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Conheça o vilarejo exclusivo para mulheres onde homens não são permitidos

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Rebecca Lolosoli fundou a comunidade depois de sofrer violência sexual no Quênia (Foto: Reprodução/YouTube)

No norte do Quênia, na África, há um vilarejo onde quase 50 mulheres e 200 crianças vivem sem a presença de qualquer homem desde 1990, quando foi fundada pela africana Rebecca Lolosoli. Umoja é um pequeno refúgio para mulheres que fogem de casamentos infantis forçados, mutilação genital feminina e agressão sexual em um país de cultura profundamente patriarcal.

"Sinto-me envergonhada e não poderia falar com outras pessoas sobre isso. Fizeram coisas terríveis comigo", disse a Jane ao jornal "The Guardian" sobre o dia em que foi atacada por três homens enquanto cuidava das ovelhas do marido e levava lenha nos braços. Ela é uma das mulheres que atualmente vivem na aldeia idealizada pela conterrânea.

Lolosoli teve a ideia de criar a comunidade enquanto estava no hospital se recuperando das agressões de homens que a perseguiam por defender os direitos das mulheres. Segundo o jornal "The Guardian", ela já havia sofrido abuso sexual de soldados britânicos - o governo da rainha Elizabeth nega as 600 acusações estupro registradas na época.

Seus esforços, 25 anos depois, resultaram em um vilarejo autossustentável, onde todas trabalham em um negócio próprio pelo bem comum.

As mulheres e meninas empreendedoras têm renda mensal suficiente para dar alimentação, roupas e abrigo a todos. Elas gerenciam um parque de 1 km de extensão que oferece tour pelo safári local, mostra as reservas naturais da região e apresenta o estilo de vida de Umoja. As mulheres cobram uma taxa modesta de entrada e vendem jóias feitas pelas próprias moradoras.

Os homens têm permissão para visitar, mas não podem permanecer no local, mesmo se forem casados com as mulheres que moram em Umoja. Um colaborador ajuda com os animais e outro "aparece todas as noites", pois elas também têm suas necessidades afetivas.

Curiosamente, em uma aldeia exclusiva para mulheres há muitas crianças. Como isso acontece? Uma moradora, que não teve o nome identificado explicou. "Nós ainda gostamos de homens. Eles não são permitidos aqui, mas queremos bebês, e as mulheres têm de ter filhos, mesmo se forem solteira".

Em uma cultura em que as vítimas de estupro são vistas como contaminadas e os homens compram meninas para se casar, a comunidade oferece às mulheres uma maneira de retomar algum controle de suas vidas e de se recuperar de abuso. "Eu não quero nunca deixar esta comunidade de apoio às mulheres", contou uma moradora Mary, de 34 anos.


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