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“Acho estranho falarem que sou bonito apenas porque apareci na TV”, diz Sérgio Guizé, de "Saramandaia"

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DESPOJADO, O ATOR CONVERSOU COM EXCLUSIVIDADE COM MARIE CLAIRE E REVELOU SEU MAIOR SONHO: UMA CASA COM TERRA E SEU CACHORRO (Foto: Henrique Padilha)

Ter uma banda de rock. Checked. Aparecer na TV. Checked também. Então, qual é o próximo sonho que Sérgio Guizé quer conquistar? “Só desejo um dia poder chegar na minha casa com quintal de terra para cuidar do meu cachorro e das minhas plantas”, confidencia o ator de 33 anos, que conquistou o público – em especial o feminino. Ele interpreta João Gibão, o homem alado de “Saramandaia”, vivido na primeira versão por Juca de Oliveira. “O Juca, grande pessoa e artista, me deu o melhor conselho para interpretar o Gibão: faça com verdade”.

A lição foi aprendida e Guizé mergulhou totalmente no personagem, como afirma fazer quando atua. “Só me livro deles depois com terapia”, brinca. Em uma tarde fria de São Paulo, ele conversou com Marie Claire em um bar perto da Avenida Paulista. Chegou vestindo calça jeans justa, jaqueta de couro e óculos escuros wayfarer. No mesmo local costuma se apresentar com sua banda de punk rock, a Tio Che.

NAS ASAS DE GIBÃO
Viver o homem alado de “Saramandaia” trouxe reconhecimento ao ator. “Sinceramente, eu não tenho vocação para celebridade”, diz Guizé, um tanto envergonhado com a fama - e o assédio feminino – após o incício da macrossérie. Recusa, portanto, o estereótipo de galã: “Símbolo sexual? Nossa, nunca pensei nisso. Não sou não. Acho estranho falarem que eu sou bonito apenas porque apareci na televisão”, afirma.

A cena em que o personagem revela suas asas para a namorada Marcina, vivida por Chandelly Braz, foi uma das principais preocupações dos atores. “No dia estava frio e chovendo. Não sou ator que fica tirando a camisa em cena (risos), então, para mim, foi bem difícil. Não foi de primeira,  tive que voltar. Mas, com a ajuda dessa grande parceira, fico feliz em saber que o resultado foi bom”.

Enquanto as asas dão liberdade ao personagem, para o ator, essa sensação vem ao ficar sozinho. “Acho que ficar sozinho, com dinheiro no bolso para fazer o que quiser, é uma sensação de liberdade. Aí eu posso tocar, vou ao bar que quero, comer onde quero...”, diz. Ele conta que, certa vez, pegou um táxi para o interior junto com seu cachorro, e lá ficou por uma semana.

DA ESQUERDA PARA A DIREITA: GIBÃO, DE "SARAMANDAIA", LORRAINE, DE "TAPAS E BEIJOS" E BRENO, DA SÉRIE "SESSÃO DE TERAPIA" (Foto: Divulgação/TV Globo)

A SALVAÇÃO PELAS ARTES
O caminho para o cenário artístico era improvável. Nascido em Santo André, cidade da grande São Paulo, Guizé é filho de um motorista de ônibus e de uma ex-manicure. Sempre tímido, entrou para o teatro como saída para se soltar mais em público.“Tentei ter uma vida tradicional. Se bobear, gostaria de hoje ser gerente do McDonald´s, mas sempre fui mandado embora dos meus trabalhos. Foi só no palco que dei certo”. Fanático por futebol – e pelo Corinthians – ele até tentou ser jogador. “Eu ia para as peneiras tentar entrar nos times de base, mas nunca passei. Quando meu pai viu minha primeira peça, falou: ‘vai, filho, continua assim e para de me fazer passar vergonha jogando bola’” (risos). A esperança da realização no futebol vem dos 12 filhos que ele brinca que quer ter. “Imagina todos jogando no Corinthians? Ia ser a alegria do papai!”.

Por mais que tenha sido descoberto pelo grande público apenas recentemente, a carreira de Sérgio Guizé já tem mais de 15 anos. Entre peças e pequenos personagens na TV, incluindo Lorraine, a primeira namorada do personagem Tijolo na série “Tapas e Beijos”  (poucos sabem que foi ele o intérprete tamanha a transformação física). Guizé também ganhou destaque em “Sessão de Terapia”, série dirigida por Selton Mello no canal por assinatura GNT. O convite para viver Gibão veio logo após o segundo episódio do personagem Breno, um atirador de elite que matou uma criança em sua última ação em uma favela e não sente culpa alguma pelo que fez. “Não sei se o Breno foi mais difícil que o Gibão. Mas era muito pesado vivê-lo. Nunca vi ninguém morto. Fiquei mal,  não saia de casa. Foi um mês sem fazer nada, sem falar com ninguém”, afirma.

SÉRGIO GUIZÉ RECUSA RÓTULOS: "SÍMBOLO SEXUAL? NUNCA PENSEI NISSO" (Foto: Henrique Padilha)

NOVOS PROJETOS
Prestes a passar uma temporada em Lisboa, por contas das filmagens de um longa ao lado da atriz Marjorie Estiano, Guizé diz estar bem empolgado. “Desde que li o roteiro quis fazer esse personagem. A gente fala a mesma língua, ele leu as mesmas coisas que eu”. Na banda Tio Che, que já existe há 13 anos, Guizé é guitarrista e autor de várias canções. Eles lançaram recentemente o clipe da música “Etílico” e, em breve, devem finalizar um novo disco. “Com as minhas letras, quero passar a mesma coisa que passo com o Gibão: o que eu acredito e não acredito”.


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