LOST IN TRANSLATION
As garotas acordaram cedo em Tiradentes e tomaram café de manhã no terraço de um café. Elas aprenderam muitas coisas sobre a história da cidade com a garçonete.
Comunicar-se a todo custo. Essa tem sido uma situação constante na vida das meninas desde que chegaram ao Brasil. Não é comum encontrar no país pessoas que falam francês, elas também não falam português, então o jeito tem sido se virarem literalmente com o que têm.
Louise D arranha o espanhol, Cindy fala italiano, Cecile e Louise B são melhores no inglês e Pauline fala só o francês. A partir dessa mistura eclética de línguas, as meninas criaram uma espécie de Torre de Babel incrível para falar com todos que encontram na viagem. Há quem diga, porém, que a música e a gastronomia são as linguagens universais. Pelo menos em termos de comida, o dia de hoje foi uma pequena mostra disso.
COZINHANDO COM A CHEF
No Kitanda, em Tiradentes, restaurante da chef Tanea Romão, que por sua vez só fala o português, um pouquinho de cada um desses idiomas se juntou aos muitos ingredientes típicos da região que ela tem em sua cozinha e no fim todo mundo se entendeu perfeitamente.
Louise B, que além de médica e motociclista também adora se aventurar na cozinha, foi quem conduziu o preparo junto com Tanea. Ela tem um trabalho especial de resgate de antigas receitas brasileiras que se perderam no tempo. Segundo a chef isso geralmente acontece por duas razões. "Um delas é que as pessoas passam a conhecer novos ingredientes e vão deixando os antigos para trás" diz. O outro tem a ver com mudanças sociais. "À medida que vão melhorando de vida deixam para trás os símbolos dos tempos mais difíceis, como, por exemplo, certos tipos de comida”.
Um ingrediente recém-resgatado por Tanea e que fez parte do almoço de hoje é o chamado umbigo de banana ou flor de bananeira – que virou um delicioso crispy para acompanhar o porco no tucupi. "Existem alguns segredos para deixá-lo mais saboroso, como por exemplo, cozinhar com bicarbonato de sódio para tirar o amargor.
Mas esse é o tipo de coisa que só se aprende com pessoas mais velhas, que guardam antigos segredos de cozinha. E muitas vezes essas pessoas não acreditam que alguém esteja interessado neles". Depois de experimentarem caldinho de feijão, polvilho, manteiga com abacaxi, polenta, pão de queijo, as meninas pegaram a estrada para dormir em Ouro Preto. Mas não sem antes tirarem Tanea da cozinha para dar uma volta de moto. Lá foi ela, sem hesitar, na garupa de Cindy.
Está chovendo de novo. As meninas queriam pegar o Caminho do Ouro, mas ele ficou bastante alagado. Só daria para percorrer 30 km no final da tarde, e com as meninas no topo da forma. Mas raios cruzam o céu e debaixo de tanto chuva, as meninas optam pela segurança e seguem pelo asfalto até o próximo destino.
FIQUEM LIGADOS AMANHÃ, QUANDO...
As meninas de "l'équipée" vão continuar a viagem pelas montanhas de Minas Gerais e vão conhecer uma das mais belas cidades coloniais do Brasil. Tempo sem chuva, segundo a previsão.