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“Já joguei o salto para o alto e corri atrás de bandido”, diz delegada carioca

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DANIELA TERRA É UMA DAS DELEGADAS RETRATADAS NO REALITY SHOW "MULHERES DE AÇO" (Foto: Divulgação)

Pode correr atrás de bandido de salto alto? Por que não? Ao ler essa frase, você já imaginou um filme policial, sem qualquer semelhança com a realidade? Pois enganou-se. “Estávamos na busca pelo alvo. Quando eu o vi na diligência, não hesitei. Joguei o salto para o alto e sai com a arma em punho atrás dele”, conta Daniela Terra, de 36 anos, delegada-assistente da Delegacia do Campinho (28ª DP), na zona norte do Rio de Janeiro. Outro detalhe: além de estar sempre bem arrumada, ela não dispensa o porta-distintivo cor de rosa para dar um ar mais feminino.

Daniela faz parte de um novo time de delegadas bonitas e competentes, que não abandonam a vaidade nem mesmo em um ambiente tão hostil quanto uma delegacia de polícia. O dia a dia delas será retratado na segunda temporada do reality show “Mulheres de Aço”, que volta à grade da GNT a partir do dia 28 de agosto, às 20h. “Trabalho muito, subo morro, mas nem por isso deixo de ter a minha vaidade e de gostar de fazer as unhas ou ir ao salão”, diz Daniela. “E faz bem ter alguém que valoriza isso dentro de uma delegacia. Os outros policiais passaram até a se vestir melhor depois que vim para cá”.

Há um ano e seis meses nesta delegacia, Daniela já transformou o ambiente. “Decidi criar um espaço para a criança, com brinquedos e livros. Tem tanta família que vem dar queixa e traz o filho junto, quis dar uma cara mais humana à delegacia. Ninguém pode ter medo de entrar aqui”, conta. Esse foi um dos motivos que levou a unidade a ser considerada a melhor delegacia do Brasil, de mais de 100 avaliadas, no último mês de maio. Entre os quesitos analisados estão orientação para a comunidade e tratamento igualitário da polução, condições materiais e de detenção e transparência nos serviços. “Nós, mulheres, conseguimos perceber melhor os detalhes desde a organização do ambiente até na relação com os outros policiais, que também têm seus problemas pessoais e alguns dias não estão tão bem”, afirma.

EM CASA, DANIELA CONFIDENCIA: "NÃO SOU DURONA, SOU MUITO FAMÍLIA" (Foto: Divulgação) (Foto: Divulgação)

DURONA EM CASA?
“Só no trabalho, em casa, não. Sou totalmente família e ainda me choco com tanta coisa que já deveria ter se tornado habitual para mim”, diz Daniela. ”Se você levar para casa aquilo que vê no dia a dia, fica maluca”. A delegada tem a família tradicional de propaganda de margarina: marido, dois filhos e dois cachorros. “Meu marido passou pela fase antes e depois de seu me tornar delegada. Mudei bastante, confesso, mas ao mesmo tempo ele mostrou que é um homem de valor. Tem muitos que não conseguem ver uma mulher em um cargo de poder”.

E ele teve que se acostumar com a rotina da mulher que vai de estar armada 24 horas por dia a sair de madrugada para uma operação. “Muitas vezes, uma operação, por ser sigilosa, não tem hora marcada e tenho que sair, independente de onde esteja”, conta. “E me transformou, saio toda armada. Antes era mais difícil, agora eles se acostumaram”.

Quando chega em casa, no entanto, a rotina é de uma mãe como outra qualquer, que precisa se desdobrar em mim. Tem que se preocupar com a lição de casa do filho e com a organização da casa. “Pode escrever: outro dia tive que fazer uma peteca com meu filho. E para achar a pena? É mais fácil encontrar uma galinha do que pena para fazer peteca”, brinca. Tempo para cuidar de si mesma? Quase nenhum. “Adoraria falar que vou na academia, faço isso ou aquilo, mas não. Não tenho tempo para nada”.

SER BONITA ATRAPALHA? "NÃO, SEI ME IMPOR", DIZ A DELEGADA DANIELA (Foto: Divulgação)

ACADEMIA DE POLÍCIA
Desde a delegada Helô, personagem de Giovanna Antonelli em “Salve Jorge”, o universo policial regido por mulheres conquistou as graças do grande público. “Nasci para fazer isso, não teria outra profissão”. Daniela já estava formada em Direito quando decidiu prestar o concurso para delegada. “Acho que, em um primeiro momento, minha família torceu para que eu não passasse”, brinca.

Há seis anos ela é delegada, mas ainda há coisas que a tocam demais, como os casos de abuso sexual. “Um dos que mais me tocou foi logo que comecei. Uma criança com lábios leporinos, que não conseguia nem falar direito, e foi abandonada em um posto de gasolina”, conta. “Ela tinha três anos e sofria de maus tratos. Quando chegou na delegacia, me envolvi de uma forma... queria adotar todas que apareciam, mas não podia”. Daniela conta que ficou acompanhando a rotina da criança por muito tempo. “Fiz de tudo para descobrir quem a tinha abandonado. Estava louca para prendê-lo”.

A decisão de participar de um reality show com mais três delegadas foi muito bem pensada. “Acho importante a polícia civil mostrar um pouco da realidade. As pessoas não têm conhecimento de como funciona uma investigação e de como nos envolvemos”. Será, no entanto, que o rótulo de “delegada gata” causa problemas? “Sempre tem aquelas pessoas que não acreditam e dizem, com certo menosprezo, ‘ah, você é a delegada?’. Tem que saber lidar, se impor e colocá-los no lugar deles”. Mas nada de gracinhas porque ela não gosta. Palavra de delegada.

HÁ CASOS QUE AINDA TOCAM MUITO A DELEGADA, PRINCIPALMENTE OS DE ABUSO SEXUAL (Foto: Divulgação)

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