Sucesso em campanhas e desfiles de marcas luxuosas como Dior, Chanel e Christian Lacroix há 20 anos, Ana Beatriz Barros é da mesma geração de Gisele Bündchen. Ao lado de outra top, Adriana Lima, foi a primeira brasileira a entrar para o olimpo da Victoria’s Secret – grife de lingerie que costuma reunir as modelos mais sexies do mundo. “Lembro que posamos em um barco aqui em Los Cabos, em 1999. O fotógrafo derrubou o equipamento no mar e tivemos que recomeçar do zero”, conta Ana, que esteve na passarela da marca por mais nove anos.
Dona de uma beleza sofisticada e de curvas impecáveis – tem 1,81 m e 59 kg –, a mineira nascida em Itabira detém contratos mundiais com grifes como a italiana Intimissimi, a portuguesa Sacoor Brother e a francesa Azzaro – com esta última, as cifras girariam na casa dos US$ 6 milhões. “Mas nem sempre foi assim. Quando comecei, alguns bookers me rejeitaram por causa da minha ‘baby fat’ [gíria para “bochechuda”]. Claro, eu tinha só 14 anos! Depois meu rosto afinou.”
Hoje, o cenário é completamente distinto. Em entrevista à Marie Claire, ela conta que a beleza lhe trouxe muitas coisas boas, mas não impediu algumas ruins. Confira a seguir os principais trechos da conversa. A íntegra está na edição de setembro da revista, que já está nas bancas.
FAMÍLIA CIGANA
“Vim de uma família de classe média. Meu pai é engenheiro e minha mãe, secretária. Como papai sempre era transferido de posto, moramos em Itabira, cidade mineira onde nasci, depois Belo Horizonte, Araxá, Rio de Janeiro e vários outros lugares. Éramos ciganos: quando eu e minhas irmãs [a atriz Patrícia Barros, 35, e a dermatologista Maria Luiza Barros, 32] começávamos a fazer amigos, já era hora de mudar. Não foi fácil para minha mãe largar tudo para me acompanhar em Nova York, quando me tornei modelo. Fui emancipada aos 15 anos a pedido da agência que me contratou e com 17 já ia ao Baile do Metropolitan Museum de braço dado com o Valentino. Fez toda a diferença tê-la ao meu lado para que não me deslumbrasse com o brilho da moda. Lembro que estávamos com um grupo de new faces em Milão e todas iriam a uma boate, mesmo com trabalho agendado para a manhã seguinte. Minha mãe me proibiu, então comecei a bater o pé. Na frente das outras modelos, ela pegou o chinelo e ameaçou: ‘Não me obrigue a te dar uma surra!’. Hoje estou grandinha e já não dou tanto trabalho... [risos]”
BELEZA X INVEJA
“Sei que mexo com a imaginação alheia nos ensaios sensuais. Mas é pura atuação. Nas fotos invento uma personagem, não sou eu. Entre quatro paredes, sei usar minhas armas de sedução. Não teria sentido trancar minhas fantasias em um armário nessa hora. Beleza traz coisas boas, mas tem as ruins. Algumas mulheres ficam me olhando feio quando os maridos estão perto. E tem a inveja. No início de minha carreira no exterior, os professores mandavam apostilas como resumo das lições e eu só voltava para a escola, no Rio, nas provas. Então um grupo de alunos se reuniu para questionar a diretora: ‘como ela não aparece nas aulas e mesmo assim é aprovada?’ Tive que mudar de colégio. Por isso 80% das minhas amigas são modelos. É mais fácil criar laços com quem passou pelas mesmas coisas e te entende.”
JENNIFER LOPEZ
“Adoro quando coisas improváveis acontecem. Em 2005, surgiu um boato de que a Jennifer Lopez queria que eu fosse a garota-propaganda de sua grife de roupas. Até que J.Lo em pessoa me ligou para fazer o convite, querendo negociar o cachê. Expliquei que tinha uma agência para cuidar disso, mas ela insistiu e ainda pediu desconto. Claro que dei, quem consegue dizer ‘não’ para aquela mulher maravilhosa? No dia das fotos, ela foi ao estúdio e ficou me orientando nas poses. Deu umas dicas de como ficar mais ‘bunduda’ para vender bem as roupas dela...”