O cabelo desalinhado e a barba mais comprida de Alexandre Nero em nada lembram o estilo sisudo de Baltazar, personagem interpretado pelo ator na novela global "Fina Estampa" e que voltará à mente do público com a estreia de "Crô - O Filme". O longa, que chega aos cinemas de todo o país a partir de 29 de novembro, é uma continuação da história de Crodoalvo Valério (Marcelo Serrado), um dos destaques da trama global exibida em 2012.
Minutos antes da coletiva de imprensa, realizada em São Paulo, Alexandre conversou com exclusividade com Marie Claire sobre a sensação de reviver o sucesso de Baltazar, assédio e comportamentos femininos e o rótulo de sex symbol - conquistado pelos recentes papeis na TV, pela participação no programa "Amor & Sexo", e claro, pelo novo look.
Marie Claire: Você está preparado para reviver a fama do Baltazar?
Alexandre Nero: Agora sim. Confesso que, na época de “Fina Estampa”, me incomodava muito ser chamado de Zoiudo o tempo todo, principalmente nas ruas. Tanto que, quando a novela acabou, fiz o enterro do personagem com anúncio no jornal e tudo mais (risos). A questão é que eu tinha medo de ser lembrado pelo público por um personagem só. Achava que por ser um papel na novela das oito, jamais conseguiria me livrar dele. Mas ficou tudo bem porque hoje falam muito do Stenio, de “Salve Jorge”.
M.C.: Baltazar é machista, agressivo, no começo da novela até batia na mulher. Ficou surpreso com o sucesso dele?
A.N.: Fico surpreso com qualquer sucesso. Faço sempre o melhor possível, mas não depende só de mim, não é muito questão de como trabalho. Depende de outras pessoas, de outras dimensões. O que mais me surpreendeu neste caso é que no início da trama o Baltazar não tinha nenhum tipo de humor e, mesmo assim, estava entre os três personagens mais queridos da novela.
M.C.: Por quê acha que isso aconteceu?
A.N.: Não tenho a menor ideia. Talvez porque o público misturou a pessoa Alexandre Nero com o Baltazar. Também pode ser pelo lado fetichista, tem muita gente que fantasia com homens durões.
M.C.: Acha que as mulheres estão sentindo falta desse tipo de parceiro?
A.N.: Acho que se estão, há também o outro lado, o do grupo de homens que sente falta das mulheres que ficam em casa, lavando louça e cuidando dos filhos. Isso não significa que todas elas têm que assumir esse tipo de comportamento e que todos os homens devem dar tiro pra cima e arrastar a mulher pelo cabelo.
M.C.: Depois do Baltazar, a sua relação com a comunidade gay mudou?
A.N.: Essa questão sempre foi muito boa, tranquila. Nunca tinha sido assediado por eles, mas após a novela, começou a acontecer bastante. Não sei se é porque falo com naturalidade sobre o assunto ou por muita gente achar que sou gay de verdade, o que não vejo o menor problema, qualquer um pode ser homossexual. O assédio das mulheres também aumentou.
M.C.: E com o Stenio? Continuou sendo abordado por elas?
A.N.: Mudou muito. O perfil das mulheres que me assediavam quando fazia o Baltazar era mais sexual, eu recebia mensagens do tipo “me bate“, “me pega”. Quando interpretei o marido da delegada em “Salve Jorge”, rolou uma aproximação mais infantil. Muitas adolescentes se apaixonaram pelo Stenio, mandavam coraçõezinhos, cartas de amor. Agora, com a minha participação no programa “Amor & Sexo”, me enxergam como um expert. O aproach é completamente diferente.
M.C.: Você gosta desse tipo de mulher, que vai atrás do que quer?
A.N.: Adoro! Mas hoje há uma grande confusão entre estar na moda e ter atitude de verdade. Não é só porque ela chega num cara, que sabe o que quer. Às vezes é só tipo. Gosto da mulher que têm objetivos, que acredita. Se ela sonha em ficar em casa, cuidando dos filhos, quem sou eu para dizer que está errada? Está certíssima! Tem que seguir o caminho que escolheu. Ter atitude é assumir as próprias escolhas, é ser quem você é de verdade.
M.C.: Como consultor do programa “Amor & Sexo”, como definiria um comportamento feminino irresistível e um insuportável?
A.N.: O bom-humor é delicioso, estar com uma mulher bem humorada, seja transando, conversando, tomando uma cerveja, é sempre maravilhoso! Eu não aguento mulher fresca, daquele tipo que reclama que o lugar é sujo, que está chovendo, que vai molhar o cabelo. Eu sou da lama, sou muito da várzea, fui criado em lugares simples. Não me adapto a mulheres refinadas demais, nem a lugares desse tipo. Quando estou num ambiente asism, me sinto muito desconfortável.
M.C.: Você se tornou um sex symbol. Gosta do rótulo?
A.N.: (Gargalhadas) Acho engraçadíssimo! Sempre fui o ex-gordinho. Tudo o que mais quero na vida é ser bonito, o cachê é muito melhor! Mas infelizmente não sou, falam isso por causa dos personagens e eu, como ator, não posso me deixar levar, pois não é em toda novela que quero ser bonito. Mas confesso que estou aproveitando, achando um barato.