É difícil não afirmar que o destino seja parcialmente responsável pelo sucesso de Riccardo Scamarcio. É que, talvez, sem os olhos azuis, os fartos cabelos encaracolados e o charme carcamano, o título de galã demoraria mais para estampar o currículo do ator italiano, de 34 anos. O fato é que a beleza unida ao talento fizeram o nome de Scamarcio tornar-se um dos mais populares no cinema da Itália e outros países da Europa. Sua filmografia inclui quase 20 longas, além de séries de TVs, novelas e uma participação no filme “Para Roma com Amor”, do consagrado diretor norte-americano Woody Allen.
Para a nossa sorte, Riccardo Scamarcio está no Brasil. O ator desembarcou esta semana em São Paulo para participar da divulgação de “Una piccola impresa meridionale”, uma comédia, sucesso de bilheteria na Itália, e que integra a grade da 9ª edição do Festival de Cinema Italiano, que acontece entre hoje (28) e 5 de dezembro. No longa, Scamarcio interpreta Arturo, um homem traído e abandonado pela mulher e que usa sua paixão pela música para fugir do problema. Bem diferente do personagem tímido, o ator recebeu a reportagem de Marie Claire na piscina do hotel em que está hospedado. Muito divertido, entre uma piada e outra ele falou sobre o novo trabalho, relacionamento e assédio feminino: “Gosto quando pedem para tirar foto. O problema é quando elas pedem outras coisas”!
Marie Claire: Você está no Brasil para a divulgar “Una Piccola Impresa Meridionale”, filme que faz parte da grade do Festival de Cinema Italiano, realizado aqui no Brasil. Entre tantos trabalhos que você já fez, o que este longa tem de tão especial?
Riccardo Scarmacio: O filme conta a história de um grupo de pessoas que, acabam tendo como destino, sem querer, a reestruturação de um farol desativado. É uma metáfora, pois, a medida que pintam e arrumam o farol, melhoram também suas próprias vidas. É uma comédia, mas acho que o que faz deste filme tão importante é a mensagem positiva, de que é possível começar de novo.
M.C.: No filme, você interpreta Arturo, um homem traído e abandonado pela mulher. Buscou inspiração em alguma experiência pessoal?
R.S.: Claro que não! Jamais fui abandonado por uma mulher! (gargalhadas) É brincadeira! Sou muito diferente do personagem que interpreto, Arturo é um pianista e usa a música, que é a sua paixão, para se esconder do problema. Eu sou do tipo passional, muito ciumento, jamais reagiria como ele.
M.C.: Você é um dos atores mais populares da Itália, querido pelas adolescentes, considerado um sex symbol pelas mulheres adultas. Tem medo desses rótulos atrapalharem seu trabalho?
R.S.: Nenhum, porque nem penso nisso. Se acham que sou um símbolo sexual, fico feliz. Mas não tenho medo de ficar rotulado, porque o trabalho do ator é buscar a si mesmo, sempre. Quando o público imprime esse estereotipo, não dá para considerar que é o suficiente para uma carreira. Eu rejeito esse tipo de simplificação. Minha missão é o contrário, é aprofundar.
M.C.: Se incomoda com o assédio feminino?
R.S.: Não, eu gosto! Gosto quando me pedem para tirar foto. O problema é quando elas pedem outras coias! (risos) Acho que o grande problema de ser uma pessoa famosa é que o público pensa que te conhece, cria uma imagem. Esperam que você seja de um jeito, sempre disponível, sempre bem arrumado. Hoje estou bem, amanhã posso estar de mau humor, como acontece com todo mundo. Isso é muito difícil, não é real, e faz o relacionamento com as pessoas ficarem mais difíceis.
M.C.: Os italianos estão sempre bonitos, arrumados, talvez sejam os que mais cuidam da aparência. Você é assim?
R.S.: No, eu só gosto muito de me vestir bem, mas isso é mais da cultura do italiano, apreciar a moda e usar boas peças de roupa. Eu não abro mão dos meus sapatos ingleses, da minha calça de alfaiataria. Mas não cuido da pele, do cabelo, não me importo com vaidade.
M.C.: Você namora a atriz Valeria Golino desde 2006. Ela é 13 anos mais velha. Qual é a parte mais legal de ter um relacionamento com uma mulher mais madura?
R.S.: Os números da certidão de nascimento não fazem diferença nenhuma. Há sim uma diferença grande de idade, mas sou um curioso com ela. Na intimidade, no cotidiano, eu me divirto muito com Valeria e esse é o motivo pelo qual namoramos até hoje. Somos como duas crianças, festejando, celebrando a vida. Temos uma afinidade especial. O limite, os medos, estão em nossas cabeças. Temos mania de complicar o que é simples.
M.C.: É inevitável perguntar a sua opinião sobre as mulheres brasileiras...
R.S.: Adoro as brasileiras, são todas gostosas. São lindas, calorosas, simpáticas, românticas. Talvez um pouco possessivas. Mas é um pouco da natureza da mulher, cuidar de seu parceiro, fazê-lo ver sempre adiante, olhar além. A mulher é mais complexa nesse sentido, o homem é mais simples, mais acomodado. Acho importante esse equilíbrio, mesmo em um casal homossexual.