Uma jovem de 14 anos conseguiu escapar do cativeiro no qual era mantida há 20 dias por militantes do Estado Islâmico, no Iraque, após um descuido dos extremistas. Adeba Shaker e outra menina aproveitaram a saída dos sequestradores para usar um telefone celular e ligar para o irmão pedindo instruções de como fugir.
As duas foram orientadas a deixar o cativeiro e perguntar aos vizinhos como poderiam chegar à fronteira, onde combatentes contrários ao ISIS, como também é conhecido o grupo extremista, estão acampados.
"Havia o risco, pois eu não sabia quem era amigo e quem era inimigo", contou ao jornal "Daily Mail". "Não conseguia andar direito, minhas pernas estavam tremendo e meu coração batendo muito forte. Nós fugimos e não olhamos para trás".
As jovens caminharam cerca de duas horas até ouvirem finalmente barulhos de tiros na fronteira com a Síria. Era o grupo contrário ao Estado Islâmico. "Chorei e sorri ao mesmo tempo. Nós estávamos livres", lembrou.
Shaker havia sido prometida em casamento a um dos militantes do ISIS após ter sido levada de sua terra natal, na região onde vive a minoria étnica conhecida por Yazidi. Muitos de seus compatriotas foram mortos enquanto as mulheres e crianças foram levadas para servirem de escravas sexuais.
Ela contou que algumas garotas eram estupradas pelo comandante, que lhes tirava a virgindade, e depois eram abusadas por outros combatentes. Em seguida, eram vendidas em uma espécie de leilão. Outras eram dadas em casamento.
A jovem tinha uma vida comum com seus 25 familiares no Iraque. Ela amava estudar e queria se tornar uma professora. Quando soube que o Estado Islâmico estava se aproximando, fugiu com a família para um vilarejo vizinho, mas foram alcançados. "Eles prometeram que não nos machucaríamos se nos rendêssemos. Separaram os homens das mulheres e crianças e levaram todas as joias, telefones celulares e carros", contou.
"O momento mais terrível foi a primeira noite após sermos sequestradas. Chegamos à uma delegacia em outra cidade e todos estavam gritando e chorando. Não sabíamos o que aconteceria conosco."
A jovem foi separada de seus familiares até escapar. Atualmente, está segura em um acampamento junto com seus dois irmãos, mas não sabe o paradeiro dos outros 22 familiares. "Às vezes não consigo dormir à noite. Fico muito preocupada com eles", concluiu.