Como se não bastasse a ressaca, a manhã seguinte da balada chega carregada de culpa. Afinal, apesar dos seus esforços para que a situação nunca mais se repetisse, depois de uma série de drinques, você mais uma vez sacou o celular e escreveu para ele no meio da madrugada. E por mais que você delete toda a troca de mensagem, como se pudesse apagar também a memória, a verdade é que é impossível voltar atrás do que foi feito. E a pergunta que não sai da cabeça é: “Por que eu escrevi aquilo?”.
De olho nesse arrependimento que acomete muita gente, Bruce Bartholow, professor associado de psicologia da Universidade de Artes e Ciências de Missouri, nos Estados Unidos, estudou o fenômeno para publicar o livro “Alcohol Effects on Performance Monitoring and Adjustment: Affect Modulation and Impairment of Evaluative Cognitive Control”. Segundo ele, por mais que você queira negar tudo aquilo que foi escrito, era tudo verdade. Você escreveu, porque realmente pensa tudo aquilo.
As divagações feitas durante a embriaguês não são pensamentos aleatórios e muito menos noções meramente ridículas. Tudo o que você é capaz de externar nessas horas são pensamentos que, quando sóbria, você apenas não teve coragem de expor. Por isso, aquela velha desculpa “Eu estava bêbada, não foi isso que quis dizer” não funciona mais.
Em entrevista ao site australiano News, Bartholow explicou que o álcool sabota o sinal de alerta do cérebro responsável por avisar de um erro que está sendo cometido. Ou seja, ele simplesmente acaba com o autocontrole, que costuma prevenir o arrependimento.
Em seu experimento, 67 pessoas, de 21 a 35 anos, foram instruídas a completar um desafio digital projetado para causar erros. Os participantes que tomaram algumas doses de bebida alcoólica antes da atividade ficaram muito menos alarmados quando os erros aconteciam do que aqueles que não beberam nada.
Portanto, um lado seu realmente queria dizer tudo aquilo que foi escrito na mensagem e o álcool só eliminou a sua preocupação em relação aos sentimentos do destinatário. “A bebida não inibe a nossa capacidade de saber o que estamos fazendo, mas, sim, a nossa incapacidade de dar a mínima”, explicou Bartholow.
Já os motivos para tomar este tipo de atitude variam. Eles vão desde a capacidade de sentir menos responsabilidade pelos atos durante a embriaguês, até ter uma boa história para contar depois, vontade de fazer planos com o outro ou saber o que ele estava fazendo, confessar um sentimento ou simplesmente expressar um desejo sexual.