Rachel Bathen começou a praticar ioga aos 16 anos, quando buscava uma saída para suas constantes dores nas costas causadas por um problema em sua coluna. Anos depois, a prática acabou se tornando profissão e Rachel conquistou o sucesso mundial e mais de 7 mil seguidores em seu Instagram oficial. Hoje, ela viaja pelo mundo todo levando sua experiência e sua aula para várias pessoas.
Em entrevista à Marie Claire, a sueca que ficou conhecida como a ‘yoga girl’, explica como atingiu o sucesso e lembra-se do que ficou para trás ao ir atrás de seus sonhos. Pela primeira vez no Brasil, Rachel conta como está sendo sua passagem pelo Rio de Janeiro e por São Paulo, e deixa dicas para as brasileiras que quiserem tentar a prática.
Marie Claire: Você começou a praticar ioga aos 16 anos por causa de dores nas costas. Como você descobriu sobre a ioga e por que decidiu tentar?
Rachel Brathen: Sim, eu tinha muitas dores nas costas quando era mais nova. Eu morava na Suécia nessa época e, quando fui ao médico procurar por ajuda, descobri que tinha Escoliose e minha coluna era um pouco retorcida. Ele recomendou uma cirurgia, mas eu tinha apenas 16 ou 17 anos. Fazer uma cirurgia nas costas era um grande passo e eu não queria fazer isso tão jovem. Alguém me disse que eu deveria tentar Ioga e eu comecei a praticar um pouco. Quando me mudei para Costa Rica, praticava Ioga todos os dias. Realmente ajudou nas minhas dores.
MC: O que mudou em sua vida depois que você descobriu a ioga?
RB: Meu físico. Eu comecei a sentir menos dores. Atualmente, não tenho mais nenhuma dor nas costas. Me tornei mais saudável e forte, e meu corpo se tornou mais flexível e equilibrado. Eu tinha um lado do corpo muito mais forte que o outro, então a ioga me ajudou a encontrar o equilíbrio. Também desenvolvi mais calma, menos estresse em minha vida.
MC: E em sua alimentação? Você segue alguma dieta?
RB: Não. Eu costumava seguir uma dieta vegana, não comi nenhum produto derivado de animais por muitos anos. Hoje sou principalmente vegetariana, mas como queijo e outras coisas às vezes. Estou mais flexível do que antes.
MC: Como e quando a ioga passou de um hábito para uma carreira profissional em sua vida?
RB: Foi aos poucos. Estava praticando bastante ioga, e eu me lembro de um dia em que estava na sala de aula observando a professora. Eu pensei: se estivesse dando essa aula, eu faria isso e aquilo diferente. Mudaria isso e mais isso. Cheguei a conclusão de que, se eu estava pensando naquilo, talvez deveria começar a ensinar. Então eu comecei a dar aulas muito pequenas, para meus amigos e minha família, e esse tipo de coisa. Quando me mudei para Aruba, comecei a dar aulas em tempo integral. Não havia muitos instrutores de ioga lá e foi assim que me tornei cada vez maior.
MC: Você se mudou em 2010, quatro anos atrás, para Aruba (um país localizado no Caribe). O que você teve que abrir mão em sua vida para chegar a onde está agora?
RB: Eu não sei, não muito. Abri mão de viver com a minha família. Se há algo de que sinto falta, são as minhas irmãs, minha mãe e meu pai, todos morando na Suécia. Mas eu continuo falando com eles todos os dias e vou para a Suécia por volta de quatro ou cinco vezes ao ano.
MC: Como eles reagiram quando você contou que iria se mudar para Aruba?
RB: Minha mãe não ficou muito surpresa. Ela sempre esperou que eu não fosse viver na Suécia pelo resto de minha vida. É muito frio e cinza na Suécia. É, eles ficaram um pouco surpresos, mas agora acho que estão felizes. Eles sabem que lá é muito melhor para mim.
MC: Qual foi a maior dificuldade que enfrentou para ir atrás de seus sonhos?
RB: Acho que seguir em frente mesmo quando as coisas estão difíceis. Sempre há um ponto em que as coisas não acontecem 100% da maneira que você quer que elas aconteçam. Acho que a parte mais difícil é continuar seguindo em frente quando você se depara com uma dificuldade.
MC: Agora, você viaja pelo mundo para ensinar ioga. O que é mais incrível nisso?
RB: Viajar é muito bom. Conhecer novos lugares, países e explorar o mundo. Mas, também, é a parte mais difícil. O melhor e o pior.
MC: Por que você acha que é tão importante levar sua experiência às pessoas ao redor do mundo? Por que é importante que elas conheçam a ioga?
RB: É uma ótima maneira de inspirar as pessoas, mesmo que elas não tenham tanto interesse em ioga. Acho que ao compartilhar a sua paixão e a realidade da sua vida, você motiva e inspira outras pessoas. A ioga é muito mais do que a parte difícil, as poses. A ioga pode ajudar a desenvolver uma boa consciência corpórea, e você aprende a escutar seu corpo e descobrir o que ele deseja. Fica muito mais fácil de se exercitar, de perder peso ou não. Você vai encontrar a ferramenta para manter o corpo saudável. E acho que a ioga também é uma ótima maneira de acalmar a mente, encontrar a paz e se tornar uma pessoa melhor. Isso o faz mais feliz.
MC: Você acha que conseguiu atingir seus objetivos? O que vem a seguir?
RB: Sempre há um próximo passo. No momento, meu desafio é fazer um pouco mais por mim mesma. É muito difícil fazer isso quando você está sempre viajando. No momento, viajo por volta de 40 semanas em um ano. Quero viajar menos e estar mais em casa.
MC: E em sua carreira? Quais são os próximos planos?
RB: Vou lançar um livro no outono. Pretendo publicar e vender no Brasil. O Brasil é o segundo país. Também, estamos criando uma plataforma de vídeo para aulas de ioga online. É muito animador. É um site para ajudar as pessoas a encontrarem felicidade e equilíbrio. Será muito divertido.
MC: Por que decidiu trazer seus workshops para o Brasil?
RB: Sempre quis conhecer o Brasil. Ele sempre foi um dos países em minha lista. E também recebo muitos pedidos, de muitos brasileiros que me seguem nas redes sociais. Então, a organização do Yoga Lifestyle Brasil me fez o convite. E funcionou muito bem! Temos mais ou menos 230 pessoas vindo no próximo sábado de manhã, então é ótimo.
MC: Como você conheceu o Stand Up Paddle Yoga? Você já estava em Aruba?
RB: Sim, eu já estava em Aruba quando comecei. Eu fiquei sabendo que em algum lugar da terra você podia fazer Ioga na água e tentei fazer isso na prancha do meu namorado. Mas a prancha de surf é muito menor e não funcionou. Então, eles trouxeram uma prancha de Stand Up para Aruba e eu tentei em uma dessas pranchas. Funcionou muito, muito bem.
MC: O que é mais difícil na hora de praticar Stand Up Paddle Yoga? É diferente da ioga tradicional?
RB: É muito mais difícil. Você não tem um chão firme, você tem uma prancha de surf em um oceano, então você precisa de muito mais foco no que está fazendo. Você tem que ser mais atento e presente. Se pensar em outra coisa, vai perder o foco e cair na água. Mas também é uma ótima maneira de desenvolver resistência e é como um novo desafio para quem já pratica ioga por um tempo. É muito divertido. As pessoas geralmente adoram!
MC: Então os benefícios também são diferentes?
RB: Sim, os benefícios também são diferentes porque você está sobre uma prancha e ela está se movendo na água. Você tem que, automaticamente, usar o equilíbrio para continuar de pé. É um ótimo exercício.
MC: Quais seriam seus conselhos para os iniciantes?
RB: Realmente se concentrar e fazer o seu melhor para estar muito atento e presente. Você tem que relaxar, tem que respirar e se mover um pouco mais devagar do que de costume. Meu maior conselho é para que, quando cair, você sorria e volte para cima. Todos caem na água.
MC: É possível que alguém comece a praticar ioga direto na prancha de Stand Up?
RB: Eu não recomento, mas temos muitos iniciantes, principalmente homens. Eles tentam o Stand Up Paddle Yoga antes porque eles acham muito mais legal. Mas eu recomendo que você tenha alguma prática na ioga comum antes de começar.