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Ex-modelo canadense relembra horrores da guerra ao enfrentar Estado Islâmico na Síria

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A ex-modelo Tiger Sun durante os meses em que combateu na Síria e em foto no Canadá (Foto: Reprodução / Facebook)

Uma ex-modelo canadense que deixou o conforto de sua casa para lutar contra o Estado Islâmico na Síria, relatou os horrores que testemunhou nos quatro meses que passou na linha de frente do conflito.

Tiger Sun, de 46 anos, contou ao diário britânico Daily Mail ter visto uma menina morrer após ser atingida por uma mina terrestre –porque os curdos não dispunham de atendimento médico- e ter pisado em um dedo humano, sem encontrar o corpo ao qual pertencia.

A ex-modelo se juntou ao grupo curdo YPJ, uma milícia feminista que protege a população curda, enfrentando os jihadistas do Estado Islâmico por quatro meses. Ela teve que deixar a Síria após suas pernas não aguentarem mais o peso do equipamento que carregava e a falta de nutrição forçarem ela a voltar para o Canadá.

Tiger disse que, embora as mulheres lutem lado a lado com homens, relações sexuais podem acontecer, embora tenham que ser mantidas em segredo. A ex-modelo disse que, durante a batalha, era tratada de igual para igual pelos homens.

“Eu vi coisas que eu nunca imaginei que veria. Eu pisei em um dedo uma vez –ele estava carbonizado e dobrado em um ângulo estranho. O corpo não estava no local”, conta Tiger. “Vi uma menina morrer de ferimentos causados pela explosão de uma mina terrestre porque os curdos não tinham tratamento medicou ou equipamento para tratá-la.”

A ex-modelo pronta para a batalha: “Para ser honesta, os corpos não me assustavam. Os amigos que perdi me deixaram um pouco triste e a injustiça que testemunhei me revoltou"   (Foto: Reprodução / Facebook)



Tiger, que nasceu em Zambia, em Vancouver, no Canadá, disse ter decidido se juntar às tropas de resistência na Síria após o ex-namorado libanês terminar a relação com ela para se casar em uma união arranjada.

Ela também disse ter visto uma propaganda do Estado Islâmico mostrando John McGuire, um jihadista convertido de Ottawa, o que a fez decidir lutar.

Em 1º de março, ela deixou para sua filha já adulta de uma relação anterior e voou para o Iraque, por onde conseguiu chegar à Síria. Sem treinamento militar, a não ser o de tiro, ela foi mandada direto para a linha de frente da batalha.

“Se eu vi violência? Se eu vi o Estado Islâmico matar pessoas inocentes? Sim, eu estava em guerra. Eu os vi tentando nos matar. Nós tivemos que matar militantes, é sobre isso. Na verdade, é tudo muito simples”, disse. No vídeo abaixo, a ex-modelo mostra um tiroteio na Síria.



A ex-modelo disse que almoçar perto de uma pilha de corpos não era problema. “Para ser honesta, os corpos não me assustavam. Os amigos que perdi me deixaram um pouco triste e a injustiça que testemunhei me revoltou.  Eu chorava um pouco, mas você tem que aceitar que isso acontece numa guerra. É a realidade nessas circunstâncias.”

Em junho, o grupo em que a canadense estava tomou o controle de Tal Abyad, uma cidade no norte da Síria perto da fronteira com a Turquia – de onde o Estado Islâmico exportava bens e combustível para o leste do país.

Tiger conta que, na batalha, uma mulher  que lutava ao seu lado matou 28 jihadistas, embora, afirma, ela mesma não tenha matado ninguém.

A ex-modelo diz que não sofreu assédio sexual e não se sentiu objetificada por ser tratada “como qualquer outro soldado”, já que homens e mulheres eram tratados iguais na linha de frente do conflito.


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