São Paulo para exibir o filme e conversar com jornalistas.

O DIRETOR AO LADO DAS ATRIZES DO FILME  (Foto: Divulgação)

 

A cena de sexo explícito de seis minutos
“Na história do cinema sempre houve esse tipo de reação. Por exemplo, quando mostraram o primeiro beijo, ou o primeiro seio. Espero que daqui a alguns anos, quando a voltarmos a esse filme, vejamos que foi uma polêmica da época. Eu, pessoalmente, acho que essa cena é uma cena de amor trivial. E ela é mais curta do que outras cenas do filme.”

Lésbicas no cinema
“Faço uma alusão a Louise Brooks, em ‘Diário de uma Moça Perdida’, em uma das cenas do filme. Com isso, lembrando o escândalo que foi na época um filme com uma personagem lésbica.”

A reação do público gay
“Não faço diferença entre um público e outro, o francês ou japonês ou russo. Menos ainda entre comunidades. Eu aspiro a banalizar a homossexualidade. A minha vontade é que a gente veja essa história e se identifique com os personagens, pouco importa se somos homens, héteros ou qualquer outra coisa.”

O porquê de tantos closes
“Eu preciso fazer com que a pele vibre. Já trabalhei assim nos primeiros filmes, ‘A Culpa é de Voltaire’ e ‘A Esquiva’. É importante para mim filmar a atriz dormindo, porque no sono ou nas lágrimas ou nos risos é possível mostrar essas expressões. E, se elas me tocam, espero também que isso vai ecoar no espectador.”

As acusações de machismo no modo filmar o sexo
“Essa crítica veio de poucas pessoas que se dizem representantes do movimento homossexual. Eu não entendi o foco delas e achei a crítica vazia, oca e, além de limitada, perigosa. Estão dizendo que há um olhar correto [sobre o sexo entre duas mulheres]? Não concordo. Isso é trancar o amor numa camisa de força. Acho também que esse é o argumento de feministas talvez um pouco agressivas que não suportam a ideia de que um homem possa contar a história de amor entre duas mulheres. Elas devem achar que é um direito exclusivo delas. Eu acho que enquanto artista e diretor, tenho esse direito também e tomo a liberdade de contar essa história.”


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