A estudante norueguesa Amalie Lee, de 20 anos, tem usado as redes sociais de maneira motivacional. Em 2012, ela foi diagnosticada com anorexia e enfrentou uma dura batalha contra a doença até 2014. Agora recuperada e com quase 50.000 seguidores no Instagram, ela compartilha todos os detalhes da sua luta com o intuito de ajudar quem sofre com distúrbios alimentares.
“Passei por uma fase depressiva na adolescência, e a percepção que tinha de mim mesma se tornou terrível. Eu só queria desaparecer”, contou em seu blog.
Segundo ela, o distúrbio alimentar surgiu naquele momento não para que conseguisse alcançar a silhueta de uma modelo, mas como uma maneira de ter mais controle sobre si mesma.
“Estabeleci regras bizarras sobre o que eu poderia comer, quando e onde”, disse Amalie que hoje segue uma dieta de 3.000 calorias para ganhar meio quilo por semana. “Cheguei ao ponto de ter um IMC perigosamente baixo e continuar recusando o tratamento. Eu iria, em breve, acabar em uma cama de hospital.”
Apesar de publicar com frequência as fotos de antes e depois, Amalie prefere não revelar o seu peso da época, sabendo que isso pode funcionar como uma espécie de gatilho para quem passa pelo mesmo problema.
A decisão por dar início ao processo de recuperação aconteceu por conta de uma série de fatores. “Eu não gostava de ver as pessoas preocupadas ao meu redor. As atividades diárias se tornavam cada vez mais difícil e eu acabei me isolando. A ideia de passar o resto da minha vida sozinha, totalmente consumida pela doença, se tornou mais assustadora do que a da recuperação”, conta.
Segundo ela, o transtorno alimentar se tornou uma espécie de identidade. “Não queria ser a ‘garota anoréxica’, eu queria ser eu – estava doente e cansada de estar doente e cansada.”
Ao longo do tratamento, a então estudante de psicologia diz ter pesquisado e aprendido muito sobre o tema. “Com o peso recuperado no verão de 2014, recebi alta – embora tenha levado mais tempo para me recuperar mentalmente. Desde então, tenho mantido o meu peso normal sem maiores recaídas”, garante.
Diante de tanto conhecimento, após muitos estudos sobre os efeitos mentais e físicos da anorexia e da fome, Amalie sentiu a necessidade de compartilhá-lo. “Não podia simplesmente guardá-lo para mim, sabia que tinha muitos seguidores nas redes sociais que lutavam contra o que eu já tinha vivenciado.”
Em alguns posts no Instagram, ela relata situações chave do seu processo. Em uma viagem pela Croácia, em 2013, a jovem recorda ter se alimentado apenas uma única vez em um restaurante com um cardápio repleto de pratos deliciosos. “Pedi legumes no vapor, só isso. Depois de algumas mordidas, percebi que eles haviam acrescentado manteiga. Foi o suficiente para acabar com o meu dia e me fazer surtar, ter um ataque de pânico e começar a chorar. Isso porque comi só dois gramas de manteiga. Achei que fosse me deixar obesa e me envenenar.”
Em outro relato, ela mostra a primeira vez que não entrou em uma calça jeans antiga. “Isso acontece. E aconteceu várias vezes desde o início do meu tratamento. Achei um jeans e ele não me serviu. Eu poderia ter me achado gorda, mas a verdade é que algumas roupas são feitas para não servir. Pare de comemorar quando elas servirem, porque às vezes, para algumas pessoas, perder peso é perder muito mais coisas”, aconselha.
Apesar de expor com bastante consciência todo o processo, ela garante: “Estou documentando desde o início, e é estranho olhar para trás.” Porém, acredita que tem conquistado cada vez mais seguidores por ser “ real e honesta.”