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"Boyhood" é colaboração de memórias de infância da equipe, diz diretor do vencedor do Globo de Ouro

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Ellar Coltrane e Ethan Hawke em cena de "Boyhood": elenco envelheceu diante das câmeras (Foto: Divulgação)

Nos já clássicos "Antes do Amanhecer", "Antes do Entardece"r e "Antes da Meia-noite", as cenas de ação do americano Jesse (Ethan Hawke) e da francesa Céline (Julie Delpy) estão concentradas em conversas, cafés e… mais conversa. É uma característica do diretor Richard Linklater costurar tramas intimistas em que não acontece muita coisa mas, ao mesmo tempo, há muito o que ver. Em "Boyhood" (juventude, em inglês), o criador independente de 55 anos parece ter acertado a fórmula com exatidão.

A premissa é prosaica: acompanhar a vida do garoto Mason (Ellar Coltrane) ao longo de 12 anos, nos quais a família se muda para uma nova casa no Texas, problemas domésticos acontecem, Mason se apaixona pela primeira vez e as aulas acabam. Não há grandes reviravoltas de roteiro, apenas o amadurecimento do menino, em uma linguagem apoiada em acontecimentos aparentemente banais, especialidade de Linklater.

Os atores Ethan Hawke (estrela da trilogia "Antes")  interpretam os pais do menino – e, como ele, envelhecem a olhos vistos na tela. Em entrevista feita antes de o longa, ainda em cartaz, levar as principais estatuetas do Globo de Ouro, uma espécie de termômetro para o Oscar, o diretor falou do desafio de concluir o projeto.

Elenco de "Boyhood"  comemora na cerimônia do Globo de Ouro: longa levou estatuetas de Melhor Filme de Drama, Melhor Diretor e Melhor Atriz Coadjuvante para Patricia Arquette (Foto: Reprodução / Instagram Ellen von Unwerth)

MARIECLAIRE - Você tinha um plano B caso algum dos atores desistisse?
RICHARD LINKLATER -
Nenhum! Já era difícil fazer dar certo com todos lá. Não fiquei imaginando situações sombrias que tirassem um dos participantes do filme. Podia acontecer, mas não pensei nisso porque, na verdade, a vida é assim.O telefone pode tocar e você receber a pior notícia de sua vida. Não seria diferente no filme.

MC - O projeto é anterior à trilogia Antes?
RL -
Sim, começamos no ano anterior a Antes do Amanhecer. Sempre achei as duas histórias entrelaçadas. Penso que Ethan como o pai do início do filme é um pouco o cara que acabou de voltar de Paris (no final de Antes do Entardecer). É o mesmo cara!

MC - Você se impressionou com as mudanças físicas dos atores?
RL -
Bem, fiz tudo gradualmente. Filmava e editava. Mas, lá pelo oitavo ano, fazia tempo
que não voltava atrás e um dia vi que havia muitas diferenças. Foi legal ter esse choque emocional para saber que o plano estava dando certo.

MC - Por que escolheu esse título?
RL -
É baseado no livro de (Leon) Tolstói Infância, Adolescência e Juventude, do qual
gosto muito.

MC - Quanto há de sua própria personalidade nos seus filmes?
RL -
Eu os considero bem pessoais, então posso dizer que minha personalidade está
lá. Mas vejo o Boyhood como uma colaboração entre as minhas memórias de infância,
as de Ellar, as de Ethan e as de Patricia.


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