Com cabelos vermelhos, olhos azuis e corpão requisitado pelas grifes de biquíni e lingerie, Cintia Dicker está entre as top models mais sexies do mundo. Tem uma carreira bem-consolidada no exterior, que inclui passagem pelo olimpo das “angels” da Victoria’s Secret. Agora, aos 27 anos, aceitou o desafio de voltar ao Brasil e virou a mocinha da vez na novela Meu Pedacinho de Chão, da TV Globo, no papel de Milita, filha do personagem interpretado por Antonio Fagundes.
Em julho, ela é a cover girl da Marie Claire, à qual fala sobre vaidade, moda, a nova carreira de atriz, pequenos pecados que já cometeu por amor e sobre família. “Embora seja apenas na ficção, é a primeira vez que chamo alguém de ‘pai’. Justo o Fagundes, que eu adorava assistir em O Rei do Gado (1997), quando era criança!”, contou, no momento mais emotivo da entrevista. “Não lembro do meu pai, tinha só 2 anos quando ele morreu em um acidente de moto.”
Dos tempos de modelo, ela afirma ter ganhado fama na moda por ser destemida. “Eu me jogo nos trabalhos, adoro adrenalina. Um dia a Sports Illustrated [revista esportiva famosa por trazer supermodelos de biquíni] planejava um ensaio com os cinco maiores animais da África. Então, me ligaram: ‘Cintia, essa é pra você’. Uma semana depois lá estava eu, em Zâmbia, posando ao lado de um rinoceronte, só de calcinha.”
Na adolescência, as características responsáveis por seu sucesso como modelo eram motivos de bullying na escola. “Quando o olheiro de uma agência me abordou, perguntando se eu gostaria de ser modelo, achei que ele estava tirando sarro", conta. Sobre amor, Cintia diz que a terapia a ajudou depois do término com o modelo Rafael Lazzini, seu primeiro namorado, com quem ela ficou por 4 anos.
Leia a seguir mais trechos da entrevista. A Marie Claire de julho chega às bancas nesta sexta-feira (27).
TRAGÉDIA FAMILIAR
“Não lembro do meu pai, tinha só 2 anos quando ele morreu em um acidente de moto. Até meus 11, eu e minha mãe, Analise, fomos supergrudadas. Eu via seus olhos vermelhos de choro ao me deixar na casa de uma tia, que cuidava de mim para que ela pudesse trabalhar. Uma guerreira acordando em madrugadas frias para chegar cedo à loja em que era vendedora. Depois mamãe voltou a namorar e se casou com o Moacir, que era caminhoneiro. Coitado do meu padrasto... Eu morria de ciúmes dele e fazia de tudo para atrapalhar: dormia no meio deles toda noite, pedia brinquedos caros. Hoje virou um amigão. Às vezes falo mais com ele que com minha mãe. O Moacir cuida da empresa de congelados que dei para a família lá em Campo Bom. Quando recebi meu primeiro convite para trabalhar como modelo, no Japão, mamãe deixou minha irmã, a Letícia, que tinha apenas 3 anos, para me acompanhar. Meu padrasto ajudou a segurar a onda.”
XODÓ DO FAGUNDES
“Quando o Luiz Fernando Carvalho me chamou para fazer o Correio Feminino [quadro do
Fantástico em que Cintia estreou como atriz, em 2013], fui com a cara e a coragem. Depois o
Luiz me propôs um papel em Meu Pedacinho de Chão, para contracenar com o Antonio Fagundes. Deu tanto frio na barriga quanto posar ao lado do rinoceronte. Mas ele foi um querido, me deu várias dicas, como respeitar os tempos dos diálogos e me movimentar em cena. Porque na televisão é diferente de um editorial de moda. Não é só a câmera e o fotógrafo. Lá são várias câmeras paradas e outros atores com você. Agora é ‘papai’ para cá, ‘papai’ para lá, fico em um xodó só com o Fagundes. Adoro observá-lo fumando charuto, enquanto esperamos para gravar. Embora seja na ficção, é a primeira vez que chamo alguém de ‘pai’. Justo o Fagundes que eu adorava ver em O Rei do Gado (1997), quando era criança!”
SOLTEIRA PELO FACEBOOK
“A análise me ajudou a enfrentar o rompimento com o Rico [o empresário Ricardo Mansur Filho, de quem Cintia foi noiva e com quem cancelou o casamento a dois meses da cerimônia, em 2012]. Ele é dez anos mais velho, estava em um momento de querer se casar. Aos quatro meses de namoro, pediu minha mão e eu, apaixonada, aceitei. Mas não estava preparada, queria era sair para a balada com as amigas. Nos preparativos do casamento, tive que lidar com vestido, cerimonialista, lista de convidados... Ficava estressada e nós brigávamos bastante. Até que, depois de uma discussão, passamos algumas semanas sem nos falar e ele mudou o status dele no Facebook para ‘solteiro’. Nem tinha visto e de repente um monte de gente que tinha recebido convite para o casamento começou a ligar. Procurei-o, tivemos uma conversa difícil e terminamos. Hoje somos amigos, mas na época foi um choque.”
ANSIOSA E IMPULSIVA
“Meu maior problema é pão, macarrão, pizza. Tenho dificuldade para emagrecer. Ganhei 6 quilos desde o início da novela, preciso perdê-los. Em agosto, voltarei para Nova York, tenho trabalhos como modelo até novembro. Só de falar fico ansiosa. A ansiedade às vezes me leva a ser impulsiva. Outro dia, passei em frente a uma loja em São Paulo e comprei esta bolsa [ela mostra um modelo vermelho da Chanel, que custa R$ 14 mil]. Se eu tivesse me controlado e esperado uma semaninha, estaria em Nova York e pagaria R$ 6 mil. Já fiz muita bobagem quando era mais nova. Imagine uma menina de 17 anos ganhando uma fortuna. Tinha um namoradinho e dizia para ele: ‘Ah, você quer uma moto? Compro para você!’, ‘Vem comigo para a Tailândia? Pago tudo!’. Mas quer saber? Fui tão feliz que não me arrependo de nada.”