
Os foliões já estão contando as horas para participar do primeiro dia de desfile do Bloco Ilú Obá De Min, no centro de São Paulo, que acontece nesta sexta-feira, 21. Este ano o bloco vai homenagear a dançarina, compositora e cantora de ciranda brasileira, a pernambucana Lia de Itamaracá.
O Ilú Obá De Min – Educação, Cultura e Arte Negra é uma ONG de mesmo nome, que tem como base o trabalho com as culturas de matriz africana, afro-brasileira e a mulher. E desde novembro de 2004, durante a finalização de uma oficina de toques dos orixás masculinos e femininos, ministrada pelas percussionistas Beth Beli, Adriana Aragão e Girlei Miranda, surgiu a ideia de se formar um bloco de carnaval de rua.
Atualmente, o Ilú Obá De Min cujo nome significa "mãos femininas que tocam tambor para o rei Xangô" conta com 430 participantes que são selecionadas por meio de inscrições no site do bloco que se são abertas no início do segundo semestre. “Há três anos fazemos uma ação afirmativa dentro do bloco, que destina as vagas, primeiramente, para as mulheres negras, com possibilidade de entrada de outras mulheres”, conta a produtora do bloco, Baby Amorim para a Marie Claire.
O objetivo do grupo é realizar atividades que tenham como foco o empoderamento da mulher por meio da arte e de enfrentamento do racismo, discriminação, homofobia e sexismo, além de divulgar a cultura negra no Brasil. Um outro propósito, segundo a produtora, é manter viva a história. “É o fortalecimento das mulheres, principalmente das mulheres negras. Além da difusão, celebração e manutenção das culturas africanas e afro-brasileiras”, disse.
O desfile do bloco são verdadeiras intervenções culturais e exaltam a cultura afro, a popular e a participação feminina na sociedade. Além do mais as ruas abrem espaço para os mais diversos ritmos da cultura negra e do candomblé como como maracatu, afoxé, jongo, batuque, boi, ciranda, entre outros compassos da cultura popular.
Durante a existência do Ilú Obá de Min, grandes mulheres desse universo já foram homenageadas. Os destaques ficam para a Rainha Nzinga que representa resistência à ocupação do território africano pelos portugueses; a compositora e cantora Leci Brandão, que também é a madrinha do bloco; Raquel Trindade, filha do poeta negro Solano Trindade; Nega Duda, sambadeira do recôncavo Baiano; Carolina Maria de Jesus, escritora negra que teve seu livro “Quarto de Despejo” traduzido em mais de 30 línguas e a cantora Elza Soares. “Celebramos as histórias que não constam nos livros escolares, a ancestralidade, a mitologia yorubá, os ícones femininos que através do tempo transformaram a história”, ressalta Baby.
Além do bloco, Ilú Obá de Min é uma ONG e em sua sede são ministradas palestras e cursos de percussão, danças africanas e brasileiras, prática vocal e defesa pessoal para mulheres a preços acessíveis. Ela fica localizada no bairro do Bom Retiro, no centro de São Paulo e é coordenado por sua fundadora Beth Beli, tem direção musical de Beth e Mazé Cintra e conta com o apoio organizacional de 20 coordenadoras.
Reconhecimento
Além de ter a figura feminina como foco, o projeto também se tornou referência étnico-cultural e educativa e em 2008 recebeu o “Prêmio Culturas Populares Mestre Humberto Maracanã” e em 2013 repetiu a dose com o “Prêmio Governador do Estado para Cultura”.
O Ilú Obá De Min também já se apresentou no Carnaval de rua das cidades do Rio de Janeiro, Rio Bonito (RJ), Santos (SP), Itapecerica da Serra (SP), e também em diversas unidades do Sesc SP, no Theatro Municipal de São Paulo e Auditório Ibirapuera.
Já marcou presença no Festival Coala, em São Paulo, Wow – Festival Mulheres no Mundo, no Rio de Janeiro e no Festival da Lua Cheia em Altinópolis, na região metropolitana de Ribeirão Preto.
Ele também traz no currículo apresentações na Colômbia e na Bolívia.
Dificuldades
Colocar o bloco na rua não é tarefa simples. O Ilú Obá De Min precisa do apoio de empresas e muitas vezes recorre a outros tipos de subterfúgios para levar cultura para as ruas de São Paulo, conforme revelou a produtora do bloco, Baby Amorim. “Sempre precisamos fazer diversas ações para que o bloco estivesse na rua na sexta-feira de Carnaval. Fora a expectativa de termos o nosso desfile aprovado pela organização do Carnaval pois, o desfile na sexta-feira, não se encontra dentro do calendário tido como oficial”.
Apesar desses obstáculos, ela confessou que este ano conseguiu dois fortes patrocínios que aliviaram os esforços para a realização do desfile do bloco.
SERVIÇO:
1º dia de desfile:
Quando? 21/02, às 19h
Onde? Praça da República
2º dia de desfile:
Quando? 23/02, às 15h
Onde? Alameda Barão de Piracicaba esquina com a alameda Nothmann



