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Fotógrafa americana revela “lado obscuro” dos álbuns de família em série repleta de humor e ironia

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"Happy Days" (2012): "Meu comentário sobre como uma família pode ter uma vida pública bem diferente da sua vida privada", diz Susan Copich (Foto: Divulgação / Susan Copich)


À primeira vista, a família da americana Susan Copich não difere em nada de uma daquelas de comercial de margarina: com alguns trabalhos como atriz, ela estuda fotografia e vive em Manhattan com o marido e as duas filhas. Mas, ao observar mais de perto, as coisas não estão tão próximas do ideal. O agente parou de ligar oferecendo trabalhos, o casamento não estava exatamente no auge e as filhas parecem ter resolvido crescido de um dia pro outro.

Susan passou a se sentir “uma mulher de meia-idade e irrelevante" e percebeu que começou a sumir das fotos de família. Foi aí que decidiu transformar seus pensamentos mais sombrios sobre a vida de mãe e esposa em uma série. “Eu estava fazendo malabarismos com uma mistura implacável de papéis: mãe, esposa, dançarina e atriz. As fotos se tornaram uma saída para viver através de personagens, explorar emoções obscuras e conflitantes”, disse ela, por e-mail, à Marie Claire. Por muito tempo, conta Susan, ela manteve esses sentimentos sob controle, mas resolveu dar vazão a seu lado “dark”. “Tem sido muito divertido trazer tudo isso à tona”, garante.

Veja mais imagens da exposição "Domestic Bliss", da fotógrafa Susan Copich

 



Quem vê algumas das imagens de “Domestic Bliss” (Felicidade doméstica), em exposição na Arts Gallery, em Nova York, vai lembrar talvez de trabalhos do superpop David LaChapelle ou de algumas comédias de humor negro que retratam o avesso do ideal de família americana, como as do cineasta Todd Solondz (de "Felicidade" e "Palíndromos"). 

"Eu uso provérbios, expressões idiomáticas e escrituras bíblicas como um canal para chegar à minha criatividade interior, resgatá-las e tentar transformá-las em algo real. A observação social alimenta continuamente minha inspiração", conta. Susan também vira as lentes para si mesma, usando o trabalho de atriz, figurinos e maquiagens para criar personagens.

 As filhas, conta, não se divertem tanto quanto ela posando para os ensaios. “Eu as vi crescer pelas lentes, mas é difícil fazer elas se motivarem. Preparamos todo o cenário e quando tiramos duas ou três fotos, elas já perguntam: ‘Já terminamos?’”, contou ela à revista "Slate".

"Witching Hour" (Hora da bruxa), 2014. Segundo Susan, uma tentativa de unir as duas visões sobre a mãe "melhor amiga" dos filhos e a tirana, que faz tudo para que tenham sucesso (Foto: Divulgação / Susan Copich)
"Esta foi tirada direto das manchetes dos jornais: crianças brincando sozinhas, com acesso a armas; onde estão os pais?", questiona Susan em "Toy" (Brinquedo), de 2013 (Foto: Divulgação / Susan Copich)



Embora os quadros mostrem cenas de desespero e violência iminente, a americana faz questão de destacar que o humor é importante para a série, já que funciona como porta de entrada para o espectador acessar temas mais profundos. E, embora as situações retratadas não representem obviamente momentos da família Copich, a fotógrafa diz que tampouco devem ser vistos como pura ficção.

““O uso do humor me permite zombar dos mundos em que transito ao mesmo tempo que faz o espectador viver um pouco através do personagem. Eu projeto meus sentimentos em um instante congelado do tempo, fazendo com que a história se desenrole continuamente aos olhos do público.”


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