De todas as coisas que se esperava ver Blake Lively fazer depois de interpretar a adolescente mais rica de Nova York na série "Gossip Girl", “tornar filantropia algo bacana” não estaria exatamente no topo da lista. Casar com o Lanterna Verde (também conhecido como o ator Ryan Reynolds) num cerimônia secreta na Carolina do Sul, com um vestido de alta-costura Marchesa e um nada discreto buquê de flores com glitter? Certamente. Tirar alguns dias para comprar e decorar uma casa de campo em Bedford, Nova York? Absolutamente. Fazer um filme sobre uma mulher chique que se recusa a crescer ("The Age of Adaline", previsto para 2015)? Pode apostar.
Mas quanto a filmar numa das regiões mais pobres de Boston um documentário sobre tráfico sexual de menores? Ou assinar um contrato como o novo rosto da Gucci porque gosta mais das ações beneficentes da grife do que das coleções? Ou lançar um site que é ao mesmo tempo dedicado a ações beneficentes e vendas on-line? Blake, no entanto, não vê nenhum motivo para surpresa. “Eu sempre soube que faria coisas desse tipo”, ela diz.
A atriz está na sua suíte do Bowery Hotel, em Nova York, usando um macacão de crepe preto e um top branco, seu famoso cabelo cor de camarelo caído sobre os ombros e a aliança de diamantes capaz de ofuscar qualquer um que olhe diretamente para ela. Sobre a mesa, estão dez sabores diferentes de sorvete da marca Il Laboratorio del Gelato, que Blake –uma gulosa assumida- prova de vez em quando, apontando um que a repórter deve provar (“Uau! Thai chili chocolate!”).
Aos 27, ela é exatamente como a lembramos em “Gossip Girl”: olhos da cor de um mar calmo, sorriso tirado diretamente de um comercial de pasta de dentes, mas mais concentrada e lúcida. Pessoalmente, Blake é focada de uma maneira que Serena van der Woodsen, sua personagem na série, nem sonharia. Ela não bebe e nunca experimentou nenhuma droga. Seu computador pessoal tem um enorme adesivo da Branca de Neve segurando a maçã da Apple. A expressão mais forte que usa para mostrar indignação é “Meu Deus!”
Ela está na cidade para um evento em que a Gucci celebra um ano do festival Sound of Change, o primeiro evento de arrecadação da organização Chime for Change –fundado pelo trio Beyoncé, Salma Hayek e a diretora-criativa da Gucci Frida Giannini. Pela ação, qualquer um que comprar um perfume da marca pode doar US$ 5 do valor para a instituição que quiser pelo site da Chime for Change (a organização mantém mais de 300 projetos sociais que beneficiam mulheres em 81 países). Pelo site, é possível ver ainda como o dinheiro será gasto e o impacto das ações.
“Eu estava entusiasmada porque sabia que isso [a campanha] poderia me ajudar a realizar um desejo antigo que tenho”, diz a atriz. Com outras organizações, ela continua, “você pode fazer sua doação, mas é difícil saber como aquilo será usado, o que faz com que você não se envolva tanto.” Outras organizações, no entanto, pareciam muito mais interessadas em ter uma foto com a atriz, o que parecia incomodá-la. “Eu levo um pouco de atenção para eles”, disse Blake. “Mas não quero só tirar fotos, quero fazer alguma coisa.”
Frases
“Nós nunca passamos uma semana sem se ver. Não há uma decisão importante que eu tome sem ele. A melhor coisa é quando desligamos nossos celulares e ficamos sozinhos ou saímos. Ele é meu melhor, melhor amigo. O que você faz com seu melhor amigo? Não faz nada”, sobre sua relação com o marido Ryan Reynolds
“Eu já devia ter começado. Se eu pudesse ter uma ninhada de filhos, eu teria”, sobre já ter dito querer ser mãe de 30 crianças
“Eu saí direto do colégio para ‘Gossip Girl’, e ambos os ambientes era super organizados, com horários fixos, então nunca tive liberdade para explorar outros caminhos. Quando a série acabou, queria dar um tempo de atuar e fazer as coisas que eu planejava se não fosse atriz. E essa é uma delas”, sobre seu novo site de verndas on-line, Perserve
“Eu não pretendo falar por ninguém, mas minha intuição é que o consenso nos Estados Unidos é que [tráfico sexual] é uma questão de escolha aqui –que quando mulheres se prostituem é uma opção delas. Mas o que você percebe quando começa a conversar com essas jovens é que elas são muito vulneráveis emocionalmente”, sobre seu envolvimento do documentário “A Path Appears”, a respeito de tráfico sexual
“Sinceramente, tudo que ele quer é se empanturrar de sundae”, sobre o prato favorito de Reynolds
*Reportagem publicada originalmente na Marie Claire americana