Trabalhar em outro país sempre traz aprendizados. Em contrapartida, alguns choques culturais inesperados. Foi isso o que aconteceu com Moro Anghileri. A atriz argentina chegou ao Brasil com o marido e a filha de 4 anos para interpretar a Cristal da novela das seis “Flor do Caribe”. Decidiu deixar uma sólida carreira no cinema para fazer uma novela brasileira. “As novelas brasileiras são grandes e bem produzidas”, afirmou em entrevista a Marie Claire.
Além da batalha com o idioma – Moro tem feito aulas constantemente e até preferiu arriscar a entrevista em português para treinar a língua -, outro desafio foi entender as diferenças culturais. “Há uma grande diferença no jeito de trabalhar”, conta. “Também acho que há uma rivalidade muito grande entre as mulheres brasileiras”.
A polêmica surgiu após veículos noticiarem uma “rivalidade” entre Moro e Grazi Massafera, protagonista da novela. “Nunca fui rival da Grazi. A Cristal, minha personagem, que é de Ester. Depois de ficar chateada com esses comentários é que percebi que isso é cultural e mais forte do que na Argentina. Talvez porque existam mais mulheres do que homens por aqui”, afirmou.
MUITAS EXPERIÊNCIAS
Polêmica a parte, Moro gosta de reforçar que se apaixonou pelo Rio de Janeiro. “No começo, fiquei com medo da adaptação. Minha filha hoje está adorando e espero pegar um pouco desse jeito mais carioca e alegre de curtir a vida”, diz a atriz. No entanto, assim que as gravações terminarem, ela e a família devem voltar para Buenos Aires. “Deixei toda a família e uma estrutura de vida lá. Vou voltar, mas se surgir outra oportunidade, certamente retornaria ao Brasil”.
Assim como Cristal, Moro também tem muitos sonhos. Um deles é rodar seu próprio filme. “Fiz cinema e adoraria dirigir um longa”. Só que, diferente de sua personagem, que almeja a fama, a argentina não quer isso. “O tipo de fama que tenho é muito bonita porque as pessoas não ficam tão em cima e posso ter uma vida normal de andar na rua ou de bicicleta”. Para a atriz, quando o sucesso gera uma pressão, muitas vezes negativa, sobre o ator, é que complica. “Adoro, sim, atuar, contar histórias, fazer os personagens mais diferentes possíveis”.
TUDO PELA ARTE
O convite de Jayme Monjardim, diretor de “Flor do Caribe”, veio após ver a participação da argentina no longa “O Passado”, de Hector Babenco. “Achei que seria difícil vir para cá com a toda a família, mas mudei a minha agenda e antecipei os trabalhos”.
Moro conta que sempre fez personagens muito diferentes e que prefere não ser uma atriz de um personagem só. “Quanto mais diferente, mais legal”. Ela, no entanto, diz que fica incomodada com cenas de nudez. “Se entendo que é preciso, eu faço. Se acho que não é necessário, não aceito”. A argentina diz ainda que acha divertido mudar fisicamente para um personagem. “Vamos nos transformando por ele. Meu marido até brinca: ‘ai meu deus, o que vem pela frente?’”, brinca.
MUY HERMOSA
Os belos cabelos castanhos renderam à argentina o apelido Moro, que em espanhol significa morena, adotado como nome artístico. Mas não são apenas as madeixas que chamam a atenção. A atriz de 36 anos mantém uma boa forma invejável. “Depois do nascimento de minha filha, tive que perder alguns hábitos não saudáveis. Tenho que manter meu corpo para o trabalho”, explica. O que ela faz é não abusar nos carboidratos, não beber muito e fazer pilates.
E o que ela acha da preocupação das brasileiras com a boa forma? “Vocês gostam de se cuidar mais, ir ao salão com mais frequência”, diz. “Mas tem muitas também que se preocupam demais com isso. Acho que não precisa deixar de ser feminina, mas também não se pode ter apenas um pensamento com a estética”.