Quer ganhar 100 mil dólares ou quase 200 mil reais? Basta inventar uma camisinha que, em vez de atrapalhar o prazer, ajude a atingir o orgasmo. É esta a proposta da Fundação Bill Gates. Gates, o fundador da Microsoft, é um homem pragmático e percebeu algo que quase todo mundo sabe, mas que ninguém tem coragem de admitir: não é a falta de informação ou questões culturais e religiosas que fazem com que a maior parte das pessoas deixe de usar preservativo. Ao redor de todo o mundo, as pessoas deixam de usar camisinha porque ela pode sabotar o prazer. “Os homens reclamam muito da diminuição da sensibilidade ou do medo de falhar com a camisinha. Diante da resistência deles, ainda hoje as mulheres cedem”, afirma a sexóloga Ana Canosa. Uma pesquisa feita por Marie Claire entre seus leitores dá uma dimensão do problema: 537 pessoas participaram da enquete e 53% delas admitiu que não usa camisinha. “Sem é bem mais gostoso, pois chega um momento que a camisinha provoca um atrito que incomoda”, afirma uma das leitoras. “Se uso, eu brocho”, admite um leitor.
De modo alarmante, o uso da camisinha tem diminuído. No Brasil, uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em 2013, mostra que menos da metade da população sexualmente ativa afirma usar camisinha com parceiros casuais. O fenômeno pode ser explicado pela diminuição do terror causado pelo vírus HIV, graças à alta sobrevida que os coquetéis retrovirais propiciaram - mas não só. A verdade é que a camisinha, criada há 400 anos, não sofreu mudanças consideráveis desde a década de 1960. O mesmo pedaço de látex usado antes da criação do computador é hoje produzido a uma escala de 15 milhões de unidades por ano. “A ciência e a neurobiologia passaram por uma revolução na última década e esse conhecimento não foi aplicado em um dos mais básicos e subutilizados produtos da terra”, afirma o texto da Fundação Bill Gates que conclama por inventores de novos preservativos.
O motivo para esse arcaísmo da camisinha provavelmente está na constatação de que gastou-se mais tempo tentando convencer as pessoas a usarem preservativo com argumentos mentirosos (como: “não, não faz nenhuma diferença para o seu prazer”) do que tentando aprimorar a camisinha em si. “É chupar bala com papel? A verdade é que é sim. Mas é melhor do que não chupar nada, por enquanto é o que há”, afirma Ana. Se depender de Bill Gates, em pouco tempo, tudo pode ser diferente.