Quem vê a americana Mona Rogers na rua, deve imaginar se tratar de uma bailarina. Seus movimentos são delicados e sua fala, calma e pausada. Ela é uma dessas pessoas de quem se gosta de cara. E é uma dominadora profissional.
A despeito do grande sucesso da série de livros eróticos “Cinquenta Tons de Cinza” no mundo inteiro e de sua versão atualmente nos cinemas, a jovem de 33 anos diz, em entrevista à Marie Claire americana, que ainda há muitos mal entendidos sobre o mundo da BDSM (sigla que reúne bondage, dominação e sadomasoquismo).
O primeiro deles: para Mona, que como o personagem Christian Grey tem prazer em dominar seus parceiros, não há sexo envolvido. “De jeito nenhum. Nós não somos amantes. Eles não vem até mim pelo prazer deles e sim para o meu. Conheço algumas dominadoras que fazem (sexo), mas eu não ofereço. É um limite difícil para mim. Sempre digo: ‘seu pênis é seu problema.’”
A americana também diz que muita gente não entende “humilhação” e por que algumas pessoas querem ser dominadas. “Vamos dizer que uma pessoa sofreu bullying na escola. Essa pessoa vem até mim e pede para interpretarmos papéis, para imitar as mesas situações em que foi humilhada. O que essa pessoas fazem é recriar um cenário, mas onde dessa vez elas têm controle. É uma maneira terapêutica de trabalhar esses sentimentos”, explica a dominadora, segundo a qual, se ela percebe que o cliente tem um comportamento auto-destrutivo, não leva adiante.
Mona Rogers diz que teve o primeiro contato com as práticas BDSM quando tinha 25 anos, pesquisando na internet. “Eu tinha uma personalidade dominadora e aprender sobre aquilo me ajudou a me entender melhor.” Ela conta que se abriu com os pais logo que a prática se tornou mais que um hobby.
“Meu pai estava assistindo à televisão e eu falei: ‘Eu vinha tentando te contar sobre isso. Eu sou uma dominadora profissional.’ E ele: ‘Ah, tudo bem’ e voltou de novo para a TV. ‘Só para você saber, eu não sou como uma garota de programa ou nada disso.’ Ele olhou para mim de novo e disse: ‘Sim, eu sei, eu já vi isso na televisão.’”
CLIENTES
A jovem, que hoje vive profissionalmente como dominadora, diz que atende em média três clientes por semana, em sessões que duram de uma a três horas. Mona afirma que é muito seletiva para escolha dos seus dominados, que chegam até ela por meio do site que mantém. “Sou super seletiva –se eu não gostar do e-mail ou se achar algo estranho na voz no telefone, simplesmente digo: ‘Desculpa, não estou interessada.’”
Mona também afirma pedir referências antes de marcar um encontro de outras pessoas do meio BDSM. A maioria da clientela é masculina –ela não sabe dizer porque as mulheres não a procuram. “Mas sou uma sádica de oportunidades iguais!”, brinca.
Ela diz que sua especialidade é o bondage (técnicas de amarrar e imobilizar o parceiro). “Qualquer coisa que altere os sentidos ou que prive a pessoas de seus sentidos ou que a estimule fisicamente de alguma maneira. Sou uma excelente espancadora.”
Uma sessão normal, segundo Mona, começa com alguma “brincadeira” de impacto, para acelerar a circulação sanguínea. Em seguida, os clientes são imobilizados e, depois, ela acrescenta as sensações físicas. “Gosto de trabalhar entre o prazer e a dor”, diz. Um dos acessórios usados é uma “luva de vampiro”, que contém espinhos para arranhar a pele. Em seguida, Mona diz usar algo leve para massagear a pele machucada.
Para ela, há uma série de processos neurológicos que são disparados quando o corpo está excitado, com altos níveis de adrenalina e endorfina. Mona, que diz não ter orgasmos durante as sessões, afirma que BDSM e sexo não são necessariamente sinônimos. “Para mim, é uma liberação catártica. Não tem nada a ver com sexo ou se excitar sexualmente.”