Após suar a camisa na academia ou depois de um dia cheio no trabalho, o corpo clama por um banho relaxante e uma noite tranquila no sofá. Mas, como lidar com um convite irresistível para a balada? Para driblar a preguiça, uma prática comum é apelar para os energéticos. Misturados ou não a bebidas alcoólicas, eles estão entre as bebidas mais pedidas na noite.
De acordo com dados da ABIR (Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcóolicas), o volume de vendas no Brasil tem crescido 25% ao ano. O problema é que a energia extra tem seu preço. “Energéticos possuem substâncias estimulantes, como a cafeína, que eleva a frequência cardíaca e a pressão”, afirma o cardiologista Leandro Echenique, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A quantidade presente em uma embalagem equivale a seis xícaras de café tomadas de uma vez só. Apesar de dar pique por algumas horas, passado o efeito, a bebida gera uma sensação de cansaço ainda maior.
Outro ingrediente estimulante é a taurina, que pode causar dor de cabeça, insônia e alteração da frequência cardíaca, sobretudo em quem já tem alguma predisposição. “A dupla pode desencadear, em alguns casos, arritmias graves”, afirma Leandro Echenique. Assim, se você tem qualquer alteração cardíaca, deve passar longe, pois as substâncias “irritam” o músculo do coração (o miocárdio). “É um tipo de doping. A taquicardia pode levar o paciente assustado ao hospital”, diz o clínico geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
A falta de sono também não é inofensiva. “Prepare-se para ter menos foco no dia seguinte. E, se repetir o hábito mais vezes na semana, no longo prazo pode desenvolver doenças sérias, como hipertensão”, explica Lichtenstein. Sem falar do ganho de peso: o valor energético de uma dose pode chegar a 130 calorias, em média.
Misturar a bebida com álcool piora a situação. “O energético estimula e o álcool também. Depois de um tempo, o efeito é contrário. É como se você pisasse no acelerador e no freio: um ‘cavalo de pau’ no sistema nervoso”, diz o médico. A cafeína ainda gera uma falsa sensação de não estar bêbado. Por se sentir alerta, o usuário tende a beber mais e até a se arriscar em atividades perigosas, como dirigir. As chances de o coração disparar também aumentam. “Quem tem uma doença silenciosa corre riscos sem saber”, diz Echenique. Vale consumir uma lata sem alcóol de vez em quando, e ficar atenta a sinais como palidez, aceleração do coração e aumento da pressão.