Pentacampeã de jiu-jítsu, única mulher faixa preta da dinastia Gracie e comentarista do SporTV, Kyra provou que uma lutadora pode ser sexy e feminina. Nos últimos tempos, seu romance com o ator Malvino Salvador ganhou o noticiário. Aos 29 anos, apaixonada e grávida de uma menina, ela diz que o foco agora é a filha. Mas, depois, ainda vai estrear no MMA.
Marie Claire: Que lições do tatame você leva para o dia a dia?
Kyra Gracie: Todas. Aprendi a ganhar e a perder, a lidar com a adrenalina, a respeitar o oponente.O jiu-jítsu me ensinou a ter sangue frio. Sou centrada, não costumo agir por impulso.
M.C.: Você integra a quarta geração dos Gracie. Até então, só os homens eram profissionais. Enfrentou machismo em casa?
KG: Muito! Todas as crianças da família treinam, mas as meninas sempre foram tratadas como café com leite. Na visão deles, bastava a gente aprender a se defender. Tanto que meus tios [Renzo, Ryan e Ralph] proibiram minha mãe de treinar e tentaram fazer o mesmo comigo. Tive que provar que era boa! Eles só me pediram desculpas quando ganhei o primeiro mundial, em 2004. Aí ficaram super orgulhosos. Tinha 18 anos e muita gente me via como uma patricinha, porque eu destoava do visual das lutadoras fortonas e tatuadas. Usava quimono e esmalte cor de rosa, tranças... Queria ser uma guerreira linda! [risos]. Provei que as mulheres podem ser campeãs e femininas ao mesmo tempo.
M.C.: É verdade que o ponto fraco de uma guerreira é o coração?
KG: Nossa... você achou o meu calcanhar de Aquiles. Quando me magoam, sinto como se fosse uma faca no meu coração. O que mais me abala é alguém trair minha confiança. Aí sou meio durona. Vou embora e não olho para trás. Mas hoje meu coração está amolecendo.
M.C.: Será que foi a paixão ou a gravidez que fez isso?
KG: Fiquei muito feliz com a gravidez, mas também assustada, porque foi inesperado. Ainda bem que, quando contei o resultado do exame, aprimeira coisa que o Malvino me disse foi: “Calma, meu amor. Vai dar tudo certo”. Sei que a vida vai mudar e não é só por causa dos paparazzi que ficam atrás da gente...O Malvino está acostumado, mas eu ainda acho estranho.
M.C.: Como vocês se conheceram?
KG: Quem nos apresentou foi um amigo comum, o Maurício [o ator Maurício Mattar], que é ex-marido da minha mãe e pai da minha irmã Rayra. Foi pá-pum! A atração rolou de cara. A gente saiu um dia, emendou, foi ficando, namorando... e eu engravidei. Publicaram que estamos morando juntos numa mansão, mas é mentira. Eu moro com meu pai.
M.C.: Você vive rodeada de homens sarados e o Malvino, de atrizes lindas. Já rolou ciúme?
KG: As mulheres o agarram na rua! Se fosse ciumenta, ficaria louca. Mas não me sinto ameaçada por mulher nenhuma, ele está comigo porque quer e me dá segurança. E ainda bem que ele não é possessivo, tenho muitos amigos homens.
M.C.: Nem com a ex dele, Sophie Charlotte, você se perturba?
KG: Não. Quando começamos, eles já estavam separados e ele tinha saído com umas quinhentas mulheres [risos]. Teve um auê na internet porque encontramos a Sophie no Carnaval e eles conversaram. Acho normal. Eu também cumprimento meu ex quando o encontro na rua.
M.C.: E que tal ver o Malvino em cena durante as novelas?
KG: Aí confesso que fico nervosa! Quando ele estava fazendo Amor à Vida, contracenando com a Paolla Oliveira, tentei assistir, mas vê-lo beijando outra... nossa... meu coração disparava. Ele ri de mim. Para os atores, isso é normal.
M.C.: Será que vocês dois são igualmente namoradeiros?
KG: Imagine! Ele ganha disparado. Sei que, quando ficou solteiro, passou
o rodo [risos]. Como vivo em um meio masculino, isso não me surpreende. Estou tranquila.