
“Me casei aos 23 anos com o meu primeiro namorado, em 1996. Antes de subir ao altar, namoramos por sete anos – ao todo, foram 28 de relacionamento. Tivemos duas meninas lindas, Bruna e Beatriz, hoje com 20 e 11 anos. Em 2016, me separei porque me apaixonei perdidamente pelo meu atual marido, Jorge. Ele é moreno, alto, lindo e tem 30 anos. Era amigo da minha melhor amiga. Logo que saí de casa, mergulhei com tudo nesse novo amor. Apesar de louco para ser pai, ele sabia que eu já me sentia completa em relação à maternidade e isso nunca foi uma questão entre nós.
Depois de três anos juntos, no entanto, por descuido, fiquei grávida. Me vi gerando uma criança aos 45 anos sem nenhum tratamento para isso. E fiquei feliz da vida. Eu e todos da família. Depois da comprovação com o exame de sangue, meu médico solicitou a primeira ultrassonografia. Estava com seis semanas de gestação.
Cheguei ao laboratório com Bruna e Jorge, mais animada do que nunca. Todos loucos para ver aquelas imagens borradas que só quem está dentro da situação consegue ler. Mas minha felicidade rapidamente se transformou em tensão. Diante de nós, a médica, que havia nos recebido com simpatia, fechou a cara. Durante cerca de 30 minutos, movia o aparelho em minha barriga com o semblante muito sério e sem dizer uma palavra. E deu a notícia: tratava-se de uma gravidez anembrionária, segundo ela, que é quando o óvulo fertilizado se implanta no útero da mulher, mas não desenvolve um embrião. De forma seca e direta, pediu que eu procurasse meu médico e fizesse imediatamente uma curetagem para tirar o saco gestacional. Era véspera do Dia dos Pais, meu marido só fazia chorar. Fiquei paralisada, em choque. Voltamos pra casa tristes, totalmente sem rumo, sem saber o que fazer.
- “Minha filha engravidou do meu marido e se casou com ele”
- "Faz pouco mais de um mês que perdi minha filha e tudo ainda parece fora de lugar"
Quando cheguei em casa, minha filha mais nova, que já havia recebido a notícia, havia uma pesquisa na internet sobre o tema. A garota fez um verdadeiro dossiê, reunindo todas as informações possíveis para que eu pudesse ler sobre o assunto. E ali, descobrimos sobre a ovulação tardia, que pode acontecer em mulheres da minha idade. Muito persistente e cheia de esperança, Beatriz insistia que o bebê estava lá, havia vários vídeos falando como isso acontecia. Até fiquei com uma pontinha de esperança.
No dia seguinte, porém, fui ao ginecologista com a ultra na mão e ele me disse que, de fato, realmente não havia feto algum na minha barriga, somente o saco gestacional. Chorei muito. Sabia que seria muito difícil engravidar de novo.
Ele pediu, então, que eu esperasse 15 dias para abortar de forma natural. Fiquei apavorada e pedi para fazer a curetagem. Não queria passar por essa situação de ver o bebê sair de dentro de mim de repente. Preferia ir logo para o hospital.
Mas ele me convenceu a esperar um pouco mais. Nas duas semanas seguinte, vivi os piores dias da minha vida. Toda hora achava que estava abordando, um verdadeiro martírio. Estavam todos totalmente desolado. Somente minha filha mais nova e minha sogra ainda acreditavam que eu pudesse realmente estar grávida.
Depois desses longos dias, resolvi ir ao hospital fazer a tal curetagem. Não sei dizer por que, mas, chegando lá, decidi repetir a ultrassom. Repeti o exame. Na hora que a médica encostou o aparelho em minha barriga, escutamos o coraçãozinho do nosso bebê. Quase cai da maca de tanta felicidade. Meu marido pulava igual criança. Minha filha só me abraçava, emocionada e dizia que tinha certeza que seu irmãozinho estava ali vivo e pronto para vir ao mundo.
Dali em diante, tive uma gravidez serena e tranquila, sem sustos. Trabalhei até um dia antes de dar à luz, nem inchada fiquei.
No dia 13 de março deste ano, nasceu meu filho, Miguel. Lindo, grandão e totalmente saudável, chegou ao mundo de cesariana. Foi emocionante demais ver a carinha linda dele, que já nasceu sorrindo. Meu bebê se tornou a alegria da casa e de toda a nossa família. Sorte a minha de ouvir meu sexto sentido e minha filha, que nunca duvidou da existência de seu irmão.”