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Último dia: a descoberta dos rituais de beleza dos índios da Amazônia

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FRANCESAS NADAM COM BOTO-COR-DE-ROSA NO AMAZONAS (Foto: LUDOVIC ISMAËL)

UM BANHO COM OS BOTOS COR DE ROSA
Saída do porto de Manaus. As parisienses embarcam as motos na tradicional balsa do Amazonas e zarpam. O rio é potente e imenso. Mal dá para ver as margens. A embarcação se aventura por um braço do rio que penetra na floresta. Após navegarem durante uma hora, as meninas param na cidadezinha de São Tomé, ponto de encontro do boto-cor-de-rosa. Márcia Ferreira Mesquita, índia, trabalha aí diariamente para a proteção dessa espécie ameaçada de extinção. Com ela, as motoqueiras trocam os capacetes por maiôs e caem na água. Márcia atrai os botos e estes rapidamente vêm nadar entre as francesas. As águas vermelhas do rio lhes dão um tom cor-de-rosa impressionante. Louise D está nas nuvens e tenta estabelecer comunicação com eles. Os botos mostram-se simpáticos. Aliás, eles participam de um programa terapêutico para crianças deficientes. As ondas sonoras por eles emitidas têm e feito apaziguador, contribuindo para o desenvolvimento de autoconfiança e autoestima. As meninas captam todas essas ondas positivas e levam-nas consigo na balsa, que vai agora levá-las à próxima etapa: Tatulândia.

MENINAS DA L'ÉQUIPÉE PARTICIPAM DE RITUAL DO BANHO (Foto: LUDOVIC ISMAËL)


PRIMEIROS CONTATOS NA HORA DO BANHO
As meninas de L'Équipée acabam de desembarcar e ainda estão no pier quando o cacique vem acolhê-las, como manda o figurino. Oito famílias vivem aqui, são de tribos diferentes cujos nomes são extremamente sugestivos: povo da natureza, povo do dia, povo da noite ... (Dessana,Tukano, Tuyuca, Tariana, Kobeua). Depois das apresentações, ao cair do dia, as meninas são convidadas a participar do ritual do banho com as mulheres da aldeia. Elas riem, conversam... ou pelo menos, tentam. Elas se comparam, se imitam, as crianças brincam, jogando água para todolado... A água escura do rio assusta um pouco, mas a presença das outras mulheres inspira bondade e tranquiliza as visitantes. Em seguida, todos compartilham a mesma refeição, em silêncio. Cada mulher fez um prato diferente. É um verdadeiro banquete. Logo, chega a hora de ir dormir. As meninas armam suas redes em uma oca sem muros com telhado de palha, e vão logo se deitar. Tem uma TV ligada. Ouve-se obarulho de um gerador. Uma pessoa ronca. E os ruídos da floresta são onipresentes.

PARISIENSES EXPERIMENTAM MAQUIAGEM 100% NATURAL (Foto: LUDOVIC ISMAËL)

INICIAÇÃO DO RITUAL DE BELEZA
Após uma noite agitada, o despertador é o canto do galo... às 4h30 da manhã. É preciso ir pegar o café da manhã na floresta: Frutinhas vermelhas que os homens colhem diretamente do alto das árvores fornecedoras de alimento. "A gente come e bebe com um prazer especial", diz Cindy. "A gente come lentamente, saboreando tudo". Uma festa foi organizada para dar as boas-vindas às parisienses, que são convidadas a se produzir juntamente com as mulheres da aldeia. Aqui, a maquiagem é 100% natural, tirada da floresta. Uma tinta vermelha feita de urucum, usada tradicionalmente para proteger a pele do sol e dos mosquitos. Elas aplicam essa tinta à pele, o que lhes valeu o apelido de "peles vermelhas". Uma tinta preta feita de jenipapo, que tem propriedades medicinais e antibacterianas. O suco de jenipapo fica preto quando se oxida, e é usado para fazer tatuagens que duram algumas semanas. Passam a manhã toda pintando desenhos que exprimem saudações e partilha, com motivos que lembram a pele de animais. As meninas participam do ritual impressionadas, e até mesmo desestabilizadas. "É um momento muito emocionantes", diz Cindy. "As índias nos explicam que não pintam nem os lábios nem os olhos, mas que para se sentirem bonitas, elas pintam os desenhos das tribos no corpo e no rosto". O toque final dos preparativos é quando as índias se despem de suas roupas ocidentais e exibem sua nudez". Tradicionalmente, o corpo é um meio de comunicação e expressão que não se deve esconder. Essas índias mantêm uma relação muito próximo da natureza, com a qual formam um todo indissociável. Essa união muito íntima tem de ser vivida no corpo, independentementede forma e cor! Chega então o momento da dança. "Os homens nos convidam a dançar com eles, nos guiam com força e precisão, e nós nos deixamos levar pela música e pelos passos decididos".

A VIAGEM ACABA
No final do dia, os membros da aldeia acompanham as meninas de L'Équipée até o barco. "Trocamos longos olhares intenso", conta Cindy. "Tento captar toda a força e energia deles. Eu queria que esse momento durasse o máximo possível. Deixamos a Amazônia com o coração pesado, cada uma precisa ficar sozinha. Vamos ter que encerrar esta aventura e não vai ser fácil!". Aqui termina a estrada de beleza no Brasil. Vejam os melhores momentos (best-of, momentos engraçados, entrevistas, etc) da viagem das meninas de L'Équipée em abril.


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