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Orgia de luxo: casal participa de sociedade secreta e conta detalhes de noite erótica

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OS JORNALISTAS MARIANA WEBER E MARCOS NOGUEIRA, JUNTOS HÁ 15 ANOS, CONSEGUIRAM ENTRAR EM UMA SOCIEDADE SECRETA DE ORGIAS (Foto: Arquivo Pessoal)

Fora o preço da viagem até o destino exclusivo da vez – que pode ser um castelo na Toscana ou um hotel sofisticado na Côte d´Azur -, o ingresso custa 500 euros. Mas não basta ter a carteira recheada para ser admitido em uma orgia da Madame O, sociedade secreta europeia que reúne em ambientes luxuosos gente interessada em sexo a três, quatro, cinco, dez. O caminho até essas festanças hedonistas passa por um rigoroso processo de seleção, como a de um clube aristocrático. A sabatina começa com o envio de fotos – com roupa social e de banho, nada de pornografia caseira – e prossegue com um meticuloso questionário que procura identificar sua posição social e seu grau de instrução. Jacques, o chefe francês do grupo libertino, quer saber se você é linda, chique, poderosa e bem-educada. E se seu parceiro está à altura. Gostar do casal é pré-requisito para ele. Sim, do casal, pois as orgias da Madame O são frequentadas por pessoas comprometidas em busca de novos ares para turbinar a vida amorosa. E não espere encontrar por ali o que se vê nos clubes de swing: nessas festas não há espaço para a estética de rendez-vous que predomina na maioria das casas de troca de casais. Da decoração dos ambientes ao dress code, elegância é palavra de ordem.

Casados há 15 anos, os jornalistas Mariana Weber e Marcos Nogueira, conheceram a Madame O em 2009 e, em 2013 foram a algumas festas na França e na Itália. Da experiência, nasceu o livro "Sociedade Secreta do Sexo" (R$ 34,90) escrito por Nogueira e lançado este mês pela editora Leya. Depois de oito anos de bacanais pela Europa, a sociedade de libertinos decidiu que era tempo de investir no Brasil e com uma orgia ainda mais exclusiva. Em vez das máscaras venezianas que dão toques de Stanley Kubrick às festas tradicionais para 200 ou 300 casais, aqui era cara limpa e apenas o grupo mais seleto. Na suíte presidencial de um hotel cinco estrelas de São Paulo, 20 casais, escolhidos a dedo por Jacques para estabelecer os pilares de sua sociedade na Terra Brasilis, formaram o que podemos chamar de a mais nova elite de devassos do país. Nossos repórteres estavam lá e contam tudo o que viram nessa noite de gemidos, orgasmos e roupas de grife voando.

A NOITE POR ELA...
Mariana Weber, 35 anos, jornalista

Como no início de qualquer festa, a conversa pré-suruba passa pelas mesmas amenidades que evitam silêncios constrangedores. Fala-se de restaurantes, filhos, massagem e até do show de Hugh Laurie, o doutor House, que acontecia naquela noite de sábado em São Paulo. Mas estamos em um encontro de uma sociedade secreta dedicada ao erotismo, e logo um comentário de uma das convidadas, Priscila, daria uma do que estava por vir: 'Falo com as pessoas sobre todo tipo de assunto. Fico amiga e até acho estranho pensar em transar com elas...' Algumas horas mais tarde, eu a veria arrancar o vestido coquetel e gozar entre três homens e duas mulheres.

Conheço Priscila de outros bacanais. Ou melhor, de duas festas na Itália que eu e Marcos participamos no fim do ano passado. Uma, mais contida, era uma espécie de esquenta para que libertinos de diversos países se conhecessem e se preparassem para a segunda, uma megaorgia que ocupou um palácio em Milão. Quando nos falamos pela primeira vez, Priscila e o marido contaram que já tinham frequentado eventos do tipo, mas não transavam com outros casais. Na faixa dos 40 (aparentando menos, principalmente ela, com corpo sarado de academia), eles gostavam de aquecer o sexo a dois com a visão de outras transas. Agora, a história era outra. Na tensão da voz dela, ficava claro que eles poderiam expandir seus limites esta noite. Como na Europa, as hostesses da festa em São Paulo recepcionam nuas e mascaradas os casais que chegam. Eu e Marcos somos um dos primeiros, junto com um rapaz de meia idade e a mulher. Ele tem jeito de italiano e usa um terno cinza bem cortado. Ela, uma bela morena de sotaque baiano, usa maquiagem cintilante e vestido preto de comprimento mídi com recorte generoso nas costas. Dentro da suíte presidencial, os olhares se cruzam mais do que o aceitável em outro tipo de ocasião. De resto, tudo é muito mais discreto do que se poderia imaginar. Os frequentadores parecem empresários ou profissionais liberais, gente que você encontraria em um almoço de negócios ou em um restaurante de alta gastronomia: seu advogado, a dona de uma loja bacana ou sua dermatologista. Todos falam baixo e se vestem com elegância. A maioria dos homens usa terno. Entre as mulheres, o preto é quase unanimidade, assim como as rendas. Um longo de oncinha salta à vista. De modo geral, estamos todas decotadas, mas sem exagero, seguindo à risca o dress code exigido no convite – que, por sinal, tinha como referência fotos das angels Alessandra Ambrosio e Izabel Goulart, com vestidos da Victoria’s Secret. Só mais tarde veríamos o teor erótico das lingeries, ou a falta delas. Aos poucos, os convidados se instalam na parte mais íntima da suíte: dois quartos e uma área com jacuzzi e sauna. Em nossa primeira incursão, vemos um casal transar (ainda vestido) sobre a cama de um dos quartos. Ele está por cima e tem as pernas dela entrelaçadas em seu corpo. A cena é quente. Ao lado da jacuzzi, uma outra dupla que no início da noite nos chamava atenção pelo jeito 'certinho demais para estar ali', transa encolhida em um sofá. No quarto seguinte, casais se esparramam pela cama e conversam animadamente como se estivessem em uma mesa de bar.

Voltamos ao primeiro quarto, onde já acontecem três transas simultâneas – uma delas é a de Priscila e o marido, Júlio, em um sofá. Ele, sentado, segura a cintura da mulher, enquanto ela, por cima, cavalga com a parte debaixo do vestido levantada e um rebolado eletrizante. No segundo quarto, o papo agora está empolgadíssimo, quase histérico. Um rapaz de cavanhaque, sentado na cama, comenta que aquilo parece mais terapia de grupo do que suruba. Arranca gargalhadas. Depois, pergunta o que aconteceria se algum convidado fosse nu até o bar e pedisse uma bebida. Apostas são feitas, e eu sou convidada a opinar. 'O garçom ia querer participar da brincadeira', respondo, tentando soar natural embora esteja apreensiva em minha condição de observadora próxima demais dos acontecimentos.

Está na hora de alguém tomar uma atitude naquele quarto, e é a parceira do rapaz de cavanhaque, uma bela loira, quem se levanta, tira o vestido preto de alcinha e diz: 'Vou lá!'. Só que não vai. Em vez disso, só de lingerie preta e colar que lembra uma gravata prateada, volta para seu namorado, que a aguarda na cama. Ao lado, outro rapaz se levanta para pegar camisinha e informa: 'Minha mulher quer massagem. Alguém se habilita?'. Inicialmente ninguém se apresenta como massoterapeuta, então ele volta para a cama e começa a beijá-la. Lado a lado no colchão, os dois casais se agarram e arrancam o que resta de roupa. Em segundos, forma-se um emaranhado de braços e pernas e os casais vizinhos trocam de parceiros. O rapaz de cavanhaque beija e acaricia a moça morena que queria massagem. A loira se coloca por cima do namorado da massageada. Vez ou outra, mãos buscam os corpos dos parceiros originais, como que para reafirmar alguma fidelidade.

Sentados em uma poltrona em frente à cama, eu e Marcos temos uma visão privilegiada dessa etapa da orgia. Podemos acompanhar também a transa de uma moça ruiva com seu parceiro à nossa esquerda – ela, só de corpete, se posiciona de costas para ele, sentada em seu colo. A coisa está quente e é bem difícil ficar indiferente. Marcos vem e me beija. Em um esforço para fazer esta reportagem sem precisar descrever mais do que eu gostaria de ver exposto, me levanto e digo: 'Vamos para a sala?'

Nos sofás, duplas conversam, se acariciam, bebem e comem. As garotas nuas da entrada agora bancam as animadoras de torcida com uma performance de carícias sobre um divã. No segundo quarto, uma plateia se excita com a longa transa de dois casais – de lado, elas sobre eles, eles ajoelhados e elas, de costas na cama, apoiando as pernas nos peitos deles. A ação não se abala nem quando, sem querer, um desastrado liga a TV na CNN. No primeiro quarto, a suruba também está instalada e paira no ar um cheiro de corpos e perfumes. Vejo Priscila nua, encostada na parede, trocar beijos com uma mulher e receber sexo oral de outra. Elas estão cercadas por um trio masculino, que se masturba (um dos homens é Júlio). Com a voz rouca, Priscila geme: 'Vou gozar', 'vou gozar…'. E goza ali, cercada de gente. Penso em como será o dia seguinte dela, depois da intensidade daquele momento. Estou exausta, com a cabeça a mil e louca para ir embora. Mas uma festa érotica não acaba quando se cruza a porta. Lembranças vão para casa e perduram por dias, semanas. Ou mais, se você tiver sorte.”

A NOITE POR ELE
Marcos Nogueira, 44 anos, jornalista

O prenúncio da noite é ótimo. Nosso taxista ouve música erudita no último volume. A orquestra toca Concerto para Violino em Mi Menor, Opus 46, de Mendelssohn, quando o carro nos deixa na recepção de um hotel cinco estrelas de São Paulo. Nosso destino é a suíte presidencial e, para ter acesso a ela, precisamos dizer a senha a uma funcionária dentro de um tailleur discreto. A moça ouve a palavra mágica e procura em uma lista o nosso nick, codinome usado pelos casais liberais. Com um sorriso protocolar, despede-se enquanto insere no painel do elevador o cartão que nos daria acesso ao andar da festa, um dos mais altos do arranha-céu – o mesmo aposento que outrora fora ocupado por Michael Jackson.

Outro casal nos acompanha na viagem para o alto. O trajeto, sem escalas, demora poucos segundos – segundos de puro constrangimento com estranhos que, como nós, se dirigem à orgia mais sofisticada que o país veria nesta década. Ele, alto, magro e moreno, veste calça social e camisa escura; ela, com o cabelo castanho preso em um coque, usa saia preta e blusa tomara-que-caia prateada. Nós quatro evitamos qualquer contato visual e seguramos a respiração involuntariamente. Na entrada para o setor social do aposento, já com os pulmões cheios de ar, vejo duas moças. Elas mantêm a postura ereta e congelada, como guardas palacianas. Vestem apenas uma capa de tecido acetinado com capuz e máscara veneziana. Tal capa é aberta na frente e deixa à mostra os seios, a vagina e as incontáveis tatuagens das recepcionistas.

Lá dentro, numa ampla sala com vista para o skyline paulistano, o clima é de uma reunião social comum. Há casais espalhados pelos numerosos sofás, mesa de salgadinhos e garçons circulando com vinho, espumante e uísque 12 anos. Aquele encontro seria restrito à elite do meio libertino, a um petit comité de 20 casais, se tanto. Mariana e eu entramos porque conhecemos de longa data Jacques, o francês que organizou a orgia. A trabalho, estivemos em suas festas na Côte d’Azur e em um palácio barroco na Lombardia. Ele nos cumprimenta com beijos – no rosto, diga-se. Logo em seguida encontramos Júlio e Priscila, um casal do interior paulista que conhecemos na orgia da Itália. Mais adiante, cruzamos com Facundo, um argentino que estava na festa de Saint-Tropez.

Minha relação com a Madame O começou em 2009, quando Jacques deu sua primeira festa em São Paulo. Na época, eu trabalhava em uma revista masculina e fui introduzido a um universo que nunca imaginei frequentar: o das orgias de alto luxo. Filiei-me à sociedade libertina e segui o circo de Jacques pela Europa. A palavra 'circo' é apropriada porque o promoter tem uma trupe de artistas que encenam situações eróticas – do burlesco delicado ao hardcore total – para estimular os convidados a esquecer as taças de lado e transar.O Brasil representa 25% dos membros da rede. Depois da festança de 2009 houve mais duas orgias, até que os parceiros (de negócio) que Jacques tinha no país deixaram o meio devido a problemas pessoais. Ele agora busca novos interessados em ajudá-lo a reestabelecer um calendário libertino ao sul do Equador. A festa no hotel é apenas um aperitivo para o grande evento que está sendo planejado para novembro, em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Por volta da 1h, horário previsto para o início da “brincadeira” que, segundo o convite, deveria terminar às 4h, a coisa começa a esquentar. Em tese, eu e Mari passaríamos a noite incógnitos. Nossa condição de jornalistas, porém, é logo revelada a todos por Priscila. E isso não parece incomodar ninguém. Conversamos com nossa amiga interiorana quando, num cruzar de pernas, vejo que ela não usa calcinha. Priscila percebe que eu notei e se encolhe em recato. A poucos metros dali, as duas atrizes encapuzadas trocam carícias tíbias, interrompidas por risinhos nervosos. Jacques se aproxima delas e diz alguma coisa, possivelmente palavras de ordem. Assim que ele se afasta, as moças elevam a temperatura da encenação e passam a se pegar como se não houvesse amanhã. Fazemos a ronda dos quartos. Em um deles, um casal já faz sexo; em outro, um grupo de jovens discute alegremente.

De volta à sala, um grupo de quatro pessoas conversa em pé. Facundo, o argentino, explora com a mão esquerda cada centímetro das nádegas de uma mulher que não é a dele, sobre o vestido. Todos na roda fazem cara de paisagem. Com exceção do marido da apalpada, que tem as mãos no bolso e olha para baixo em sinal de visível desconforto. Após alguns minutos, o grupo se dispersa. Mari e eu vamos para o quarto dos jovens e nos sentamos numa poltrona. Sobre a cama, três casais ainda vestidos se divertem. Uma menina se mostra incomodada com a trilha sonora – música lounge – e sugere substituir o iPod da festa por um outro. 'Mas quem traz iPod para a suruba?', reage seu namorado.O quarto inteiro desaba numa gargalhada que, todos sabem, é fruto de uma altíssima tensão sexual.

Em poucos minutos, as piadas evoluem para brincadeiras de matiz francamente erótico. Peças de roupa caem, e os beijos dos casais ficam mais quentes. A cama seria palco da primeira troca de parceiros da noite. Nós ficamos no ambiente até o limite da possibilidade de observar a cena sem participar dela. Mari me conduz até a sala, onde duplas esparsas se pegam nos sofás. Jacques, o dono da festa, está de conversa mole com uma mulher – Claudia, sua esposa, havia ficado na Europa –, com uma mão boba aqui e uns beijinhos ali. Então vamos ao outro quarto para ver três casais numa transa coletiva. Priscila e o marido Júlio estão nesse grupo. Àquela altura, todos os convidados restantes já perderam alguma peça de roupa e se envolveram em algum ato sexual. Menos nós, que estamos lá com o objetivo de ver e registrar mentalmente a experiência toda.

É tarde, muitos já deixaram a festa e decidimos por bem ir embora. Nada contra as orgias de luxo, mas queremos privacidade neste momento: tudo o que vimos e registramos ainda nos será muito útil por várias noites.”


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