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Meditação Orgástica vira febre em Nova York e promete melhorar vida sexual das mulheres

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Meditação Orgástica vira moda em Nova York e já soma mais de 11.000 adeptos  (Foto: Thinkstock - meramente ilustrativa)

O clima é semelhante ao de uma aula de ioga, mas a prática passa longe dos exercícios de alongamento e respiração. Batizada de Meditação Orgástica, a nova moda de Nova York, que começa a se popularizar também na Europa, oferece relaxamento através da masturbação em uma sala repleta de mulheres e homens que nunca se viram.

A norte-americana Nicole Daedone, responsável por disseminar a MO, foi apresentada à prática por um rapaz que conheceu em uma festa.

“Quando vi, estava deitada com as pernas abertas e ele fez aquilo que deveríamos esperar de um ato sexual. Apontou uma luz lá para baixo e descreveu tudo o que viu”, contou em uma palestra para o TEDxSF Talk. “Ele disse: ‘Seus grandes lábios são coral, e estou percebendo que o seu interior tem uma cor mais avermelhada. Eles estão inchando conforme olho’. Não ouvi nada mais, porque as lágrimas logo começaram a escorrer.”



Imersa nessa nova sensação, Nicole decidiu criar uma prática baseada na experiência, que já soma, segundo ela, mais de 11 mil adeptos no mundo todo.

Trata-se de algo sexual, mas com efeitos secundários, que os praticantes definem como espiritual. “É sobre consciência plena, autoconhecimento e bem-estar”, garantiu Justine Dawson, que levou a MO para o Reino Unido, em entrevista à Marie Claire britânica. O espaço original, OneTaste, fica no centro de Manhattan.

Segundo ela, a tal meditação ajuda ainda as mulheres a se libertarem de qualquer sentimento de vergonha ou constrangimento relacionado ao corpo e ao prazer sexual.
“Se você está acostumada a recorrer ao sexo ou masturbação para desestressar, então deveria ser capaz de reconhecer o poder que o orgasmo tem de relaxar e revigorar quem o alcança”, explica ela. “Mas a nossa sociedade não nos ensina a turbinar esse potencial. Praticando a MO, você pode cultivar a energia do orgasmo e canalizá-la para o dia a dia com muita positividade.”

ENTÃO, COMO MEDITAÇÃO ORGÁSTICA É FEITA?
A mulher se acomoda em uma espécie de “ninho”, montado com tapete de ioga, cobertores e travesseiros. Em seguida, ela é apresentada ao seu par. Enquanto o homem permanece vestido e recebe a tarefa de “compartilhar energia” com a parceira até que ela alcance o orgasmo, a mulher se despe das roupas da cintura para baixo e se deita com as pernas abertas.

“Fui incentivada a fazer um pedido ao meu parceiro, algo como ‘mais rápido’, ‘mais lento’, ‘mais forte’, ‘para a direita’. Mas não tinha ideia do que dizer. Pedi um ajuste que era bom e deixei escapar um pequeno gemido superficial"
 

Orientado por um instrutor e munido de uma luva de látex lubrificada, o parceiro, ajoelhado ao lado dela, começa pela etapa da descrição das partes íntimas da mulher. Neste momento, é fundamental usar expressões neutras, que não designem valor. Em seguida, uma vez que ela lhe dá permissão, ele penetra o polegar na entrada da vagina e começa a massagear o clitóris.

A massagem deve durar 15 minutos – nem mais, nem menos. Este é o tempo considerado ideal para uma experiência completa. “Se durasse mais tempo, ela seria esmagadora e exigiria muita concentração ou simplesmente seria difícil de adequar a uma programação”, diz Justine.

"Comecei a me sentir enjoada sobre deixar um estranho me tocar de maneira tão íntima, especialmente depois de agradecê-lo. Chorei quando cheguei em casa”
 

Nesta hora, o foco está voltado à respiração profunda, sintonizando as sensações físicas e esvaziando a mente. É o clímax da aula, que nem sempre é atingido logo na primeira vez.
“Fui incentivada a fazer um pedido ao meu parceiro, algo como ‘mais rápido’, ‘mais lento’, ‘mais forte’, ‘para a direita’. Mas não tinha ideia do que dizer. Pedi um ajuste que era bom e deixei escapar um pequeno gemido superficial”, contou uma aluna em depoimento à Marie Claire norte-americana. “Eu estava excitada, mas não estava alcançando exatamente o ápice. A coisa toda acabou antes que eu percebesse.”

Segundo Nicole, os instrutores estudam meditação budista, mas se focam na solidão e na busca pela reflexão a fim de ajudar os alunos a se relacionarem melhor com o próximo e com o mundo exterior.

“A ênfase no compartilhamento íntimo e emocional se provou reveladora. Ele une as pessoas e gera uma espécie de eletricidade. Antes de começar com a MO, eu tinha que me esforçar bastante para transformar pensamentos em ações ou tomar decisões. Agora, me sinto nutrida e concentrada”, diz ela. “A Meditação Orgástica mostra também como a sexualidade feminina pode ser uma fonte de poder. Em vez de escondê-las, deveríamos deixá-la nos guiar.”

No fim da sessão, todos os alunos se reúnem para compartilhar suas impressões da experiência.

“Percebi rapidamente que era ingênuo da minha parte considerar este exercício do ponto de vista clínico. É uma pessoa me tocando, não um ginecologista. Tive dificuldade de separar tal intimidade física da intensidade emocional. Comecei a me sentir enjoada sobre deixar um estranho me tocar de maneira tão íntima, especialmente depois de agradecê-lo. Chorei quando cheguei em casa”, confessou a escritora Alix Fox à Marie Claire UK.

“Mas algumas coisas que a MO ensina são valiosas, como a desmistificação da ideia de que o prazer é inútil sem clímax. Além disso, tem o fato de eles encorajarem as mulheres a assumirem o controle e não sentirem vergonha de seu corpo e desejo. Talvez com a prática, os benefícios se tornariam mais evidentes.”

Já a aluna nova-iorquina, após algumas aulas, prefere não se assumir convertida à prática, mas confessa não ser mais tão cética como era no início. “Algumas semanas após minhas aulas, tive uma transa tão intensa que deixei arranhões nas costas do meu parceiro. Resíduos do nirvana? Vou ficar com isso. Namaste.”

 


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