Quem é Lígia, a moça cujos “olhos castanhos metiam mais medo que um dia de sol”, como descreve Tom Jobim? E a tigresa “de unhas negras e íris cor de mel” que tanto encantou Caetano? Foi a curiosidade sobre as mulheres que inspiraram algumas das melhores canções da música brasileira que levou a jornalista Rosane Queiroz a escrever “Musas de músicas: a mulher por trás da canção”.
O projeto, que consumiu dez anos de trabalho, nasceu como uma reportagem. Repórter por 10 anos de Marie Claire, Rosane começou a investigar o paradeiro de algumas das musas e percebeu que os bastidores das músicas contavam mais histórias que o espaço de uma reportagem comportava. Reuniu 33 delas, das quais 12 foram entrevistadas para o livro (veja algumas delas na galeria abaixo).
“Encontrei, ao todo, 33 musas reais, fictícias e fugazes – aquelas que apareceram por um momento e sumiram, ou que existiram, mas já se foram. Se todas elas possuem algo em comum, é que, em algum momento, foram objeto de desejo, de admiração ou de amor dos artistas que inspiraram”, explica a autora na introdução do livro.
Um passeio pela música nacional, estão lá desde a Lígia da bossa nova, uma professora primária que na verdade nunca passeou com Tom Jobim pela praia do Leblon, até a Anna Julia do primeiro hit dos Los Hermanos. Há ainda, mulheres anônimas que inspiraram canções de amor não menos inesquecíveis, como a “Espanhola” da famosa canção de Guarabyra e Flávio Venturini, na verdade uma jovem que os dois viram vendendo ácido em meio ao trânsito nos anos 70.