Olhando para a câmera, Reshma Bano Quereshi esfolia os lábios com uma escova de dentes. Ela escolhe um delineador e depois aplica um batom cor pêssego da MAC nos lábios. "Parece perfeito, né?", ela diz enquanto sorri.
Por trás da maquiagem sua expressão é triste. "Você encontrará um batom vermelho facilmente no mercado, assim como ácido concentrado", afirma. "Esta é a razão pela qual todos os dias uma garota se tornar vítima de ataque de ácido".
Reshma sabe bem o que é isso. Desfigurada e cega de um olho depois de ser atacada em 2014 pelo cunhado e amigos, a indiana passou o último ano em campanha para alertar sobre o aumento de crimes do tipo.
O tutorial estrelado por Reshma foi criado pela jovem de 22 anos Ria Sharma como parte de uma série de três vídeos que serão divulgados neste mês para a campanha Make Love Not Scars, faça amor, não cicatrizes, em português. O objetivo é proibir a venda de ácidos de limpeza em supermercados do país.
Sharma iniciou, segundo a Marie Claire britânica, uma petição endereçada ao primeiro ministro Narendra Modi para mostrar que, embora seja considerado crime, atacar mulheres com ácido é muito frequente. Um caso por dia, em média é registrado na Índia.
"Quando as pessoas olham para uma vítima de ácido, não conseguem lidar com a desfiguração. Elas a acham assustadores, repulsivas e imediatamente se distanciam", falou Sharma sobre o dia a dia de Reshma. "Ela não quer que as pessoas sintam pena, mas quer que se identifiquem. Queremos que as pessoas olhem para Reshma e digam: ' ela pode ser legal também. Ela é como a mim'".