Pode ser que o nome Maria Borges não seja muito familiar por aqui, mas a modelo angolona de 21 anos é mais do que conhecida entre as principais marcas de moda do mundo: só em 2014 participou da Semana de Alta Costura de Paris, das principais semanas de moda do mundo, foi eleita pela Forbes África como a número 1 entre as melhores manequins africanas de 2013 e alcançou o primeiro lugar de um ranking de modelos negras no New York Fashion Week ao fazer um recorde de 19 desfiles em uma só temporada.
Maria desfilará pela primeira vez no Brasil, pelas grifes Animale, Triton e Tufi Duek, e chega como promessa de ser um dos principais destaques da SPFW. Em uma conversa exclusiva com Marie Claire, a modelo falou sobre suas inpirações, conquistas e preconceito.
Marie Claire: É sua primeira vez no Brasil?
Maria Borges: Sim! Sempre quis estar aqui, era meu sonho fazer Fashion Week, é algo assim muito brilhante pra mim. Sei que é diferente dos mercados que tenho feito, tipo Paris, Milão. Adoro o design brasileiro. Estou muito feliz de estar aqui, o povo brasileiro sempre me recebe muito bem, tenho muitas amigas que são daqui e eu as adoro. Gosto da energia das pessoas, me contagia.
M.C.: Você tem muita proximidade com o povo brasileiro. Tem alguma modelo que te inspira?
M.B.: Sim, Gisele Bündchen. Ela é uma top com carreira sólida e brilhante, conhecida no mundo inteiro. É isso que busco para mim e sigo os passos dela para conseguir.
M.C.: Como se tornou modelo?
M.B.: Participei de um concurso em Angola, o Supermodelo f the World Angola, quando tinha 18 anos. Não fui a vencedora, mas tive uma boa colocação. Então assinei um contrato com uma agência e logo fiz minha primeira viagem internacional, para Portugal. De lá fui para Nova York, Paris e desde então tenho passado por muitos lugares.
M.C.: Enfrentou muitas dificuldades?
M.B.: O mercado angolano é pequeno e quando comecei não foi nada fácil, principalmente por causa dos meus pais, que não queriam aceitar. Eles diziam que a vida de modelo não valia à pena. Mais tarde, quando senti firmeza e disse que seria muito responsável e que me dedicaria ao máximo, melhorou. Hoje eles me apoiam e são meus fãs. E estão explodindo de alegria por eu estar aqui, estão só esperando eu mandar as fotos.
M.C.: Já sofreu algum tipo de preconceito?
M.B.: O mercado de moda ainda é muito limitado para negras. Há pessoas que aceitam e outras que não aceitam . Para mim, isso é normal, não posso obrigar todo mundo a gostar de mim. Sempre vou sorrir para a pessoa que diz que sou feia, porque sei que ao virar as costas, outras 10 millhões vão dizer que sou linda, que adoram a cor da minha pele. Então, eu não ligo. Continuo meu trabalho e agradeço que o aprecia.
M.C.: Como recebeu o convite para desfilar no show da Victoria´s Secret?
M.B.: Na verdade, não foi um convite. Eu participei do casting pela primeira vez e passei. Não foi difícil porque eles procuram modelos com personalidade, carisma, alegres. Isso faz parte de mim,
M.C.: Este ano, um site de notícias norte-americano confundiu você com a modelo Naomi Campbell. Gostou da comparação?
M.B.: Não vou dizer que fiquei feliz, somos pessoas diferentes. E ela, como ícone, deveria ser reconhecida em todos os lugares. Quando dizem que somos parecidas, aí eu gosto. Neste caso não foi legal, principalmente para ela.
M.C.: Tem algum lugar do Brasil que quer muito conhecer?
M.B.: O Rio de Janeiro, mas dessa vez não vai dar. Mas só de estar na SPFW, já me faz muito feliz. Faz dois anos que brigo para desfilar aqui. Desta vez até chorei. Ainda bem que consegui!