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Afegã que estampou capa de revista icônica aparece em imagem de documento apreendido 30 anos depois

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Sharbat Gula, a afegã da foto premiada em 1984 (à esq) em documento que o governo do Paquistão diz ter sido falsificado (à dir) (Foto: Reprodução / National Geographic / Divulgação)

Em 1984, uma foto de uma menina com assustados olhos verdes na capa da revista National Geographic se tornou um ícone da luta de centenas de afegãos forçados a deixar o país em guerra para viver em campos de refugiados no Paquistão.

Três décadas depois, uma nova imagem de Sharbat Gula, desta vez uma foto de um documento de uma mulher de meia idade, simboliza a hostilidade que muitos paquistaneses tratam refugiados que, acreditam, não devem viver no país, informa o jornal inglês The Guardian.

Na terça, a imprensa paquistanesa publicou a imagem digitalizada do que seria a carteira de identidade de Sharbat, um documento que ela não poderia ter obtido como uma estrangeira no Paquistão.

A afegã é talvez a mais famosa entre os quase 3 milhões de refugiados do país que vivem no Paquistão e que já deveriam ter tido acesso ao documento, não fosse a burocracia e a corrupção que toma conta do governo.

Afegãos podem comprar propriedades, abrir contas em bancos e se sentirem seguros de viver por tempo indeterminado no país, que tenta se livrar dos refugiados dificultando o acesso ao documento nacional, normalmente obtido com documentos falsos e propinas.

Um porta-voz da autoridade nacional de registro e dados, Faik Ali Chachar, disse ao Guardian que a carteira de Sharbat foi localizada e bloqueada em agosto do ano passado e que quatro funcionários foram afastados por suspeita de envolvimento no caso. Segundo Chachar, a agência já encontrou mais de 22 mil documentos conseguidos de forma ilegal por afegãos.

Os cidadãos do Afeganistão começaram a se mudar para o vizinho Paquistão durante a invasão soviética no país, em 1979, e gerações inteiras cresceram sem conhecer a terra natal de seus antepassados. A população de refugiados continuou a crescer durante a retirada das tropas russas, em 1989, enquanto o país mergulhava em guerra civil.

Milhões de afegãos conseguiram retornar à terra natal desde que forças internacionais conseguiram derrubar o regime dos Talibãs, em 2001, mas estima-se que mais de 2,5 milhões ainda vivam no Paquistão – a segunda maior população de refugiados no mundo.

Essa comunidade sofre com a hostilidade dos paquistaneses, que culpam os refugiados por crimes e ataques terroristas.


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