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Com doença crônica, blogueira plus size posta foto de lingerie para expor crueldade de seguidores

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“A gordofobia ainda está muito presente na nossa sociedade", diz Courtney Mina (Foto: Reprodução Instagram)

Courtney Mina é blogueira plus size e sempre teve “pernas grandes”. “Não estou falando apenas de coxas grossas, mas especificamente de pernas e tornozelos grandes”, escreveu em depoimento ao site Bustle. Vítima de uma doença crônica, a norte-americana aprendeu a aceitar seu próprio corpo e, diante do movimento de autoaceitação que começa a ganhar as redes, embarcou em uma pequena experiência virtual e percebeu o quão crueis as pessoas são com quem apresenta sobrepeso, mesmo que este seja resultado de um disgnóstico clínico irreversível.

Apesar de estar em constante contato com mulheres plus size, Courtney sempre soube que suas proporções eram atipicamente grandes. E por mais que tentasse, não conseguia se livrar delas. “Durante o ensino médio, desenvolvi transtorno alimentar (algo bem comum entre meninas gordas que são ensinadas a sentir vergonha e a odiarem seus corpos)”, revelou. Em poucos meses, ela abandonou o manequim 48/50 e passou a vestir 42/44. “Mas só perdi barriga, costas, peito e até medidas do rosto. Minhas pernas permaneceram do mesmo tamanho. Então, depois de anos sentindo vergonha de mim mesma, decidi aceitar que fui feita para ser assim.”

Foi só recentemente que ela descobriu a verdadeira razão de suas medidas. Courtney foi diagnosticada com lipedema, uma doença crônica que geralmente afeta os membros, fazendo com que pernas - e às vezes, braços - acumulem padrões distintos de tecido adiposo. “É uma doença hereditária que afeta principalmente as mulheres e, geralmente, é desencadeada na adolescência”, explica. “O tecido adiposo que se acumula não é algo que pode ser perdido com dieta ou exercício físico. Então, se você tem isso, está preso a ele - a menos que se faça uma cirurgia, o que só reduz o tecido, mas não o elimina por completo.”

Inconformada com a ideia de que as grandes proporções são sempre escondidas sob roupas ou muitas camadas, ela deu início ao experimento nas redes sociais. Curiosa para saber como as pessoas reagiriam a uma foto de uma mulher plus size mostrando suas pernas, ela compartilhou no Instagram (assim como no Tumblr e Facebook), uma foto em que aparece vestindo lingerie e também abriu o jogo sobre a lipedema. A publicação, claro, causou uma enorme agitação virtual, que a blogueira categorizou em cinco:

1. Os trolls normais
“As pessoas plus size convivem com eles em todos os lugares. São normalmente pessoas que publicam insultos (‘você é gorda’, ‘você é nojenta’, ‘você é uma baleia’, etc) e o propósito é ser o mais desagradável possível. Eu recebi alguns desses cometários na minha foto, mas esses caras são bem fáceis de ignorar.”

2. Os trolls preocupados
“Esses são ainda mais comuns, e eu tive uma tonelada deles comentando em minha imagem. Eles deixam comentários do tipo: ‘Você é bonita, mas é tão pouco saudável. Você deveria fazer dieta, se exercitar’ ou ‘Eu admiro a sua confiança, mas isso não é saudável’. Talvez eles tenham ‘boas intenções’, mas, em última análise, usam ‘preocupação’ para disfarçar seu próprio julgamento e estigmas em relação à gordura. No entanto, acho que existe esperança para essas pessoas. Elas vão chegar lá.”

Courtney Mina sofre de doença crônica que acumula gordura nas pernas (Foto: Reprodução Instagram)

3. Os ignorantes óbvios
“Esses caras só me fazem rir. Alguns deixaram comentários sobre a lipedema, achando que eles sabem mais do que a ciência e os especialistas. Eles disseram: ‘Isso afeta suas pernas, mas não o resto do seu corpo’. Obrigada, donos da obviedade. Outros ainda tiveram a audácia de dizer: ‘Você ainda pode perder a gordura das pernas’, como se soubessem mais sobre o meu corpo do que eu mesma. Sim, discuta com a ciência, meu querido: você soa ainda mais brilhante agora.”

4. A polícia plus size
“Ainda tiveram algumas mulheres plus size dizendo que ‘eu não tinha nenhum distúrbio’ e que usei isso ‘como desculpa para ser gorda e apaziguar os inimigos’. Uma ainda acrescentou que eu estava ‘prejudicando o movimento de autoaceitação do corpo real’ ao ‘relacionar o meu corpo a um diagnóstico médico’. O propósito da minha foto foi mostrar as minhas pernas grandes, naturais e para falar sobre uma condição legítima e real. O peso de todo mundo se resume a uma combinação de genética, dieta e estilo de vida - inclusive a minha.”

5. Os apoiadores gloriosos
“Toda rosa tem seus espinhos e, embora eu tenho recebido um monte de cometário espinhoso em resposta a minha foto, recebi também centenas de grandes e lindas rosas. Muitas pessoas (de todos os gêneros e tamanhos diferentes) deixaram comentários maravilhosos de apoio. Alguns me disseram que eu era linda do jeito que estava, enquanto outros queriam me apoiar pelo que fiz. Houve também quem felizmente compartilhasse seus casos ou suspeitas de lipedema e que ficaram muitos felizes de encontrar alguém com quem poderiam se comunicar.”

Conclusões
Depois de muita reflexão, Courtney percebeu algumas coisas. “Os trolls sempre vão existir. A gordofobia ainda está muito presente na nossa sociedade, por meio de pessoas que fazem uso de uma certa “preocupação saudável” para nos envergonhar. E apesar de a ideia de autoaceitação e beleza real estar mais forte agora, ainda existe muita gente que vai tentar te derrubar nos momentos que se sentem ameaçados ou inseguros”, concluiu. “As pessoas têm muito ainda a evoluir. Eles têm muito conhecimento para por em dia, quando se trata de relacionar saúde com tamanho. Sua saúde só diz respeito a você e você tem todo o direito de amar seu corpo, se sentir bonita e expressar sua confiança livremente. Quando se trata de positividade corporal, todos nós estamos segurando essa tocha; temos apenas que continuar correndo com ela e nunca parar. Nós vamos vencer esta disputa.”


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