O jornal britânico The Times publicou no último domingo (9) uma manchete preocupante: "A epidemia silenciosa que está atingindo nossas melhores estudantes". A reportagem aponta que, de acordo com psicólogos, as garotas mais brilhantes, membros de famílias de classe média, integram o grupo que mais cresce em relação aos atendimentos de saúde mental. O problema seria resultado da luta constante para lidar com a pressão para conseguirem ser perfeitas e ter as melhores notas de suas instituições de ensino.
O fundo de caridade B-EAT endossa a denúncia e afirma que muitas escolas particulares negam o problema para não prejudicar sua reputação. Centros de excelência acadêmica, ao que parece, também são terreno fértil para transtornos alimentares, como bulimia e anorexia.
A colunista do portal The Daily Beast, Emma Wolf, publicou um texto na última segunda-feira (10) em que conta que entre 11 e 18 anos, ela e suas duas irmãs estudaram em uma boa escola particular em Londres. Embora não tenha desenvolvido anorexia até um ano depois de ter saído da escola - ela sofreu com o problema um ano depois, aos 19 anos, causado pelo término de um namoro - Emma diz que hoje tem noção de que poderia ter feito parte do grupo de jovens que sofriam com o problema: "Eu tinha as características do estereótipo anoréxico: perfeccionista, insegura, impulsiva. A matérias mais recentes relatam que os indivíduos desenvolvem transtornos alimentares para uma série de razões complexas, mas as centenas de mulheres e homens que conheci com anorexia também estão de acordo com este perfil, de acadêmicos altamente competitivos", escreveu.
Por que a compulsão para se sobressair e que impulsiona esses estudantes privilegiados a seguirem para Oxford, Cambridge, Harvard e Yale , entre outras universidades de renome, também os torna profundamente vulneráveis a distúrbios alimentares? Para Emma Wolf, faz sentido que meninas inteligentes fiquem mais propensas a sofrer com aneroxia. "Elas não se esforçam para se destacar apenas em Inglês, Matemática, Literatura e Ciência, mas também na ginástica e na perda de peso. Eles se esforçam para serem bonitas, populares, disciplinadas e magras".
De acordo com o The Daily Beast, no ano passado foi registrado um aumento de oito por cento no número de internações hospitalares no Reino Unido para transtornos alimentares, a maioria menores de 15 anos. Apesar destes números crescentes, muitas das principais escolas do país parecem incapazes ou sem vontade de enfrentar os problemas que acontecem dentro do seus ambientes.
Emma Wolf escreveu ainda que ficou surpresa com a repercussão de uma palestra que deu para 200 estudantes, pais e professores, em uma escola de Londres. Nos dias seguintes da apresentação, que tratou principalmente da relação de Ema com o seu peso e os problemas que a questão causaram em sua saúde, recebeu uma enxurrada de e-mails de pessoas que não se sentiram à vontade para falar publicamente sobre o assunto na escola: "Uma garota de 14 anos escreveu que sofre com um transtorno alimentar há 3 e que minha palestra realmente levado uma mensagem positiva para todos. Ela me agradeceu por falar abertamente sofre anorexia e revelou que entre seu grupo de amigas, todas tinham sérias preocupações com relação à balança e ao tipo de imagem que passavam umas para as outras. Ela finalizou com um"todos nós nos sentimos muito mal quando comemos"".