Uma bem sucedida cirurgiã resolveu desabafar em seu blog pessoal em um texto que vem viralizando nas redes sociais. Nikki Stamp afirma que, apesar de a maioria dos estudantes de medicina na Austrália, onde vive, serem mulheres, muitos pacientes ainda a abordam achando que é uma enfermeira.
“Nós sabemos que a questão de gênero tem um importante papel no ensino da medicina”, escreveu. Cardiologista, ela diz que embora tenha tido orientadores -todos homens- “excelentes”, como residente sempre se questionava se a carreira era para alguém como ela.
“Eu estava muito ciente do fato de que, de alguma maneira, eu teria que trilhar meu próprio caminho e isso não é um problema”, escreveu a médica, que afirma que, para algumas profissões, ainda é difícil para uma mulher ter um modelo com quem possa se identificar.
Mesmo após formada e de realizar inúmeras cirurgias, Nikki cita alguns exemplos de como uma mulher ainda é vista no seu ambiente de trabalho. "Enquanto esparava para falar com o paciente, que estava ao telefone, ele fala: 'Espera um pouco, a enfermeira está aqui pra me ver (mesmo depois de já ter visitado ele durante uma semana e ter feito a cirurgia)".
Em outra ocasião, ela relata a opinião de um colega médico: "As mulheres têm que trabalhar mais para compensar a desigualdade de salários porque elas precisam de tempo livre para cuidar dos filhos".
Nikki resolveu se tornar, ela mesma, um modelo para estudantes de cardiologia e inspirar mulheres de outras profissões predominantemente masculinas criando a hashtag #ILookLikeASurgeon (Eu pareço com uma cirurgiã). A expressão é derivada da campanha #ThisIsWhatWeLookLike, criada para mudar a percepção de gênero em diferentes carreiras.
A médica australiana, que disse ter tido dificuldade de encontrar orientadoras na sua especialização, também se tornou ela própria uma orientadora para muitas estudantes de medicina na Universidade de Western, segundo o Daily Mail Austrália.
LUVAS FEMININAS
Em seu blog, Nikki também menciona o fato de que a maior parte das luvas cirúrgicas não consideram o formato das mãos femininas e as mulheres precisam fazer adaptações. Um fabricante do produto a escreveu, dizendo que estava ciente do problema e que iria tomar providências.
A campanha #ILookLikeaSurgeon se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais da Austrália. Para a médica, se ela encorajar ao menos uma estudante a se tornar cirurgiã apenas seguindo seu exemplo, “já será maravilhoso”.