Com mais de seis décadas de existência, o Festival de Cannes é uma das mais importantes premiações do cinema mundial. Depois de 13 dias de evento, a 68ª edição do ‘Oscar francês’ se despediu dos holofotes, neste domingo (24), com a entrega dos prêmios. O evento deixou muita gente com gostinho de quero mais, e não é só por conta dos vestidos belíssimos das celebridades que circularam por lá. A luta das mulheres por maior representatividade no mundo cinematográfico, tema muito discutido nos últimos tempos, chegou à cidade francesa e até provocou uma inquietação em relação ao dress code feminino do tapete vermelho.
De "Mad Max: Estrada da Fúria" ao documentário sobre Amy Winehouse, separamos os principais destaques no maior estilo girl power.
"La tête haute" (Standing Tall)
O longa da cineasta francesa Emmanuelle Bercot deu início à maratona de premières, na quarta-feira (13), marcando a história do festival, que há 28 anos não abria o evento com um filme dirigido por uma mulher. O longa, que conta a história de uma juíza de menores (Catherine Deneuve), que tenta salvar o jovem Malony (Rod Paradot) do mundo do crime, não estava participando da competição ao prêmio Palma de Ouro 2015, mas isso não tirou o brilho de Bercot.
A diretora saiu de trás das câmeras, estrelou no filme “Mon Roi” - também dirigido por uma mulher, a diretora Maïwenn -, e levou o prêmio de Melhor Atriz. O resultado, aliás, foi uma surpresa, já que o júri, presidido pelos irmãos Joel e Ethan Coen, decidiu dividir a estatueta entre Bercot e Rooney Mara, que interpretou o par romântico de Cate Blanchett em “Carol”.
Mad Max: Estrada da Fúria
Apesar de também ter sido exibido fora da competição em Cannes, o filme causou excitação na plateia. Esqueça Tom Hardy, no papel de Mel Gibson no clássico de 1985, Charlize Theron roubou a cena do protagonista ao interpretar Furiosa, uma guerrilheira que tenta salvar mulheres escravizadas e guardadas a sete chaves pelo tirano Immortan Joe.
Em um filme marcado por muita testosterona, mortes e carros que são verdadeiras máquinas, Furiosa coloca Max, literalmente, no banco do carona e luta com muita gente até chegar ao seu objetivo final. Ainda, com interpretação das modelos Abbey Lee, Rosie Huntington-Whiteley e Courtney Eaton; e das atrizes Riley Keough e Zoë Kravitz, de ‘donzelas indefesas’, as moças resgatadas não têm nada. Juntas, defendem umas as outras e acabam mostrando personalidades marcantes.
O filme chamou a atenção de uma pequena associação de "ativistas pelos direitos dos homens". O MRA (Men's Rights Activists) se sentiu ofendido com a liderança feminina e considerou o longa feminista. Durante a coletiva em Cannes, Charlize Theron explicou que o diretor não pensou em produzir um filme propositalmente transgressor: “George Miller sabe que as mulheres são tão complexadas e interessantes como os homens. Por isso, o filme saiu assim, naturalmente poderoso e feminista”, disse.
Carol
Dois anos após a Palma de Ouro consagrar o filme “Azul é a Cor Mais Quente”, uma nova história apaixonante entre duas mulheres ganhou a plateia do festival deste ano: o longa de Todd Haynes, “Carol”. O filme conta a história de um amor lésbico entre uma jovem que trabalha em uma loja de departamento e uma mulher mais velha e casada - detalhe, nos anos 1950. Rooney Mara - que levou a estatueta de Melhor Atriz - e Cate Blanchett, respectivamente, estrelam o filme, que, apesar de não ter ganhado na categoria principal, levou o Queer Palm 2015, prêmio que homenageia filmes de temática homossexual.
De Amor e Trevas
Estreia de Natalie Portman na direção, “De Amor e Trevas” é baseado no livro de mesmo título sobre as memórias do escritor e jornalista Amos Oz, reunindo momentos da juventude do autor durante os anos em que viveu em Israel. Além de comandar a direção, a atriz também estrela o longa interpretando a mãe do jornalista, Fania, que se suicidou quando Oz tinha apenas 12 anos.
Amy
Quatro anos depois da morte de Amy Winehouse, o cineasta Asif Kapadia -
conhecido por ter produzido o documentário sobre Ayrton Senna - apresentou seu novo trabalho. O filme, apesar de ter recebido uma recepção calorosa no Festival de Cannes, provocou duras críticas por parte da família da cantora, por conter informações "enganosas". O tributo à artista, que morreu em 2011, aos 27 anos, ainda não tem previsão de estreia no Brasil, mas promete comoção nos cinemas.