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Exuberante, Instituto de Arte Inhotim inaugura novas mostras e galeria; veja roteiro de onde ficar e comer

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Obra Beam Drop Inhotim, de Chris Burden  (2008) (Foto: Tuca Reinés)

A história de Minas Gerais é feita de ouro, prata, minério de ferro, entre muitos outros metais abundantes nas serras do estado. Não era diferente em Brumadinho, nos arredores de Belo Horizonte, a 40 minutos da capital. Até 2006, a rotina do município orbitava em torno das mineradoras. O horizonte da linda Serra da Moeda, onde está a cidade, contrastava com o ir e vir de caminhões carregados de um material bruto que seria lapidado nas indústrias do país. Há oito anos, quando foi aberto para o grande público, o Instituto de Arte Inhotim trouxe uma delicadeza inédita para a região.

Pela primeira vez em sua história, Brumadinho deixou de ser um exportador de riquezas para se tornar um dos mais importantes importadores do Brasil, só que de um tipo completamente diferente de mercadoria. Em menos de uma década, 500 obras dos mais relevantes artistas da atualidade pousaram numa antiga fazenda e, com isso, fizeram daqueles morros um dos mais importantes polos culturais do país. O turismo e o cotidiano nunca mais foram os mesmos.

No início, Inhotim parecia uma ideia megalomaníaca de Bernardo Paz, ele próprio ex-dono de mineradora que decidiu transformar sua propriedade de quase 1.000 hectares (equivalente a cerca de cem campos de futebol) num museu ao ar livre – e distante do eixo Rio-São Paulo. O start para o sonho faraônico deu-se no final dos anos 1990, quando, convencido pelo amigo e artista plástico Tunga, ele se desfez de sua coleção de arte moderna para investir na contemporânea. Paz já disse em entrevistas que esse é o único tipo de arte que realmente “mexe com as pessoas”. 

Galeria True Rouge, de Tunga (Foto: Tuca Reinés)

Na época da inauguração, em 2006, havia seis galerias: uma para a obra de Cildo Meireles e outra para a de Tunga, além de quatro construídas para abrigar mostras temporárias. Hoje são 21 e em setembro haverá mais uma, inteiramente dedicada a um trabalho do nova-iorquino Carrol Duham, famoso por suas pinturas e grafites gigantes com imagens hipersexualizadas de mulheres e seus genitais. Além disso, uma das galerias, a Lago, ganha três novas mostras de artistas estrangeiros: Geta Bratescu, da Romênia; David Medalla, das Filipinas; e Dominik Lang, da República Tcheca.

Em abril de 2015, será a vez de Claudia Andujar, suíça radicada no Brasil e uma das mais influentes fotógrafas nos anos 1970, ganhar um espaço só para ela. Se depender de Paz, o acervo não vai parar de aumentar. “Serão dezenas de pavilhões, que demandarão mais de dez dias para serem vistos. O Inhotim transformou-se num destino.”

Megalomania não é uma palavra que parece incomodar Paz. Muito pelo contrário. Ele mesmo já declarou ao The New York Times que o instituto é um projeto “para durar mil anos”. Por sua vez, o jornal não economizou elogios ao afirmar que, mesmo existindo iniciativas similares a Inhotim em outros lugares do mundo, como o Benesse Art Site, no Japão, e o Coléccion Jumex, no México, nada se compara à “exuberância” do lugar. Não bastassem os espetaculares pavilhões com o que há de mais relevante na arte contemporânea mundial – são mais de cem artistas de 30 países –, o instituto reúne ainda uma das mais belas coleções de plantas tropicais. São 4.200 espécies – 1.400 só de palmeiras – orquestradas em jardins impecáveis. E as ambições do empresário só aumentam. Em primeiro lugar, está um hotel projetado pela arquiteta mineira Freusa Zechmeister. A obra já está em andamento, deve ser entregue em 2015 e vai contemplar 42 bangalôs com cerca de 100 m². Outros planos incluem um aeroporto e um anfiteatro para 15 mil pessoas.

Sonic Pavillion, de Doug Aitken (Foto: Tuca Reinés)

Com um cenário como o da Serra da Moeda e uma “Disneylândia” de arte plantada em belos jardins, a região mudou drasticamente. Hoje, o instituto emprega mais de mil pessoas direta e indiretamente. É o caso do gerente operacional Douglas Corta Mendes, que em 2010 trabalhava no Tamboril, um dos restaurantes de Inhotim. Vez ou outra, era chamado para atender nas festas que aconteciam na casa do patrão. “Conheci gente famosa, como Maitê Proença, e aprendi a servir”, diz ele, que hoje administra a Fazenda Nova Estância com a mulher, a chef  Lidiane Assis. A pousada é um dos endereços que apareceram na Serra da Moeda na esteira da arte. Ali, o casal mora de terça a domingo, ele encarregado de receber os hóspedes, ela, de preparar delícias como risoto de costelinha ou carré suíno com cuscuz.

“Nosso cardápio é ítalomineiro”, explica Corta Mendes.

Há um paralelo claro entre a cozinha de Lidiane e o que acontece na antes “comum” Brumadinho. É verdade que pousadas e restaurantes ainda mantêm genuinamente a simplicidade do jeito mineiro de receber. Mas no dia a dia já absorvem novas referências que vêm junto com o sofisticado mundo artsy. A comida ainda é preparada em forno a lenha e servida em panela de ferro, os móveis são feitos de madeira rústica, o aquecimento vem da lareira e caminhões carregados de minério continuam cortando as estradinhas abertas nos morros. Mas os clientes vêm do mundo inteiro. Depois deles, Brumadinho nunca mais foi a mesma.

Detalhes charmosos das pousadas da região (Foto: Tuca Reinés)

Onde ficar

ESTALAGEM DO MIRANTE
A 1.300 metros de altitude, é a pousada mais charmosa da região, com 13 chalés equipados com lareira, TV a cabo e, em alguns deles, banheira de hidromassagem. Um dos pontos fortes é a vista espetacular – em alguns momentos do dia, as nuvens ficam abaixo da altura dos quartos e do restaurante onde é servido o café da manhã. Perfeita para casais. De carro, leva-se cerca de meia hora para chegar a Inhotim. De R$ 345 a R$ 1.240.  Tel. (31) 3575-5061; www.estalagemdomirante.com.br

VISTA DA SERRA
Todos os quartos, além da piscina, dão para um paredão de montanha por trás de onde o sol se põe. É uma delícia tomar café da manhã ou jantar no salão tipicamente mineiro onde as refeições são servidas. Além do forno a lenha, dos móveis de madeira e do chão de cimento queimado, há ainda a figura da simpática proprietária, que cuida com todo o cuidado dos pequenos detalhes. A localização, no distrito de Casa Branca, a cerca de 20 minutos de carro de Inhotim, é um ponto alto. Está cercada de restaurantes charmosinhos, para ir a pé. De R$ 260 a R$ 690.  Tel. (31) 3484-1602; www.vistadaserra.com.br

FAZENDA NOVA ESTÂNCIA
Tem a vantagem de estar a cinco minutos de carro de Inhotim. As suítes, simples e confortáveis, ficam numa casa ao redor de uma piscina em meio à mata. O ponto forte é a cozinha, cuidadosamente comandada por Lidiane Assis, de onde saem delícias como o risoto de costelinha e o carré de suíno. Na carta de bebidas, cerca de 30 rótulos de vinho, mais alguns de cachaça. De R$ 295 a R$ 395. Tel. (31) 3346-5280; www.pousadafazendanovaestancia.com.br

Onde comer

TOPO DO MUNDO
Fica a cinco minutos da pousada Estalagem do Mirante, porém o restaurante está ainda mais alto do que a pousada, por isso o nome que homenageia a vista que se tem das mesas. No cardápio, há pratos com pitadas de gastronomia contemporânea e culinária local. Tel. (31) 3575-5545; www.topodomundo.com

CASA VELHA
Na cozinha de dona Suely Ribeiro não há espaço para o que não seja tradicionalmente mineiro. A começar pela casa, antiga residência de uma tia-avó da proprietária. Ela e o marido, seu Hilton, cuidam para que tudo chegue ao prato como manda o figurino. Tutu de feijão, geleias, bolo de fubá, linguiça flambada e pão de queijo são aquecidos em forno a lenha, servidos em porções fartas nas grandes mesas de madeira instaladas na varanda, no salão ou ao ar livre. Tel. (31) 3346-5280 9991-0637; www.casavelhacorregodofeijao.com.br

A MI MANERA
Nesse pequeno bistrô de pouco mais de dois anos, instalado numa casa com janelões de vidro e pé-direito alto e com um gostoso jardim, a proprietária, Yvine Lopes, serve receitas que foi anotando pelo caminho quando morou em lugares como Espanha, Holanda e Curaçao. Bacalhau com batatas, massa com frutos do mar, e cogumelos recheados são pratos que saem da cozinha. Tel. (31) 8563-1043; www.facebook.com/amimanerarestaurante

CASA DE ABRAHÃO
Em frente ao A Mi Manera, é um dos hits da região. O ambien¬te, supergostoso, lembra um riad (palacete marroquino). O cardápio reúne receitas da gastronomia da região, como berinjela ao óleo com nozes e coalhada, e linguiças de cordeiro. Fica a cerca de 20 minutos da Estalagem do Mirante. Tel. (31) 9205-5139; www.bistroarabe.com

Como chegar
Brumadinho fica a uma hora do aeroporto de Belo Horizonte, de onde uma corrida de táxi sai por 240 reais. Apesar do pequeno número de habitantes, é um dos maiores municípios de Minas. Para se locomover, é preciso estar de carro ou chamar um táxi na pousada. Pode-se alugar um veículo no próprio aeroporto.

Galeria Adriana Varejão (Foto: Tuca Reinés)

 


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