Em 2008, a Singapore Airlines inaugurou a sua Suites Class, a mais luxuosa classe em aviões comerciais do mundo. A categoria é exclusiva dos Airbus A380 e oferece cabines privadas com interior projetado pelo designer de iates de luxo francês Jean-Jacques Coste. A companhia também se tornou a primeira comercial a oferecer cama de casal durante o voo.
No entanto, a experiência é para poucos. Com passagens que custam em média US$ 18,4 mil (ou R$ 45,3 mil), são oferecidas apenas 12 suítes. “Antigamente, a única maneira de uma pessoa normal voar nessa classe era pegar um empréstimo no banco. Mas eu lembrei que a maior parte do meu patrimônio é formada por milhas aéreas”, escreveu o engenheiro Derek Low em seu site pessoal.
No endereço, Derek, que se define como um “engenheiro e empreendedor autor de alguns vídeos que viraram hit no YouTube”, descreveu em fotos e texto a viagem-ostentação entre Cingapura e Nova York, com escala em Frankfurt, na Alemanha.
“Cheguei ao Aeroporto de Changi, em Cingapura, e fui direto para o check-in da Singapore Airlines. De repente lembrei que a companhia tem um luxuoso lounge especialmente para o check-in da primeira classe e passageiros da Suites Class”, descreve. Lá, ele conta, um funcionário se encarregou de sua bagagem, que não foi sequer pesada. “Acho que podia ter enchido minha mala de pedras que ela seria embarcada.”
Após apanhar o seu bilhete, Low conta que foi levado à sala privada dos passageiros da classe superluxuosa, descrito com orgulho pela companhia como “superior ao espaço vip da primeira classe”. Atendido pelo nome, o engenheiro tomou champanhe e se serviu de uma refeição completa, antes de ser conduzido por funcionários por “diversas portas automáticas” até chegar à passarela, também exclusiva, que o levou à aeronave.
“Boa noite, senhor Low!”, cumprimentou o funcionário da companhia. “Eu me dei conta que poderia ter colocado qualquer título na minha passagem e me arrependi de não ter escolhido presidente Low ou príncipe Derek”, brinca. Low foi então levado à suíte, que pode se fundir à cabine ao lado para formar um espaço duplo.
“O senhor gostaria de uma taça de Dom Pérignon?” Low disse “a única resposta possível” para a pergunta: “Sim!” Após receber cópias de todos os jornais disponíveis a bordo, foi apresentado à tripulação, entre os quais Zaf, o chefe das cabines. Enquanto assistia às instruções de segurança, ele ouviu de Zaf que havia apenas outros dois passageiros nas doze suítes oferecidas.
Após escolher sua cabine, o engenheiro checou alguns mimos à disposição dos passageiros, como fones de ouvido Bose, kit de higiene pessoal Salvatore Ferragamo e lençóis, travesseiros, chinelos e pijamas Givenchy. Com um enorme cardápio de cafés à disposição, Low diz ter escolhido o Jamaican Blue Mountain por lembrar que um pacote do pó pode custar até R$ 300.
“O senhor tem um excelente gosto para café”, elogiou Zaf. Enquanto batia um papo com o chefe de cabines e descobria que Leonardo DiCaprio e Morgan Freeman estavam entre os passageiros que já desfrutaram das suítes, Low escolheu o seu jantar de cinco pratos.
“De entrada, pedi caviar Malossol com salada de lagosta e funcho. Após devorar o prato em três garfadas, pedi um segundo. Como terceira entrada, escolhi o foie gras de pato com salada de raspas de laranja, beterraba e mizuna. O prato principal foi sopa de noodle e peixe e torta Bavária de baunilha com coulis de framboesa para a sobremesa.”
Low, então, resolveu queimar calorias dando uma voltinha de reconhecimento pela aeronave, sempre acompanhado do staff. Retornou para a cabine, onde funcionários transformaram sua suíte single numa double – a parede entre elas se remove, transformando num espaço para um casal. “Eu passei as horas seguintes me esticando em todas as posições possíveis”, conta.
O engenheiro dormiu por seis horas, ou o equivalente a “US$ 6 mil do valor do bilhete”. Ao posar em Frankfurt, para uma escala de duas horas, os três ocupantes da Suites Class foram levados ao espaço vip da Lufthansa, com spa e banho quente à disposição.
De volta ao voo, Low decidiu usar o serviço de reservar as refeições da companhia, que consiste em um cardápio exclusivo em que é possível escolher pratos que são embarcados antes da partida. Assim, ele pode provar da Lagosta ao Termidor com aspargos na manteiga, tomates assados e arroz de açafrão no almoço e um filé prime assinado pelo chef Alfred Portale.
Ao chegar em Nova York, um grande problema apareceu: eu não queria sair do avião. Depois de tomar Dom Pérignon numa suíte a mais de 10 mil metros de altura, não acredito que vou ter outra experiência de voo melhor que essa.”