Na última terça-feira (12), Ricardo Barbato, que se apresenta como “lifestyle coach”, foi detido no Parque Ibirapuera, em São Paulo, por exercício ilegal da profissão de educador físico. Namorado da blogueira fitness Gabriela Pugliesi, o rapaz, que não tem nenhuma formação, ministra diariamente aulas de educação física no local. Horas depois do ocorrido, ele usou as redes para agradecer os apoiadores e reprovar as críticas. Indignada, a nadadora pernambucana Joanna Maranhão, que tem formação superior na área, decidiu se manifestar, mas foi bloqueada pelo casal.
“Realmente existe essa cultura de pessoas não graduadas que dão aula”, garantiu a atleta em entrevista à Marie Claire. “Mas eu não concordo com isso. Dentro da faculdade, entendi que a educação física é muito mais do que ter um corpo legal e ter percentual de gordura baixo. Eu acho essa postura mercadológica demais. Então, me posicionei. Acho que é preciso frear essas situações.”
Joanna aproveitou para responder Ricardo por meio do aplicativo Snapchat. Segundo ela, o rapaz vinha publicando vídeos dizendo que “as pessoas estavam muito preocupadas com o que ele ganha, porque ele é muito bom.” “Mas ele simplesmente deletou o que eu mandei e ainda me bloqueou. Decidi então comentar no Instagram da Gabriela Pugliesi, mas ela fez o mesmo”, contou.
No comentário, Joanna desmentia algumas informações divulgadas pelo “coach”. “Pessoas como você sempre vão existir, procurando brechas na lei para fazer o que está errado, o que é antiético”, escreveu.
Além disso, Joanna diz achar injusto o fato de uma pessoa sem formação ministrar aulas caríssimas. “Os valores são dignos de professores que têm mestrado, que passaram anos na faculdade. E o cara vai lá e cobra a mesma coisa, só por que ele tem fama em rede social?”, questiona a nadadora. “Ele pode até ser um bom professor, mas só se for formado.”
E acrescenta: “Ele fala também que tem que ter uma avaliação periódica dos profissionais. Eu concordo com isso e não me sinto ameaçada. Hoje, ainda atuo como atleta, mas quando entrar no mercado de trabalho, não tenho dúvidas de que vou ter emprego, ter alunos e mostrar um bom trabalho. Existe o estereótipo da professora de perna grossa e gostosona e do professor sarado, que diz saber de musculação. Precisamos legitimar a área e desapegar dessa ideia.”
O excesso de preocupação com o emagrecimento, suplementação e produtos para perder peso é o que mais incomoda a atleta.
“ELE REALMENTE NÃO TEM CONHECIMENTO DA ÁREA”
Joanna não segue Barbato - nem Pugliesi - nas redes sociais, mas pelo pouco que já leu sobre o “lifestyle coach”, não hesita em afirmar: “Ele realmente não tem conhecimento da área”.
“Ele não tem capacidade de fazer uma aula inclusiva, por exemplo, por não conhecer todos os públicos. Ele está fechado no método dele e oferece aulas apenas para quem não tem lesão, para pessoas saradas e que estão lá pela estética. Ele exclui quem tem sobrepeso, está na terceira idade ou com qualquer tipo de deficiência. E tudo isso são coisas que você aprende na faculdade”, diz.
Segundo ela, especialistas em biomecânica também já avaliaram vídeos das aulas do rapaz e notaram alunos executando movimentos de maneira errada e que poderiam causar lesão.
“Mas não quero que me coloquem como heroína. A minha opinião é igual a de muitos outros profissionais. Não quero vestir a carapuça de justiceira.”, finaliza.
Barbato foi procurado pela reportagem, mas a assessoria respondeu, em nota, que ele “não tem o que falar sobre as críticas”. “Ele não quis, em nenhum momento, discutir com ela, muito menos desrespeitá-la como atleta.”