A cantora pop Adokiye Kyrian tem 23 anos e uma fama considerável na Nigéria, seu país natal. Suas canções, uma mistura bem dançante de afro-fusion e r&b, têm clipes sexies e parcerias com rappers locais. Nos jornais, ela aparece em fotos de biquíni e poses sensuais, ora falando de sua música, ora do direito das crianças, causa que defende na ONG #Adochange, criada por ela.
No último dia 21, Adokiye chocou os fãs ao dizer, em entrevista ao jornal nigeriano "Vanguard", que oferecia sua virgindade aos terroristas do Boko Haram em troca da liberdade das adolescentes sequestradas em Chibok, no nordeste do país, em abril. À "Marie Claire", ela explica suas razões.
MARIE CLAIRE - Por que ofereceu sua virgindade a terroristas?
ADOKIYE KYRIAN - Porque não suporto a ideia de aquelas meninas continuarem lá sofrendo. A mídia mundial simplesmente se calou. Isso é assustador e frustrante. Por isso, eu não me importo em ser trocada por elas.
MC - Você acha que eles vão aceitar?
AK - Eu estou implorando que aceitem! E que libertem essas garotas. Por que não aceitariam? Não teriam de lutar com nenhum soldado armado para me tomar.
MC - Não tem medo da violência que isso envolveria?
AK - Veja bem, eu não estou fomentando o estupro ou pedindo para ser estuprada. Estou pedindo que as coisas horríveis que essas garotas estão passando e das quais não temos conhecimento passem para mim. Elas têm 12, 13 anos. Eu sou mais velha.
MC - Acha que sua atitude pode incentivar outras garotas a negociar a própria virgindade?
AK - Não! Eu lamento por todas as mulheres do mundo que enxergam algo diferente de um ato humanitário. Sim, eu tenho uma vida a proteger, mas ela não teria sentido se eu não lutasse pelo que acredito.
MC - Sua atitude suscitou inúmeras reações negativas. Algumas pessoas veem nela uma jogada de autopromoção.
AK - Quem diz isso se recusa a focar no que importa. Permita-me voltar atrás até o momento em que tudo começou. Muitos diziam que não havia sequestro algum, que tudo não passava de um golpe. E veja onde estamos hoje! Minha luta é simples. Quero que o mundo lembre que essas garotas continuam desaparecidas e devem voltar às suas famílias.