KIKA SATO RAHAL Na idade da filha famosa, a psicóloga paulista, de 62 anos, já estava casada há quase 10, após enfrentar o pai, um imigrante japonês severo, que não queria saber de envolvimento das filhas com brasileiros. Está casada com o também psicólogo Omar Rahal, o colega de escola por quem se apaixonou, há 37 anos. Os dois casaram com ela grávida de três meses da primeira filha, Karina, sem que o pai soubesse. Além das duas, é mãe de Karin, 32, e avó de Felipe, 1. Veja o que ela pensa sobre:
“Meu pai era imigrante japonês e o pior pesadelo para ele era que uma de suas três filhas se envolvesse com um brasileiro. Tive que enfrentá-lo e foi muito difícil que aceitasse o Omar, o colega de escola por quem me apaixonei. Papai sempre nos manteve na rédea curta para que casássemos virgem – coisa que, claro, não aconteceu comigo. Namorei o Omar por sete anos, estávamos de casamento marcado. Fui uma noiva grávida de 3 meses, mas meus pais só souberam disso quando já estava de aliança no dedo.”
“Quando me casei, há 37 anos, acreditava em amor eterno, que os casamentos tinham que ser mesmo até que a morte separasse o casal. Hoje compreendo que nem toda relação tem que ser para sempre, porque é difícil estar ao lado de alguém por tantos anos. Sou feliz com meu marido, mas se não tivesse dado certo, não teria problema em me separar. Só acho que não conseguiria casar de novo. Ia ficar sozinha, cuidando dos meus filhos.”
“Meus filhos são meu maior orgulho. Nunca teria coragem de fazer um aborto, por mais difícil que fosse levar a gravidez para frente. Não condeno as mulheres que já fizeram, mas acho que deve ser algo tão agressivo e traumático... Por isso sempre incentivei minhas filhas para que se cuidassem e não tivessem uma gravidez indesejada. Quando começaram a namorar, fiz questão de levá-las ao ginecologista, para que tivessem toda informação possível antes de começar a vida sexual.”
“Vejo que as mulheres conquistaram muita coisa, mas no final, só ficamos sobrecarregadas. O feminismo mudou a gente, mas não os homens. Ganhamos espaço no mercado de trabalho, mas quando chegamos em casa, temos que cuidar da casa, dos filhos. Ainda é uma obrigação feminina. Eduquei meu filho para que não fosse assim. O Karin sempre cumpriu as mesmas tarefas domésticas que as irmãs e sabe cozinhar muito bem.”
SABRINA SATO Quem vê Sabrina Sato levantando multidões quando entra nos sambódromos do Rio e São Paulo, não imagina que ela seja tímida na cama, como revelou em entrevista a Marie Claire. Aos 34 anos, a apresentadora do “Programa da Sabrina”, revelada na terceira edição do “Big Brother Brasil”, namora há dois o comediante João Vicente de Castro e faz planos de ter filhos num futuro próximo. Veja o que ela pensa sobre:
“Sempre estou bêbada ao transar pela primeira vez com alguém [risos]. E só funciona assim porque sou travada sexualmente e fico com muita vergonha... Levo um bom tempo para me sentir à vontade e acho que os caras devem achar que sou péssima de cama se tomarem a estreia como base. Tenho 34 anos e nunca tive uma fase de ‘passar o rodo’, de pegar todo mundo. Um amigo gay sempre me diz: ‘Se tivesse nascido no seu corpo, ia fazer uma arrastão nos boys magia do Leblon’ [risos]. Não é que eu seja uma mulher difícil, mas são os homens que me escolhem e me ganham pela insistência. Gosto de ser conquistada, de ver o cara insistindo meses para sair comigo.”
“Gosto do João e quero passar muito tempo com ele. Mas sempre questiono se existe casamento que dure para sempre. Nunca estive em uma história tão madura. Com outros namorados, tinha mania de deixar para lá coisas que me chateavam e, quando me dava conta, estava de saco cheio do cara. Com ele, aprendi a me impor mais, a falar ‘não’ para o que me desagrada. Em troca, acho que o ensino a ser mais leve, menos ‘toma lá, dá cá’. Conversamos o tempo todo e, quando um de nós pisa na bola, colocamos tudo em pratos limpos na hora. Não temos nenhuma mágoa guardada. Isso me deixa muito orgulhosa da nossa relação.”
“Não tenho a menor dúvida de que serei uma mãezona. Estou treinando muito esse lado maternal com meu sobrinho [Felipe, de 1 ano, filho da irmã e empresária Karina Sato], mas foi justamente ele que me fez perceber que não posso ter um filho agora. Minha vida é uma loucura, trabalho de 12 a 14 horas por dia. Não conseguiria cuidar de um bebê e me recuso a ser uma mãe ausente. Por isso quero congelar meus óvulos e já liguei para meu médico para saber como funciona essa história. Quero esperar uns quatro ou cinco anos, seria o ideal. Estaria com quase 40, mas teria uma garantia de que não seria tão difícil engravidar. Ainda quero desfilar grávida no sambódromo.”
“Minha avó, Luiza Sato, foi a pessoa mais incrível que conheci. Dona de uma loja de roupas em Penápolis (SP), ela adorava receber os amigos e clientes em casa, com cafezinho e biscoito de pinga, que era a especialidade dela na cozinha. Ela também tinha uma gargalhada escandalosa e, em plena ditadura, era considerada ‘prafrentex’ demais pela quantidade de amigos gays que tinha. Acho que estou cada vez mais parecida com ela. Tenho certeza que vou viver muito e morrerei velha feito uma tartaruga. Quero reunir as amigas para jogar baralho e viajar com elas para Paris.”
CLAUDIA OHANA Ela atuou em 19 novelas e 18 filmes. Aos 51 anos, a atriz carioca continua sexy e com jeito de menina – apesar de já ser avó de dois netos. Entre 1981 e 1984, foi casada com o cineasta Ruy Guerra, pai de sua única filha, Dandara, 31. Teve outros seis casamentos e agora está solteira, desde o término do último, de quatro anos, com o fotógrafo Yussef Kalume. Saiba o que ela pensa sobre:
“Sempre busquei um par e vivi paixões que me faziam levantar da cama explodindo de felicidade. Nunca mudei nesse aspecto. Aos 31 anos, idade da minha filha, estava casada com o compositor Zé Ricardo. Nos separamos, mas somos grandes amigos.”
“Casei-me sete vezes, nunca no papel. Em uma futura relação acho que vou formalizar, só para fazer diferente. Aos 31 anos, acreditava que tudo deveria ser dito em um casamento: se pintasse desejo por outra pessoa ou algo a mais, aquilo deveria ser discutido com o parceiro, sem segredos. Hoje, penso de outra forma. Tem coisas que são somente nossas. Mesmo quando estamos apaixonados, podemos sentir atração por outras pessoas – e isso não significa que o amor acabou na relação. Então para que bombardear o outro com essas questões? Para que deixá-lo inseguro?”
“Tinha 20 anos quando engravidei da Dandara. Eu era jovem e foi uma coisa meio inesperada. Morava na França com o Ruy e lá o aborto é legalizado, poderia ter feito se desejasse. Mas preferi seguir com a gestação, sentia-me madura, o pai estava ao meu lado. Acho uma coisa horrorosa que no Brasil a mulher seja privada desse direito de decidir se quer ser mãe ou não. Acontece cada tragédia por causa desse moralismo.”
“Fui uma adolescente na década de 70 e senti muita liberdade na de 80 – até pelo movimento feminista ter sido tão colado aos anos anteriores. As mulheres podiam experimentar mais, viver seu desejo sem serem chamadas de promíscuas. Pelo menos era assim no meio em que eu vivia. Tenho a impressão que agora as coisas regrediram. Acho que a AIDS encaretou a sociedade. Está todo mundo menos aberto, julgando aqueles que vivem sua sexualidade de forma plena.”
DANDARA GUERRA A carioca de 31 anos é atriz como a mãe, Claudia Ohana, e cineasta como o pai, Ruy Guerra. Está no segundo casamento, com o ator Álamo Facó, com quem teve o pequeno Arto, 2 anos. Da primeira união, com o músico Rafael Rocha, nasceu seu filho mais velho Martin, de 9. Veja o que ela pensa sobre:
“Minha mãe sempre foi muito romântica, eu não. Era criança quando meus pais se separaram, então cresci achando natural que um dia o amor acaba e essa história de ‘felizes para sempre’ é para os contos de fadas.”
“Estou em meu segundo e nunca me casei no papel porque não faz o menor sentido para mim. Meu marido e eu estamos juntos há 5 anos, mas passamos por uma crise em 2013 e ficamos alguns meses separados. Nos reconciliamos há quase um ano e achamos que seria bom para a relação que cada um tivesse sua casa. A parte gostosa é que voltamos a namorar – coisa que quase não acontecia quando morávamos juntos e tínhamos uma rotina. Mas as vezes nos perguntamos se faz sentido continuarmos gastando essa grana toda para manter duas casas.”
“Nunca sonhei com príncipe encantando, mas sempre quis ser mãe. Por causa de um vacilo, engravidei aos 18 anos e decidi abortar. Era muito jovem e o namoro com o pai da criança já estava acabando. Foi um momento complicado, mas pude contar com todo apoio da minha mãe. Dois anos depois, tive outra gravidez inesperada, mas desta vez super bem-vinda. Por tudo o que havia passado, sentia-me mais madura e aquele parecia o momento certo.”
“Mesmo com as conquistas feministas, acho um absurdo que alguns padrões equivocados ainda estejam colados às mulheres. Aquelas que transam quando têm vontade não prestam, enquanto o que se espera do homem é que saia ‘pegando’ geral. Cuidar da casa e dos filhos para a mulher é uma mera obrigação, já o homem que divide as tarefas domésticas ou troque a fralda do filho é visto como um herói.”
REGINA CASÉ Aos 61 anos, a apresentadora e atriz recorda que fazia sua primeira viagem para fora do Brasil na idade que a filha Benedita tem hoje, 24. A ida a Paris era para receber um prêmio Molière pela atuação na peça “Trate-me Leão” (1977), na qual foi dirigida pelo primeiro marido, Hamilton Vaz Pereira, de quem estava, então, se separando. Regina se casaria outras duas vezes: com o artista plástico Luiz Zerbini, pai de Benedita, com quem ficou 10 anos e, há quase 20, com o diretor Estevão Ciavatta. Em 2013, os dois adotaram o pequeno Roque, de 2 anos.
“Conheci o Hamilton [Vaz Pereira, primeiro marido] junto com o Asdrúbal [Trouxe o Trombone, grupo de teatro que Regina fez parte no final dos anos 70]. Acho que nossa união foi o ingresso juntos na vida adulta, tanto emocional, quanto profissionalmente. Teve algumas fases que deixamos a relação mais aberta. Mas não era só a nossa relação que era aberta: a de todo mundo que eu convivia também! Acho engraçado que muita gente acha esse modelo de relação tão moderno e era tudo em 1970! As pessoas estão mais caretas, acho que estamos precisando de outro desbunde como aquele. A relação aberta ainda é algo revolucionário porque é muito difícil, ninguém é feliz o tempo todo. Às vezes, a gente se machucava. O que os casais fazem são tentativas. É muito difícil ser monogâmico também.”
“Me casei de véu e grinalda aos 45 anos, parece piada. Com dama de honra, no cartório e na Igreja. Se eu tivesse ido a uma cartomante aos 25 anos, e ela me dissesse que eu me casaria aos 45, eu iria dizer que ela era uma louca, uma charlatã. Me casei porque o Estevão pediu. Sempre achei vestido de noiva lindo, mas talvez se eu falasse isso publicamente, estava ferrada. E foi bacana, porque depois de ter me casado – entre aspas – com tanta gente, eu e o Estevão namoramos um ano, ficamos noivos outro e ele só foi morar comigo e a Benedita depois de casados. Foi bom para mostrar ao mundo que aquilo que estava acontecendo entre nós dois não era uma coisa passageira. Era algo que queríamos para a vida toda.”
“Eu já estava com o pai da Benedita [o artista plástico Luiz Zerbini] há sete anos quando engravidei. A gente se divertia e viajava muito. Não planejava ser mãe, mas já estava com 34 anos e aí não tive a menor dúvida. Eu não tinha o menor interesse na maternidade. Mas se você me perguntar hoje qual a melhor coisa que eu faço, vou responder que é ser mãe. Com o Estevão, sempre soube que ele sonhava em ser pai, ele cuida de todo mundo. Brincava que ele seria pai sozinho, e ele respondia: ‘Tudo bem, serei o pai e a mãe’. O Roque tem 2 anos e eu me vi trocando fralda como uma mãe de primeira viagem.”
“Durante toda minha vida, até pela minha conduta acabei tendo atitudes feministas. Sempre fui independente economicamente – dos pais muito cedo e nunca de maridos, o que não era comum entre as mulheres da minha geração. Até em questões bobocas é possível perceber o quanto a mulher ainda é cobrada. Um homem pode usar o mesmo terno por anos para ir às festas e ninguém irá apontar o dedo para ele. Agora vai a mulher repetir vestido. Nem a princesa Kate Middleton escapou desse tipo de crítica. Mas o que eu acho que ainda mais revela esse atraso é a criação dos filhos. Um homem que troca uma fralda, quase ganha uma medalha de honra ao mérito.”
BENEDITA CASÉ Filha de Regina Casé com o artista plástico Luiz Zerbini, Benedita, 24, namora há seis anos o fotógrafo João Pedro Januário, uma relação que ela considera “rara” entre seus amigos. Antes, a carioca, que é formada em design e trabalha na produção musical do “Esquenta”, namorou quase dois anos com o ator Darlan Cunha, o Laranjinha na série “Cidade dos Homens”, que conheceu aos 14. Veja o que ela pensa sobre:
“A minha relação com João é até rara. Hoje em dia, na nossa idade, não vejo relações durarem tanto tempo. Quase todos nossos amigos não estão namorando, estão mais soltos. Eu o conheci quando tinha 18 anos. Muita gente acha que é o momento de curtir, que estamos perdendo tempo. Mas acho besteira. Sempre gostei de namorar.”
“Eu tenho vontade de casar. Acho bonito. Tenho algum envolvimento com religião por causa da minha mãe e da minha avó. Mas por enquanto é só uma vontade, prefiro deixar mais para a frente. Sou romântica, gostaria de viver uma relação que durasse para sempre. Sou muito feliz com o João ao meu lado, não consigo imaginar minha vida sem ele.”
“Tenho vontade de ser mãe, sim, no futuro. Não sei qual é a idade ideal. Ainda tem um monte de coisa para acontecer antes. Ainda moro com a minha mãe, não sei se o que faço hoje é o que quero fazer para o resto da vida. Acho que ainda é cedo para pensar em filho. Sempre fui muito cuidadosa em evitar uma gravidez. Quero planejar, me preparar para isso. Mas acho que toda mulher deve ter o direito de poder abortar.”
“Acho esse exemplo que a minha mãe excelente, homem realmente pode usar a roupa que quiser, repetir terno em casamento que ninguém repara.”