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Música em Trancoso 2014: Josy Santos é a nova promessa da música clássica brasileira

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A MEZZOSOPRANO JOSY SANTOS É UM DOS DESTAQUES DO MÚSICA EM TRANCOSO DESTE ANO (Foto: Divulgação)

Quem gosta de música clássica precisa anotar este nome: Josy Santos. A baiana de 25 anos, criada na cidade litorânea paulista de Caraguatatuba, promete ser um dos destaques na área no Brasil. No Música em Trancoso, que está em sua terceira edição no balneário baiano, ela já é.

Josy recebe elogios por onde passa. Durante uma das aulas com jovens estudantes de música da qual participou, ela os deixou encantados e ainda mais desejosos de seguir a carreira musical. “Já tem fã, Josy? Se não tinha, acabou de ganhar um”, brincou um dos meninos ao ouvir a apresentação de uma música de Villa Lobos feita à capela pela cantora na sala de aula.

A cantora, que atualmente faz mestrado na Escola Superior de Música e Teatro de Frankfurt, na Alemanha, pretende trazer tudo o que aprender para o Brasil. Em um bate papo com Marie Claire, a jovem revelação conta sua trajetória e um de seus grandes desejos para o futuro: ser reconhecida em seu país.

Marie Claire - A música te escolheu ou você escolheu a música?
Josy Santos –
Na verdade, foi a música que me escolheu. Ninguém na minha família estudou música, mas sempre foi algo natural para mim. Eu brincava de cantar e tive a graça de ter esse dom.

Marie Claire - Como foi sua trajetória na música?
JS –
Sai da Bahia com cinco anos. Minha infância foi toda em Caraguatatuba, mas eu nunca deixei a Bahia sair de mim. Não deixo! (risos). Comecei como uma brincadeira com meu irmão mais velho. Aos 12 anos, brincava no coro da igreja e um professor viu e me chamou para ir ao projeto Guri. Depois fui para o coro da cidade e decidi fazer faculdade de Música. Foi aí que encontrei minha madrinha, Maria Luisa França, que me direcionou para São Paulo e onde encontrei minha professora de canto. Depois da faculdade, quis fazer um curso fora do país e, em 2012, consegui a bolsa no Mozarteum.

Marie Claire - Por que você sonhava em estudar fora?
JS -
Queria experimentar a música fora do país porque aqui é uma bolha. A gente tem a ideia de pedir desculpa e, quando fui para fora, descobri que não precisava pedir desculpar para cantar. O que eu tinha era mais do que eles tinham. A gente aprende na marra e eles não sabem o que é isso. O brasileiro tem uma das melhores vozes do mundo e a gente não tem consciência disso. Falta só a estrutura musical porque talento a gente tem.

Marie Claire - O que mudou na sua vida quando você foi descoberta e ganhou a bolsa da Mozarteum em 2012?
JS –
Ficou mais palpável o fato de eu acreditar que possa ter uma carreira. A minha formação musical, que não foi acadêmica, mas eu fui construindo. Depois de 2012 e de ter ido para a Alemanha, foi como se eu ouvisse dizer: “sim, você pode construir uma carreira”.
 

JOSY SANTOS DURANTE APRESENTAÇÃO NO MÚSICA EM TRANCOSO (Foto: Divulgação)

Marie Claire – Tem algum lugar onde você sonha em cantar?
JS –
Não tem um em especial não. Só tem todos os do mundo! (risos). Eu quero cantar, seja onde for.

Marie Claire – Como você não deixa a Bahia sair de você?
JS -
Através da comida, da forma de eu me vestir, colorida sempre, e do meu cabelo. Minha professora fala que eu sou como o sol, que a Alemanha está fria e escura e eu apareço, sob um frio de 5 graus, com roupas fortes e vivas. Como todo bom baiano, né?

Marie Claire – Ser chamada de promessa e destaque do Música em Trancoso te assusta?
JS –
Não esperava essa visibilidade. É um campo que não conheço, mas não me assusta. Me toca no sentido de estarem gostando, mas vou continuar fazendo o que sempre fiz.

Marie Claire – Mulher, brasileira, negra e em uma área de música tão fechada. Já pensou em desistir por causa das dificuldades?
JN –
Nunca pensei em desistir. As dificuldades só me ajudaram porque tenho um exemplo dentro de casa: minha mãe. Ela enfrentou a seca com quatro filhos. Se ela conseguiu passar por coisas piores, por que eu não vou? Todas as minhas características seu sempre procuro ter comigo. Isso me faz ser a Josevane. O fato de ser a minoria em todos os sentidos só me dá força para continuar.

Marie Claire - Qual é o seu maior desafio?
JN -
Ai, deixa eu pensar...  O maior desafio é ser reconhecida no meu país.

JOSY DURANTE A MASTER CLASS COM JOVENS ESTUDANTES DE MÚSICA (Foto: Divulgação)

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