Faltam três dias para a reabertura do cinema de rua mais adorado de São Paulo, o (agora nomeado) Caixa Belas Artes, e os noventa operários da obra passam apressados com vigas de madeira e fios elétricos pelas salas, onde o cheiro de tinta e cola ainda é forte. Calmo e contente, o dono André Sturm garante que vai dar tudo certo a tempo e a cidade logo terá de volta esse clássico endereço cultural ancorado entre a rua Consolação e avenida Paulista. Desde que foi fechado, três anos atrás, o cinema foi motivo de abaixo-assinados pedindo a sua reabertura com mais de 100 mil assinaturas, teve a fachada tombada e integrou a lista de prioridades da nova prefeitura.
Marie Claire acompanhou o tour pelas instalações feito por Barbara Sturm, filha de André e diretora do cinema, e pode ver de perto as novas poltronas (vermelhas, pretas e azuis) e o mármore antigo, agora restaurado e reluzente. Afora a pedra, tudo é novo no local: instalações elétricas, dutos de ar condicionado, teto e piso -que ainda não havia sido instalado na manhã de quarta-feira. As mantas acústicas também foram refeitas e devem solucionar o pequeno vazamento de som que se sentia em algumas salas. O local terá dois projetores de 35 milímetros, que vão garantir sessões de filmes antigos depois que o mercado se tornar 100% digital. “Em breve, seremos o único cinema de São Paulo a tê-los”, diz André.
Investimento privado, a reforma custou R$ 7 milhões. A Caixa Econômica Federal, que empresta o “Caixa” do novo nome, vai financiar a operação do local, e os clientes do banco pagarão meia-entrada na sessões. Elas iniciam em três das seis salas. As outras ficarão prontas em agosto. A aguardada parceria com o bar Riviera, do outro lado da rua, ficou para janeiro. Em uma sala com mesas, sofás e iluminação tênue, os clientes poderão pedir petiscos do bar enquanto assistem aos filmes.
Também haverá uma sala dedicada ao cinema nacional e outra que, além de filmes, receberá pocket shows e stand-ups. No fim de semana de abertura, que começa às 16h de sábado, serão exibidos clássicos como A Noite, de Michelangelo Antonioni , e Quanto mais quente melhor, de Billy Wilder com Marilyn Monroe, além de algumas pré-estreias. Ainda este ano, o cinema recebe um festival com filmes de Gus Van Sant e mostras sobre cinema africano, paraguaio e chinês. Medos privados em lugares públicos, o filme que ficou mais tempo em cartaz no Brasil (lá mesmo, durante três anos e meio), retorna à programação. “É pra dar a sensação que esses três anos fechados não existiram”, diz André.
Confira a programação do fim de semana de reabertura:
Sábado, 19
Sala 2 - Cândido Portinari
17h10 – Quanto mais quente melhor
19h50 – Um dia muito especial
22h – A Malvada
Sala 3 - Oscar Niemeyer
17h40 – O Estudante
20h10 – Filha Distante
22h10 – Norwegian Wood - como nas canções dos Beatles
Sala 4 - SP CINE Aleijadinho
17h – Aos ventos que virão
19h20 – Queimada!
22h – Medos privados em lugares públicos
Domingo, 20
Sala 2 - Cândido Portinari
14h – Morangos Silvestres
16h10 – Quanto mais quem melhor
18h50 – Um dia muito especial
21h – A Malvada
Sala 3 - Oscar Niemeyer
14h20 – Minha irmã
16h40 – O Estudante
19h10 – Filha Distante
21h10 – Norwegian Wood - como nas canções dos Beatles
Sala 4 - SP CINE Aleijadinho
13h30 – Aos ventos que virão
16h – A Noite
18h20 – Queimada!
21h – Medos privados em lugares públicos