Era julho de 2009 e a norte-americana Sarah Shourd estava aproveitando alguns dias de suas férias para conhecer uma região chamada Curdistão iraquiano. Junto com dois amigos, os também norte-americanos Joshua Fattal e Shane Bauer, ela seguiu as indicações da população local e caminhava em direção a cachoeira Ahmed Awa, local muito procurado por turistas. Durante o trajeto, Sarah, Joshua e Shane foram presos por guardas iranianos da fronteira, acusados de serem espiões.
Sarah ficou confinada em uma solitária durante 410 dias e, pela primeira vez, falou com detalhes sobre a terrível experiência ao apresentador do site HuffPost Live, Marc Lamont Hill. "No começo, aquela situação reduz você a um estado quase animalesco. Eu passei todos os dias apertando meu celular, socando o ar, cheia de raiva. E tinha momentos de depressões profundas. Agachava até a fenda da porta para tentar ouvir um som, uma tosse ou um passo, para me lembrar que ainda estava na terra dos vivos. Houve momentos em que perdi completamente a minha sanidade e gritava e batia nas paredes", contou.
Sarah disse também que, mesmo quando era fornecida alguma estimulação mental, sentia-se mal pela falta de contato humano: "Estudos mostram que, após dois ou três dias de solitária, as ondas cerebrais começam a mudar para estupor ou delírio. Não há nenhuma estimulação. Eventualmente, eu recebia livros e ficava em êxtase. Passava dias lendo o mesmo parágrafo várias vezes sem ser capaz de entender qualquer coisa. Aí arremeassava o livro contra a parede pela frutração. Foi desumano", contou.
Após o pagamento de uma fiança de US$ 500 mil (quase R$ 855 mil), Sarah foi libertada em setembro de 2010.
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