Embarque para Manaus
As meninas de L'Équipée tiveram que acordar bem cedo. Às 3h da madrugada, elas deixaram a Fazenda San Francisco levando na bagagem a lembrança de momentos inesquecíveis e a experiência da vida selvagem. Rumo ao aeroporto de Campo Grande. Para percorrer os 3.000 km que as separavam de Manaus, no Amazonas, a única opção era deixar as motos e alugar outras no caminho.
O clima não foi de festa durante o café da manhã tomado às pressas no aeroporto. Cirurgiã recém-formada, Louise B tinha de voltar ao trabalho no hospital em Paris. As meninas se despediram sem mais delongas para evitar um excesso de emoção. Louise B foi a primeira a embarcar, deixando as companheiras de aventura se sentindo órfãs.
Mas elas logo recuperaram o ânimo no avião. Sobrevoar a Floresta Amazônica foi algo mágico, repleto de promessas. No entanto, a atmosfera sufocante de Manaus estava à espera delas na saída do avião: 32°C e 89% de umidade! Além disso, elas foram pegas de surpresa pela imensidão da cidade (2,3 milhões de habitantes), e os congestionamentos monstruosos causados pelas manifestações nacionais dos últimos dias contrastavam muito com o sossego da vida selvagem do Pantanal.
O mercado das plantas milagrosas
As garotas vão correndo para o mercado local antes que fechem as portas. Elas querem se equipar de produtos regionais, de excelente reputação, para enfrentar as pequenas e grandes desvantagens da vida na floresta. Aqui, nesse grande mercado de estilo Eiffel, podem-se encontrar mil e um produtos fitoterápicos de produção artesanal saídos diretamente da Amazônia e que têm propriedades milagrosas. Sabonete de veneno de cobra contra manchas na pele, óleo de andiroba para espantar mosquitos… Elas nem sequer sabem para que lado olhar. Felizmente, as funcionárias do mercado estão aqui para orientá-las.
Kit de beleza da Amazônia
Cecile, que sofreu muito com os mosquitos no Pantanal, faz questão de achar o produto ideal. Graças a essa busca, as meninas de L'Équipée descobriram muitos outros tesouros.
Elas sentem uma atração irresistível pela barraca de Honorina Garcia, que quase não se vê em meio a tanta planta. A especialista em plantas medicinais recomenda o famoso óleo de andiroba, extrato de uma árvore de mais de trinta metros de altura, abundante na Floresta Amazônica. Muito amargo, esse óleo é usado como antisséptico, anti-inflamatório e cicatrizante. Ele também deixa o cabelo mais sedoso e brilhante. Mas acima de tudo, é usado pelos índios para afugentar os mosquitos, que podem transmitir a malária e a dengue. Honorina também sugere um sabonete de veneno de cobra, que segundo ela é ótimo para tratar coceira.
Um pouco mais adiante, é uma barraca especializada em cosméticos que prende a atenção delas. Mariulza Mima exalta as virtudes do mulateiro-da-várzea, uma árvore com cuja casca se faz chá para combater manchas, rugas e envelhecimento facial. Reza a lenda que em noite de lua cheia, as guerreiras amazonas se banhavam nesse chá para ficarem eternamente jovens e belas. Isso explica seu nome: árvore da juventude. Muitas pesquisas científicas já foram feitas sobre essa planta e ela é hoje usada na formulação de alguns cosméticos. Na barraca de Mariulza, Cindy logo repara nas buchas vegetais, que a mãe dela adora. Essas esponjas exóticas, depois de secas, são perfeitas para uma esfoliação 100% natural.
Antes de sair do mercado, as garotas passam obrigatoriamente pelo vendedor de rede, acessório indispensável, juntamente com o mosquiteiro, para dormir na floresta. Só faltam as motos para elas partirem à conquista da Transamazônica.
Fiquem ligados amanhã quando…
As meninas de L’Équipée vão conhecer os índios Dessana.