Laverne Cox, atriz transgênero que interpreta a personagem Sophia Burset na série "Orange Is The New Black", usou sua conta no Tumblr para celebrar a capa da revista Vanity Fair em que o ex-atleta olímpico Bruce Jenner aparece pela primeira vez como mulher, mas lembra que a luta pela igualdade de direitos transgêneros ainda é longa.
Há quase um ano, Laverne, que também é advogada e ativista, estampou a capa da revista Time e, assim como Jenner, foi muito elogiada pela beleza e pela vitória simbólica que aparecer na capa da publicação representava.
Mas no post publicado na rede social, nesta terça (2), a atriz enfatizou que uma mudança de gênero é muito mais que uma transformação física e, apenas celebrar a beleza feminina pode ser prejudicial à causa dos transgêneros.
No texto, Laverne diz que espera que o papel de trans como ela e Caitlyn Jenner, nome adotado por Bruce, possam ser vistas como algo mais que apenas mulheres bonitas. “Em certa medida, acho que eu acabei incorporando os padrões normativos de beleza”, escreveu, segundo o site Mic.
“Eu adoro fazer um ensaio fotográfico e criar imagens inspiradoras para meus fãs, para todos e, acima de tudo, para mim mesma. Mas também espero que meu talento, minha inteligência, meu coração e espírito também atraia, inspire e encoraje pessoas a pensarem mais criticamente sobre o mundo ao redor delas”, diz Laverne.
Ao falar sobre seu próprio caso e o de Caitlyn Jenner, a atriz diz que teme que pessoas como elas acabem sendo “fetichizadas”. “Sim, Caitlyn parece incrível e linda, mas acredito que o melhor dela é sua alma e coração, a maneira como ela permitiu que o mundo visse suas vulnerabilidades. O amor e dedicação que teve por sua família e eles por ela. A coragem para transformar o passado de negação em uma verdade tão pública. Estas coisas estão além da beleza para mim.”
Laverne também lembra que, diferente dela e de Caitlyn, muitos indivíduos trans não têm acesso aos mesmos recursos durante sua transição de gênero e nem tanto apoio do público. Outros homens e mulheres trans, ela diz, ainda vivem num grupo muito vulnerável da sociedade.
“Muitos companheiros trans não têm os mesmos privilégios que eu e Caitlyn temos. São esses que precisamos continuar a ajudar ainda mais, dando a eles acesso à saúde, empregos, moradia, segurança e escolas. Devemos apoiar as histórias dos que estão em situação de risco, os que estatisticamente são negros e das camadas mais pobres da população.”